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Estado de Minas Coluna

Governos devem buscar consensos m�nimos em tempos sombrios

Controlar os instintos maus e conciliar as diferen�as em benef�cio de prop�sitos comuns � a tarefa suprema dos grandes lideres e da grande pol�tica


20/07/2020 04:00 - atualizado 20/07/2020 07:19

No leste da Ásia, a pandemia do novo coronavírus foi tratada como uma questão sanitária, não política(foto: Aizar RALDES/AFP)
No leste da �sia, a pandemia do novo coronav�rus foi tratada como uma quest�o sanit�ria, n�o pol�tica (foto: Aizar RALDES/AFP)

J� citei aqui um antigo senador americano que dizia que todas as pessoas t�m direito � pr�pria opini�o, mas n�o o direito aos pr�prios fatos. Repito a cita��o porque nos �ltimos tempos muita gente faz quest�o de ter os pr�prios fatos. Isto torna dif�cil o di�logo e a compreens�o das coisas que acontecem.

Na aus�ncia de consenso, as grandes quest�es sociais n�o se resolvem e os governos n�o funcionam. O enfrentamento da pandemia � um bom exemplo da diferen�a que faz a capacidade de os governos alcan�arem consensos m�nimos diante dos grandes problemas.

No leste da �sia o v�rus chegou primeiro e de surpresa, quando nada ainda se conhecia dos seus sintomas, de sua evolu��o e dos tratamentos poss�veis. Em todos eles, come�ando pela China, mas em seguida tamb�m em pa�ses democr�ticos como a Coreia do Sul, o Jap�o, Cingapura e Taiwan, o surto foi tratado como uma quest�o sanit�ria, n�o pol�tica. 

Os governos conduziram a rea��o com base na evid�ncia cient�fica. Aplicaram medidas de isolamento e de distanciamento social, sem grande oposi��o dos interesses afetados e constru�ram com rapidez a infraestrutura de emerg�ncia necess�ria.

O resultado � que em todos eles, com a coopera��o da sociedade, a pandemia foi controlada com um n�mero m�nimo de mortes e as economias est�o em recupera��o.

Em alguns pa�ses da Europa e das Am�ricas, a hist�ria foi diferente. Na It�lia, nos Estados Unidos e tamb�m no Brasil, a primeira rea��o dos governos foi negar a gravidade da doen�a, politizando um problema exclusivamente sanit�rio.

Em seguida, foi alimentada uma resist�ncia pol�tica �s medidas de isolamento social, para poupar danos � economia e � popularidade dos governos. O v�rus se viu finalmente livre para propagar-se e para matar, depois de sua derrota na �sia.

Os n�meros da pandemia nesses dois grupos de pa�ses falam por si. At� agora na China, com mais de um bilh�o de habitantes, o total de infectados � de 86 mil e de mortes, 4.624, conforme dados das autoridades chinesas. Se algu�m quiser duvidar desses dados, pode olhar o que se passou com seus vizinhos.

No Jap�o, os infectados somaram 23 mil e as mortes 982; na Coreia do Sul, os infectados foram apenas 13 mil e as mortes 289. S�o pa�ses tamb�m populosos e com governos democr�ticos. A doen�a perdeu para a boa governan�a e a coopera��o da sociedade.

Enquanto isto, nos Estados Unidos, ap�s meses de seu in�cio, a pandemia continua devastadora. O total de infectados chega a 3,5 milh�es e de mortos 136 mil. Na semana passada, 75 mil novos casos eram registrados por dia, com a m�dia de 1 mil novos �bitos.

O Brasil, apesar de o governo federal negar continuadamente a gravidade do problema e de manter-se h� dois meses sem ministro da Sa�de, com o Minist�rio entregue a uma maioria de amadores, os casos j� ultrapassam os 2 milh�es e as mortes 75 mil, com 44 mil novos casos a cada dia. Com apenas 2,7% da popula��o do mundo, o Brasil j� acumula 14% dos casos da doen�a e 12% de todas as mortes registradas. O v�rus � o mesmo, diferentes s�o os governos.

� claro o que nos tornou diferentes, o Brasil e os Estados Unidos: a m� qualidade da governan�a p�blica. Governos s� conseguem cumprir sua fun��o de governar com a coopera��o da maioria da sociedade. Nenhum instrumento legal ou de for�a � capaz de substituir a concord�ncia dos cidad�os.

Os antigos regimes totalit�rios da R�ssia e do leste europeu tinham � sua disposi��o o m�ximo da for�a e do terror, mas fracassaram em todos os campos.

Todos os governos, al�m dos votos nas urnas, precisam de concord�ncias m�nimas na sociedade. O lugar em que essas concord�ncias podem existir n�o � no ar infeccionado das redes sociais. Consensos n�o se formam espontaneamente, pois os grupos humanos que constituem uma na��o podem ter vis�es e interesses diferentes.

Controlar os instintos maus e conciliar as diferen�as em benef�cio de prop�sitos comuns � a tarefa suprema dos grandes lideres e da grande pol�tica. Quando os teremos entre n�s?

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