
Ontem passei um dia maravilhoso no, digamos, interior de Minas, ao lado de uma fam�lia n�o menos maravilhosa. Gente verdadeiramente do bem, acolhedora e capaz de transformar as horas em segundos. Para melhorar, um p� de jabuticaba do tamanho e quantidade de um Mineir�o lotado de atleticanos.
Ao voltar para Belzonte, ainda tocado pela satisfa��o da experi�ncia, me deparei com o tr�nsito interrompido � Av. Raja Gabaglia. J� era noite e chovia muito, mas, ainda assim, um grupo de manifestantes insistia em se manter alheio � vida real, focado exclusivamente em seu mundo ego�sta e egoc�ntrico, esquecendo-se, inclusive, do feriado.
Peguei-me pensando no que perderam aquelas pessoas, que deixaram de curtir o dia de folga ao lado dos amigos, da fam�lia, lendo livros ou assistindo � alguma s�rie, enfim, dedicando o tempo vago ao lazer, ao desfrute e n�o somente ao exerc�cio do �dio. Sim. Ningu�m ali est� fazendo outra coisa, sen�o odiar.
Eles odeiam Lula, odeiam nordestinos, odeiam “comunistas” (termo que abrange tudo que n�o idolatre o extremismo bolsonarista), odeiam, talvez, a pr�pria exist�ncia. Por que raios passar um feriado sob frio e chuva, para clamar golpe de Estado? N�o seria muito melhor namorar, brincar com os filhos, beber com os amigos… comer jabuticaba em Itabirito?
Hoje pela manh�, participei do programa Conversa de Reda��o, da R�dio Itatiaia de Belo Horizonte, e debatemos temas sens�veis e atuais, como racismo, preconceito e pobreza. Poxa, tanta coisa complexa e verdadeiramente ruim acontecendo, e muitos de n�s, privilegiados que somos, imunes a tudo isso, deixando de agradecer, para agredir?
Ao final do programa, j� em minha segunda atividade profissional do dia, que � cuidar dos meus neg�cios, entre uma tarefa e outra, recebo com extrema surpresa e pesar, a not�cia da morte repentina da ex-atleta da sele��o feminina de v�lei, Isabel Salgado. Aos 62 anos de idade, a �cone do esporte brasileiro e mundial foi acometida por uma bact�ria mortal.
H� dois dias, Isabel fora convidada a participar da equipe de transi��o do novo governo eleito. Estava bem, feliz, com a sa�de em dia. Em menos de 48 horas, o que parecia ser uma “vida privilegiada”, chegou ao fim de forma brutal. N�o houve m�dico (dos melhores), hospital (dos maiores) e medicamentos (dos mais eficazes) capazes de evitar o pior.

Por que interromper uma festa, brigando por pol�tica e pol�ticos? Por que romper rela��es afetivas em nome de cren�as e desejos unilaterais? Por que deixar para amanh� a troca de afeto, ou a reconcilia��o, de hoje? Por que infernizar a vida de moradores, estudantes e trabalhadores do Gutierrez e regi�o, se “uma bact�ria” nos levar� para o mesmo lugar?
Saiam da�, meus caros! H� uma vida para ser vivida. Meus sentimentos aos amigos e familiares de Isabel Salgado, a nossa grande e eterna Isabel, do v�lei. Que sua passagem possa servir de alerta para tanta gente, hoje, necessitada de luz (n�o a de cunho espiritual, mas a de cunho terreno mesmo, no sentido de sabedoria). Para mim, j� serviu.