N�o h� d�vida que a paternidade/maternidade � �rdua e, principalmente nos anos iniciais da vida de nossos filhos, precisamos, n�o raras vezes, atuar de modo severo, a fim de orientar os filhos na constru��o de suas pr�prias vidas. Assim, as reprimendas, os famosos “serm�es” e at� mesmo conversas mais duras s�o necess�rias rumo ao objetivo de deixarmos para este mundo pessoas melhores que as que estiveram em nossas gera��es.
Entretanto, com o amadurecimento de nossos filhos, devemos buscar construir uma rela��o menos vertical, propiciando que eles encontrem em n�s o apoio necess�rio em cada fase da vida. Para algumas destas fases podemos ser meros observadores ou ouvintes, j� para outras, desde que solicitados, podemos servir como conselheiros habilitados pelo lastro de nossa hist�ria existencial.
N�o h� d�vida que � dif�cil, mas devemos aprender a deixar um pouco de lado nossas convic��es, at� ent�o imut�veis, rumo � constru��o de um relacionamento amoroso com nossos filhos. Depois de uma certa idade os filhos necessitam muito mais de apoio e compreens�o do que de repreens�o; muito mais de uma boa conversa amig�vel do que horas de discurso que tenham por finalidade confirmar nossas convic��es pessoais em detrimento da de nossos filhos.
Nada mais valioso para nos auxiliar rumo � constru��o desta nova forma de nos relacionarmos com nossos filhos do que a ideia de amizade. Devemos tratar nossos filhos como tratamos a um amigo querido, em uma rela��o de igualdade e n�o de superioridade. Ao conversarmos com um amigo n�o partimos do pressuposto que ele tenha obriga��o de acatar nossos conselhos ou nossa vis�o de mundo, ao contr�rio, respeitamos suas posi��es e seus desejos, sem os julgar segundo par�metros que s�o apenas nossos.
Em qualquer forma de relacionamento o respeito pela individualidade do outro � essencial para que possamos pensar em uma rela��o saud�vel, capaz de fazer com que ambas as partes sejam tocadas e inspiradas pelas trocas. Assim, ap�s o crescimento de nossos filhos, n�s pais devemos abrir m�o de nossa autoridade e nos filiar ao recurso da amizade e do respeito incondicional pelos nossos filhos.
Com o advento da idade vamos apreendendo que precisamos tamb�m dos conselhos, dos cuidados e do carinho de nossos filhos. Ent�o, devemos abrir m�o do papel de pais educadores para nos tornarmos pais amigos, capazes de ouvir de modo atento e respeitar amorosamente a individualidade e as diferen�as havidas entre n�s e nossos filhos.
Com o tempo vamos aprendendo que a amizade com nossos filhos � infinitamente superior � paternidade/maternidade. Enquanto a paternidade/maternidade vem carregada de responsabilidades, principalmente no que se refere � educa��o de nossos filhos, quando eles crescem, caso a rela��o se mantenha nos moldes de quando eles eram crian�as, corremos o risco de criar uma imensa dificuldade de comunica��o com eles.
Filhos adultos raramente desejam pais severos, rudes e preocupados com sua educa��o, ao contr�rio, eles desejam companheiros existenciais, capazes de auxiliar na compreens�o de sua pr�pria exist�ncia e de sua hist�ria.
A quest�o que colocamos hoje para o questionamento de voc�s � se j� n�o est� na hora de deixar de ser os pais de seus filhos para se tornar amigo deles. Um Ano Novo acabou de bater em nossas portas e quem sabe n�o � este o momento ideal de deixar para traz os velhos h�bitos paternos/maternos, para colocar em seu lugar uma amizade genu�na e especial com aqueles que mais amamos no mundo: os nossos filhos.