
A festa que fizeram os argentinos, ontem, em Buenos Aires, foi simplesmente comovente. Como comoventes s�o os v�deos dos jogadores no vesti�rio ap�s o t�tulo, e os torcedores, em prantos, no est�dio e pelas ruas do Catar. Na boa, nem consigo lamentar n�o ser a Sele��o Brasileira a campe�.
A Argentina vive uma intermin�vel crise pol�tica, social e econ�mica. H� d�cadas caminham em c�rculos, em torno do fogo, no fundo abismo - sim, j� ca�ram faz tempo. Ardendo no m�rmore do inferno da corrup��o, da incompet�ncia e do populismo de esquerda, o pa�s empobrece a cada novo governo.
Por isso, essa Copa tem tanto significado para os argentinos. A autoestima dessa gente anda no fundo do subsolo do po�o do quinto dos infernos, coitados. Certamente passar�o um fim de ano muito, mas muito menos sofrido - qui��, feliz - pelo t�tulo t�o esperado e muito mais do que merecido. Sobretudo para Messi.
Os grandes astros planet�rios do futebol, com exce��o de Cristiano Ronaldo, t�m uma Copa do Mundo para chamar de sua. Ronaldo, Ronaldinho, Maradona, Pel�, Zidane… S� faltava Lionel Messi. E ela chegou como deveria chegar, com requintes de dramaticidade, emo��o at� o fim e a reden��o her�ica dos p�naltis.
O futebol est� longe de ser um esporte justo. Ao contr�rio. Sorte e azar, compet�ncia e incompet�ncia, ju�zes e cartolas, equil�brio e desequil�brio emocional, enfim, s�o tantos os fatores que interferem na vit�ria merecida, ou na derrota certa, que n�o d� para enumerar. Talvez, por isso, seja t�o apaixonante e o maior esporte do mundo.

Particularmente, senti e sentirei falta da imagem de Messi, levantando a ta�a pela Sele��o Argentina, afinal, ali estava n�o o capit�o, mas uma esp�cie de garoto-propaganda do ditador �rabe. Que pena! Como pena foi a cena lament�vel do goleiro-her�i, transformando seu trof�u em s�mbolo f�lico de p�ssimo gosto.
Daqui a quatro anos, na Am�rica do Norte, Messi n�o estar� jogando. Cristiano Ronaldo, tamb�m n�o. Neymar, talvez. Mbapp�, seguramente. Se n�o surgir nenhum outro, ser� o grande astro de 2026. O Brasil estar� completando 24 anos de jejum, como completou em 1994, tamb�m nos EUA. Tomara que seja a nossa vez. A sexta. E que o Pa�s n�o esteja t�o mal assim.