
Impressionante e assustadoramente, contudo, para muita gente a realidade factual cedeu espa�o para outra, paralela, em que os campos de vis�o e compreens�o se apequenaram de tal forma que j� n�o existe mais lugar para a l�gica e a raz�o. A disson�ncia cognitiva � tamanha que neg�cios, fam�lia, amigos, futebol, enfim, nada mais tem valor e tudo perdeu o sentido diante da amea�a do “monstro comunista”.
Falo isso porque sinto na pele tal momento de surrealismo fant�stico, em que um amigo e advogado (dos melhores) deixa-se capturar pela histeria coletiva e permite-se gritar, fora de si, "For�as Armadas, salvem o Brasil”, indo de encontro a tudo que pensa, acredita e pratica em seu dia a dia profissional. Ora, como um operador do direito, guiado pelas leis e pela Constitui��o, clama pela ruptura daquilo que defende?
Um importante parceiro comercial, eu diria uma esp�cie de “patr�o”, executivo de primeira classe, respeitado no Brasil e no mundo, estreitou de tal sorte seu campo de vis�o que hoje imagina ser uma pe�a fundamental na manuten��o da liberdade no Pa�s, ainda que estimule a destitui��o antecipada do presidente eleito Lula da Silva. Por �bvio, nem este parceiro � fundamental, nem a liberdade est� amea�ada.
Tentar mostrar para os tioz�es e tiazonas do zap, nas ruas e na internet, nos escrit�rios e nos almo�os de fam�lia, nos botecos e nos restaurantes estrelados, que o Brasil n�o vai acabar, que o comunismo n�o existe h� d�cadas (se � que de fato j� existiu) e que Lula n�o ir� transformar o Pa�s na Venezuela, nem muito menos Alexandre de Moraes se tornar� ditador da na��o, neste momento de hipnose coletiva � in�til e disfuncional.
O melhor a fazer, portanto, � encher o esp�rito de paci�ncia e esvaziar o saco de pregui�a, porque logo vir� a Copa do Mundo, depois, as festas de fim de ano, a posse no novo governo e, principalmente, o carnaval, momento em que nem o mais bolsominion dos bolsominions abdica de escapar da realidade e viver a fantasia, ainda que, neste caso, seja justamente o contr�rio, hehe.