
Uma parcela gigantesca da sociedade brasileira foi capturada e, sim, deixou-se capturar pela tese f�cil da amea�a comunista, seja l� o que diabos isso represente na cabe�a das pessoas, e uma pauta de costumes hip�crita, mais falsa que nota de 3 reais.
Adultos com comportamentos duvidosos e para l� de question�veis nos campos �tico e moral, pessoas com vidas sexualmente incompat�veis com a chamada moralidade e bons costumes familiares, sonegadores de impostos e corruptos, posando de honestos.
Sedizentes crist�os, pregando e praticando viol�ncia e intoler�ncia com o pr�ximo, e separatistas fazendo juras de amor � p�tria (ser� que n�o t�m a m�nima no��o de territ�rio, popula��o, unidade, l�ngua, moeda e governo?); uma verdadeira Torre de Babel.
A pregui�a por estudo, ou o completo desinteresse pelo olhar sobre o muro da torpeza, tornou praticamente imposs�vel o conv�vio amistoso e, eu diria, prazeroso, ou produtivo, entre amigos queridos e mesmo familiares, divididos entre realidade e fantasia.
O grau de disson�ncia cognitiva da parcela dos brasileiros que citei acima atingiu os p�ncaros do Himalaia �s v�speras do segundo turno das elei��es e, infelizmente, ainda que muito arrefecido, n�o baixou a n�veis normais ou minimamente aceit�veis.
A terceira idade branca, de classe m�dia, amontoada �s portas dos quart�is, em ora��es ao Deus Ex�rcito, ou os tioz�es e tiazonas do zap, permanecem de prontid�o, � espera do Messias que os abandonou faz tempo. E junto dele, outros deuses de barro.
Nesta quarta-feira (9/11) foi o dia de as For�as Armadas, ou de �nfima parcela destas, j� que o grosso da caserna jamais embarcou, desembarcar da canoa furada do golpe e declarar, ainda que “pero no mucho”, a inexist�ncia de fraude eleitoral.
Desdizendo o que havia quase dito, o doutor recha�ou a tese de “interven��o militar constitucional”, algo t�o cr�vel quanto dieta � base de picanha, torresmo e cerveja para a limpeza das art�rias. Nem o �dolo das vivandeiras se mant�m na realidade paralela dos incautos.
Em sua talvez maior obra, Sonho de uma Noite de Ver�o, Shakespeare retrata os desencontros amorosos de quatro jovens, entremeando-os a deuses (Tit�nia e Oberon), trazendo - olha ela a�!! - uma realidade paralela ao mundo dos pobres mortais.
Bolsonaro n�o chega � cut�cula do dedo mindinho do p� direito de Shakespeare, � claro, mas seus s�ditos fan�ticos, ou dissonantes, protagonizam, sim, uma com�dia bufa, com requintes de estupidez ilimitada, mostrando que nem sempre “a arte imita a vida”, mas o contr�rio, ainda que H�rmia, Lisandro, Dem�trio e Helena assumam, no caso tupiniquim, a forma de uma gente feia, trajando a camisa da CBF.