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Estado de Minas O BRASIL VISTO DE MINAS

Governos contra a pol�tica e as extravag�ncias brasileiras recentes

Escolher um presidente cujo prop�sito � lutar contra o Judici�rio, os partidos e os pol�ticos, � na verdade ir em busca de um desgoverno, n�o de um governo


22/11/2021 04:00 - atualizado 22/11/2021 07:26

Congresso Nacional
No sistema brasileiro a separa��o de Poderes d� ao Congresso e aos partidos autonomia em rela��o ao presidente, que depende da coaliz�o para governar (foto: Pablo Valadares/C�mara dos Deputados - 15/7/21)


A pol�tica brasileira sempre teve suas extravag�ncias e nenhuma delas levou a um bom desfecho. Sempre que a ordem normal das coisas prevaleceu os resultados foram melhores. Para as pessoas da minha gera��o a primeira anormalidade ocorreu quando a UDN, partido das elites e dos bachar�is, cansada de perder elei��es, tomou emprestado um aventureiro de um partido desconhecido, para disputar a elei��o em seu nome. O personagem era J�nio Quadros e ganhou a elei��o com um discurso moralista e demag�gico.  Sem conseguir verdadeiramente governar, renunciou seis meses depois, precipitando o pa�s num abismo por 24 anos.

Na primeira elei��o presidencial da redemocratiza��o nova aventura, chamada Collor,  se ofereceu aos eleitores sem mem�ria, parodiando o discurso moralista de 1960 e prometendo combater os "maraj�s", entidade indefinida, feita na medida para satisfazer a todas as formas de ressentimento. O modelo foi semelhante. Uma novidade, vinda de um partido inventado para a ocasi�o, chegava para acabar com a pol�tica, mesmo que a pol�tica naquela hora fosse Ulysses Guimar�es, M�rio Covas, Aureliano Chaves, Brizola e at� o Lula. Ganhou a elei��o mas fez um governo ca�tico e tumultuado, que terminou com um impeachment e o pa�s desorganizado e em frangalhos.

Volto a estes epis�dios quase esquecidos para lembrar que a democracia est� sempre sujeita a essas extravag�ncias e que elas podem voltar a ocorrer. Os ju�zos pol�ticos nas democracias de massa s�o quase sempre fundados em emo��es de superf�cie e raramente na raz�o. Para conciliar a vontade popular com as exig�ncias de governar sociedades complexas e cada vez mais diversas e informadas – ou mal-informadas –  � necess�ria a media��o das institui��es pol�ticas, em especial o Parlamento e os partidos pol�ticos. N�o h� caminho alternativo.

Estamos vivendo hoje tempos semelhantes, com a pol�tica correndo fora dos trilhos. O atual presidente se elegeu fora dos partidos e com um discurso contra a pol�tica. Uma vez eleito, descobriu que em nosso sistema constitucional,  governos sem maioria pr�pria no Congresso podem pouca coisa a n�o ser falar de seus planos e reclamar da falta de poder.

Governar apenas com discurso n�o � suficiente.  Afinal as pessoas tem problemas reais e esperam que o governo os resolva. Em busca de salvar o governo ainda a tempo, o presidente buscou apoio onde era poss�vel. Acabou deixando seu partido e se associando aos pol�ticos do Centr�o, �ltimo ref�gio de todos os governos em crise, a quem tanto havia criticado nos discursos de campanha. Os temas da elei��o foram para o arquivo mas uma parte das pessoas sempre perdoa essas coisas.

At� a� temos uma hist�ria que n�o � propriamente original. O inusitado � que nosso presidente, pela primeira vez na hist�ria, n�o est� mais filiado a qualquer partido e anda � procura de uma legenda para disputar a reelei��o e, se vencer, continuar governando do mesmo modo, sem sustenta��o organizada no Congresso e sem nenhuma ambi��o de reformar a vida do pa�s. A ideia parece ser apenas estar no poder, mesmo que para nada.

Nosso sistema constitucional funciona dentro de certas regras, que s�o universais na democracia. Os Poderes s�o separados e independentes. O Legislativo funciona com base na vontade popular representada pelos partidos pol�ticos. Escolher um presidente cujo prop�sito � lutar contra o Judici�rio, os partidos e os pol�ticos,  � na verdade ir em busca de um desgoverno, n�o de um governo. Ou ent�o � sonhar para que o presidente consiga destruir ou dominar os outros Poderes. Neste caso, estaremos simplesmente escolhendo a ditadura pelo voto, como estamos vendo em muitas partes do mundo.

As previs�es da meteorologia pol�tica s�o inquietantes. Nestas elei��es podemos ter candidato contra a pol�tica no governo e at� na oposi��o. Que ningu�m se iluda:  votar contra a pol�tica � votar contra a vida democr�tica. Que cada um tenha isto claro na consci�ncia no primeiro domingo de outubro de 2022. O pre�o pode ser muito alto.


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