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A mosca lil�s da espiritualidade

N�o � simples tomar um rumo espiritual. O cora��o aperta de saudades, a fam�lia acha estranho, os amigos evitam comentar


13/12/2020 04:00 - atualizado 11/12/2020 11:45



Se voc� vai viajar para um retiro espiritual, o que nunca pode faltar na mala? Errou quem apostou no repelente para as idas � natureza, sapatos confort�veis e o tapetinho de ioga, que tamb�m � essencial, mas que d� para pegar uma beirada com uma amiga.

Ali�s, � poss�vel improvisar todo o restante da bagagem, menos o principal: as fotos das pessoas queridas.

Rezar pelas pessoas pr�ximas � o que me move a atravessar o mundo. Da� a necessidade de levar os retratos, que ser�o colocados no altar sagrado e receber ora��es durante o per�odo do evento. Nada � mais importante, nem mesmo a escova de dentes.

Para evitar imprevistos, antecipei o servi�o. Escaneei as fotos de maneira a caber em uma ou duas folhas de papel of�cio. Guardei-as, com capricho, dentro de uma pasta de pl�stico para n�o amassar ou molhar.
 
O trabalho ficou �timo. Diria at� que excelente, se n�o fosse por um detalhe. Esqueci tudo para tr�s. Tudo mesmo. Nem as fotos 3x4 me salvaram, pois eu havia tirado todas elas da carteira para poder fazer a c�pia.

Tentei justificar a falha pela falta de experi�ncia em participar de eventos do tipo. Era o meu primeiro retiro internacional. No m�ximo, havia participado de encontros do grupo de jovens da igreja e de acampamentos solid�rios no col�gio.

S� entendi o sentido de ter uma vida espiritual h� cerca de dois anos, desde que comecei a gravar os epis�dios do canal do YouTube, Ch� Com Leveza. Entrevistei mestres e disc�pulos de diversas egr�goras.

Ao conhecer aquela que seria a minha tutora, dei o primeiro passo para me reinventar e entrar para a turma das buscadoras. Fui picada pela mosca lil�s do autoconhecimento. Passei a voar alto em busca de ajudar as pessoas e melhorar o mundo. N�o � simples tomar um rumo espiritual.

O cora��o aperta de saudades, a fam�lia acha estranho, os amigos evitam comentar. Nada disso importa. Voc� sabe que est� ali com o objetivo maior de interceder por seus amados e pelas pessoas que est�o doentes, solit�rias ou apavoradas em fun��o da pandemia.

Por falar nisso, cad� as fotos? Ap�s 10 horas de voo, baldea��es e alf�ndega, j� est�vamos no M�xico, ao lado das pir�mides maias. Havia chegado o momento de apresentar os pedidos de ora��o, listas de nomes e fotografias  que v�o receber a b�n��o das tutoras.

Quem n�o tivesse trazido os retratos, poderia desenhar seus entes queridos no papel. Passei aperto, mas foi um exerc�cio interessante representar meus filhos amorosamente. Fiz os bonecos com p�s palito, prim�rios. Mas os dois sa�ram com um sorris�o no rosto, j� crescidos, amigos entre si.

De um jeito ou de outro, a tarefa foi cumprida, mas continuava intrigada com a minha falta de mem�ria afetiva. Perguntei � mestra Ladamira sobre o significado desses esquecimentos. Ela olhou para mim daquele jeito bondoso, com sua paci�ncia infinita.

“N�o se preocupe, minha querida. Voc� acabou de se livrar de muitos dos carmas das pessoas presentes nas fotografias, deixando os problemas delas no passado.”

Fiquei surpresa diante desse entendimento elevado, que ultrapassa o nosso, t�o apegado aos pap�is e regras. Como leiga, imediatamente comecei a racionalizar.

Rindo por dentro, me imaginei fazendo c�pias do maior n�mero poss�vel de fotos de parentes, amigos e conhecidos. Ent�o, de caso pensado, deixarei todas para tr�s no pr�ximo retiro. Ser� que isso tamb�m vale?

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