
O jornalista Mario Sabino, que acompanho desde os tempos de Veja, e agora no site O Antagonista e na revista eletr�nica Cruso� - talvez por influ�ncia dele mesmo eu seja como descrevi acima -, em artigo triste, por�m brilhante, ou em artigo brilhante, por�m triste, como queiram, citou dois autores hist�ricos brasileiros, Paulo Mendes Campos e L�cio Cardoso, e trechos de livros seus, respectivamente, O Anjo B�bado (1969) e Di�rio Completo (1949), em que, tamb�m respectivamente, diziam: “... Esse monstro � o Brasil. Falta-lhe alarmantemente o m�nimo de uniformidade social…”, e “O Brasil � um prodigioso produto do caos. J� nos acostumamos com isso. N�o d�i mais”.
ele � excepcional como escritor, e eu, med�ocre, apesar de conseguir me comunicar com meus leitores. Ele � triste nas palavras, e eu, raivoso. Sinceramente, n�o sei qual dos dois sentimentos causam mais estragos ao f�gado e ao cora��o, qui�� ao c�rtex pr�-frontal, mas tenho certeza de que Sabino, como este abestado aqui, sofre bastante a cada ponto e v�rgula digitados, pensados e sofridos neste triste e gigante peda�o de terra.
Sabino escrevia sobre sua desilus�o e desesperan�a com o Pa�s. Ao final, disse o seguinte: “N�o verei pa�s nenhum, apenas esse zumbi vagando pelo cemit�rio abandonado de princ�pio e ideias”. Eu e meu �dolo das letras temos duas diferen�as gritantes: Ao ler o artigo citado me deparei com a ira, ou tristeza, v� saber, comuns a Campos e a Cardoso, cinquenta, sessenta anos atr�s, e, provavelmente, antes deles, de outros, bem como, provavelmente tamb�m, cinquenta, sessenta anos � frente, de mais alguns que olhar�o para tr�s e ver�o Sabino e eu, e sentir�o o mesmo peso sobre os ombros cansados que sinto agora, e pensei: “N�o v� que ent�o eu me rasgo, engasgo, engulo, reflito e estendo a m�o? E assim nossa vida � um rio secando, as pedras cortando, e eu vou perguntando: at� quando? S�o tantas coisinhas mi�das, roendo, comendo, arrasando aos poucos com o nosso ideal. S�o frases perdidas, num mundo de gritos e gestos, num jogo de culpa que faz tanto mal”. Pois �: at� quando, Brasil? Um abra�o, Gonzaguinha querido.