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Flor em forma de gente

Custei a entender o ponto. Sou da gera��o criada com suco Tang, banho demorado, churrasco de domingo


21/02/2021 04:00 - atualizado 18/02/2021 11:19


Antes de colher uma flor, � preciso pedir a ela permiss�o. J� tinha ouvido falar disso? Pois eu n�o. Nunca desconfiei dessas delicadezas at� participar do retiro espiritual no M�xico, sobre o qual ando escrevendo aqui na coluna. Meses ap�s o evento, as lembran�as daqueles dias m�gicos est�o voltando. Decidiram brotar da alma, desta vez em tons de lil�s e aroma de lavanda.

Vou explicar melhor. Nosso grupo de mulheres havia acabado de chegar ao hotel. Antes por�m de atravessar o portal c�smico, acessando a energia das pir�mides, seria necess�rio cumprir com obriga��es bem terrenas. Fazer o check-in, ocupar o quarto, guardar as malas. Tudo certo. Faltava procurar o restaurante.

Segui o fluxo. Ainda estava meio zonza sob o efeito do jet-lag, resultado de 12 horas enclausurada no avi�o. O corpo reclamava cansa�o e at� o emocional do�a, com o cora��o encolhido das saudades de casa. Para minha salva��o, havia flores no meio do caminho.

Na entrada para o refeit�rio, esbarrei em um vaso de lavanda, quase id�ntico ao que eu havia deixado para tr�s, na varanda de casa. Simplesmente incr�vel. Dias antes da viagem, ganhei um arranjo igual, de presente do meu marido. N�o era coincid�ncia, era fato.

Na minha primeira experi�ncia sensorial no lugar, topei com o clone do meu vaso de flores. Sa� da primavera no Brasil e cheguei no outono do M�xico, frio e chuvoso. O clima era diametralmente oposto, hemisf�rios sul e norte. E as lavandas estavam l�, do mesm�ssimo jeito. Ser� que a bot�nica explica?

Agachei no ch�o para olhar bem de perto. N�o havia d�vidas. Eram as mesmas hastes longas, folhas de um verde p�lido e p�talas compridas, no formato de cone, na cor lil�s. Aroma inconfund�vel de lavanda. Precisei ‘ver’ com as m�os, feito crian�a.

No impulso, estiquei o bra�o em dire��o ao canteiro vertical. Estava decidida. Levaria uma unidade delas comigo. Seu perfume calmante me ajudaria a lidar com a falta dos meus meninos. No entanto, antes que eu pudesse quebrar o caule e arrancar a flor, surgiu outra flor, mas em forma de gente. "Faz isso n�o!", pediu a jovem de cabelos contempor�neos e olhar desafiador, rebelde.

Parei no ar, sem rea��o. A participante do evento tinha acabado de chamar a minha aten��o em tom amig�vel e descontra�do, mas firme. Pronto, falou: “Voc� n�o pode arrancar uma flor sem pedir permiss�o por que voc� est� matando a natureza”, disse. Custei a entender o ponto. Sou da gera��o criada com suco Tang, banho demorado, churrasco de domingo.

Diante daquela mulher em estado de choque, pega em flagrante, a jovem teve compaix�o. E come�ou a contar o caso de uma mulher que, certa vez, entrou num bosque. “O bosque era muito bonito, diferente de tudo o que ela j� tinha visto na vida.

Ela ficou t�o encantada que quis levar uma lembran�a daquele lugar. Catou o graveto de uma �rvore e foi embora. Assim que saiu do bosque e pisou na cidade, o graveto ficou murcho e quebrou. � isso o que acontece quando voc� n�o pede permiss�o para tirar um peda�o da natureza”.

Naquele instante, entendi que eu havia chegado a um retiro espiritual. Era um mundo diferente, onde n�o se comia carne vermelha, os cabelos eram lavados na cachoeira e havia uma conex�o profunda com a natureza.

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