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Estado de Minas ELEI��ES 2022

A diferen�a entre vencer as elei��es e governar o Brasil

O que se v� at� agora na campanha n�o passa de culto a personalidades, vagas promessas e o convite ao antagonismo


03/01/2022 04:00 - atualizado 03/01/2022 08:28

Câmara dos Deputados: falta senso de propósito às instituições políticas
C�mara dos Deputados: institui��es do sistema democr�tico funcionam em esfera paralela, alheias � vida real das pessoas, suas necessidades e suas aspira��es (foto: HERIVELTO BATISTA/MCTIC)

No Brasil, o per�odo entre o fim do ano e o carnaval n�o � um bom tempo para pensar coisas s�rias ou desagrad�veis. A COVID-19, no entanto, continua mostrando que � mais forte do que a vontade dos homens e n�o respeita h�bitos, nem tradi��es. Confinados em casa e privados da alegre sociabilidade a que fomos sempre acostumados, s� resta nos entregarmos a sombrias medita��es. Desta vez o ano novo vai come�ar mesmo em janeiro, n�o mais na quarta-feira de cinzas.
 
� bom mesmo que o ano seja mais longo, pois nele podem ser decididas coisas muito importantes para o futuro deste pa�s t�o maltratado. H� muito o Brasil deixou de crescer e de se aproximar do padr�o de vida dos pa�ses mais ricos. Pelo contr�rio, nos deixamos ultrapassar por pa�ses que foram por muito tempo mais pobres do que n�s. Esse fracasso nem sempre � muito aparente porque uma minoria se enriqueceu muito e chegamos a ser um mercado atrativo para grifes de moda, autom�veis de super-luxo e at� para avi�es executivos. H� filas para compr�-los. Ao mesmo tempo, multid�es tamb�m formam filas desde a madrugada para comprar com desconto ossos com restos de alguma carne. � dif�cil imaginar que uma tal sociedade possa sobreviver em paz.
 
A partir de 2014 nossos problemas cresceram de dimens�o e assumiram uma forma dram�tica. Nossa renda por habitante come�ou a cair e, se tudo correr melhor daqui para a frente, em 2028 devemos recuperar a renda que hav�amos alcan�ado em 2013. N�s nos tornamos uns retardat�rios em rela��o ao mundo. Os �ltimos tr�s anos foram inteiramente perdidos, se pensarmos em crescimento da economia, em redu��o da pobreza e em aperfei�oamento institucional. Por sorte, no fim do ano teremos elei��es gerais. Ser� que as urnas produzir�o algum governo digno deste nome?
 
O sistema pol�tico brasileiro e as institui��es de modo geral est�o em crise profunda e deixaram de funcionar, ou seja, n�o constroem consensos nem facilitam a atua��o do governo. S� promovem conflitos e imobilidade, funcionando numa esfera paralela, alheias � vida real das pessoas, suas necessidades e suas aspira��es. Eu diria que a pol�tica e os poderes da Rep�blica vivem para si mesmos, sem nenhum senso de prop�sito ou finalidade. O pa�s e sua popula��o est�o abandonados.
 
H� muitos candidatos � Presid�ncia, mas at� agora nenhum projeto de governo. Por projeto de governo quero dizer uma imagem do futuro a ser buscado, as pol�ticas p�blicas que correspondem ao objetivo e os meios pol�ticos e institucionais a serem mobilizados para que as pol�ticas sejam aprovadas e efetivamente realizadas. O que se v� at� agora n�o passa de culto a personalidades, vagas promessas e o convite ao antagonismo. Neste ambiente, as urnas produzir�o um vencedor, mas n�o um governo.

Se governar fosse tarefa de um homem, precisar�amos de um gigante na Presid�ncia, para estar � altura de nossos problemas. N�o temos nenhum no horizonte, embora sete ou oito candidatos j� tenham se apresentado. Governar este pa�s tem que ser uma tarefa coletiva, um movimento que recolha dos escombros da pol�tica o que ainda temos de homens de bem que conciliem suas diferen�as em torno de um projeto de governo, n�o de poder e sem reelei��o.
 
O que est� em jogo n�o � apenas a melhoria do bem-estar dos brasileiros. � a pr�pria sorte das liberdades democr�ticas. Hoje no mundo os regimes autorit�rios t�m se mostrado mais eficazes em entregar prosperidade aos seus povos. Os chineses, por exemplo, segundo K. Mahbubani, um analista respeitado, apoiam o governo autorit�rio porque pensam que a qualidade da vida sobe quando o governo central � forte e ca� quando ele � fraco. Enquanto isso, nas democracias a falta de consensos e a prolifera��o dos conflitos paralisa os governos, dificulta a entrega de resultados e mant�m os problemas sem solu��o.

Nossas elei��es correm o risco de ocorrerem num ambiente de fantasia e de irresponsabilidade. A esperan�a que eu tenho � que ainda a tempo os brasileiros resolvam olhar para cima para ver o perigo que se aproxima.

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