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Estado de Minas RICARDO KERTZMAN

Pretos, pobres, nordestinos, gays: o �dio nunca esteve t�o forte e pr�ximo

O que era claro, para mim, hoje tornou-se tamb�m assustador e, por que n�o dizer?, desesperador


09/11/2022 11:00 - atualizado 09/11/2022 11:37

Caminhada de Lula em Salvador, na Bahia, um dos estados nordestinos que deram a vitória ao PT
Caminhada de Lula em Salvador, na Bahia, um dos estados nordestinos que deram a vit�ria ao PT (foto: Ricardo Stuckert)

Ap�s o v�deo que gravei semana passada, logo depois de uma discuss�o com um vizinho xen�fobo, que viralizou por todo o Pa�s, sendo assistido at� o momento por mais de 1 milh�o de pessoas, comecei a receber uma enxurrada de mensagens com relatos os mais diversos de casos de racismo, xenofobia, homofobia, transfobia e aporofobia (preconceito contra os pobres).


Quando crian�a, senti na pele em Bras�lia, onde nasci e vivi at� os 10 anos de idade, o antissemitismo ainda resistente no Pa�s. Lembro-me de epis�dios, n�o t�o espor�dicos, em que era chamado de “judeu” por outras crian�as, obviamente por terem ouvido de seus pais, que minha descend�ncia representava algo malIgno como, por exemplo, a morte de Jesus Cristo ou, sei l�, canibalismo infantil, rituais com sangue humano e outras barbaridades t�picas da �poca. Isso foi l� no final dos anos 1960 e in�cio dos anos 1970.

J� h� algum tempo, principalmente depois da massifica��o das igrejas pentecostais, o juda�smo se tornou “cult”. Ap�s anos de apoio da esquerda mundial aos grupos terroristas isl�micos, que pregam a destrui��o do estado judeu e o exterm�nio de seu povo, as chamadas direitas - muitas delas, na verdade, grupos reacion�rios e extremistas - adotaram Israel como aliado, ou porta-voz indevido de suas bandeiras fundamentalistas. Infelizmente, ali�s, muitos judeus aceitaram o papel de “amigos” de nazifascistoides.

Assim, h� muitos anos, mas h� muitos anos mesmo, eu n�o percebia mais o antissemitismo ao meu redor, exceto um caso aqui e outro ali, geralmente distantes de mim. Paralelamente, contudo, para minha igual tristeza, j� que n�o distingo o �dio aos judeus de outros tipos de �dio, pois todos s�o inaceit�veis a meu sentir, vi crescer a intoler�ncia contra homossexuais e pobres, e, mais recentemente, de forma espantosamente r�pida e agressiva, contra a popula��o do norte e do nordeste do Brasil, sobretudo ap�s domingo, dia 30 de outubro.

Ouso afirmar, sem medo de estar errado, que h� mais de 50 anos, no m�nimo, o Pa�s n�o assistia a tantos casos de viol�ncia expl�cita por quest�es an�logas ao racismo. Para piorar, grande parte vem ocorrendo em estratos sociais at� ent�o, digamos, blindados, como entre crian�as e adolescentes. Mais espantoso e assustador ainda � constatar que, mesmo entre judeus, esses casos v�m ocorrendo com relativa frequ�ncia. Eu mesmo tenho amigos - ou tinha, o que � melhor neste caso - que n�o se envergonham de atacar os nordestinos.

Felizmente, por outro lado, a maioria absoluta - e absoluta significa absoluta! - dos judeus, n�o apenas n�o tolera como combate qualquer forma de preconceito �tnico, religioso, pol�tico e/ou de g�nero, vide notas oficiais de entidades judaicas e representantes de escolas e federa��es de judeus por todo o Pa�s.

Nessa hora t�o triste e dram�tica, o “lugar de fala” resulta em import�ncia ainda maior, por isso, pessoalmente, pois n�o falo nem represento nada nem ningu�m al�m de mim mesmo, venho expressando preocupa��o e solidariedade, bem como apoio incondicional a quem sofre tamanha barb�rie, infelizmente, ainda impune no Brasil.


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