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Estado de Minas WAGNER PARENTE

As elei��es legislativas nos Estados Unidos e o pato manco � brasileira

Pr�ximo pleito pode oferecer a primeira evid�ncia eleitoral que o trumpismo n�o desapareceu


19/09/2022 04:00 - atualizado 19/09/2022 09:37

Ex-presidente Donald Trump segue exercendo forte influência no eleitorado americano
Ex-presidente Donald Trump segue exercendo forte influ�ncia no eleitorado americano (foto: Eff Swensen/Getty Images/AFP)

As elei��es legislativas americanas – chamada de midterms ou de meio de per�odo – ocorrem dois anos depois da elei��o presidencial. Por isso, tendem a ser um bom term�metro da avalia��o do governo. Se o presidente � bem avaliado, a chance de seus aliados manterem suas posi��es no Congresso � maior. As pr�ximas elei��es de meio de per�odo ocorrer�o em 8 de novembro e podem oferecer a primeira evid�ncia eleitoral de que o trumpismo n�o desapareceu com a elei��o de Joe Biden.

Para ter uma ideia, logo depois que o FBI invadiu a casa dele na Fl�rida, no in�cio de agosto, a revista “The Economist”, em parceria com o YouGov, realizou pesquisa para avaliar a imagem do ex-presidente. De acordo com os resultados divulgados no dia 18 do mesmo m�s, 57% dos que se dizem republicanos atualmente t�m uma vis�o muito positiva de Donald Trump. Esse �ndice � 12 pontos percentuais a mais do que a pesquisa realizada em per�odo imediatamente antes da busca em sua resid�ncia.

O apelo popular resiliente a Trump, aliado a uma grande reprova��o do governo atual (53%, segundo a pesquisa da Associated Press de 15 de setembro), tende a produzir candidatos republicanos competitivos e, eventualmente, fazer com que Biden perca a pequena maioria que tem no Congresso americano. Hoje, o partido Democrata do presidente Biden controla 225 cadeiras na C�mara dos Representantes contra 211 dos Republicanos e 11 vagas. No Senado, o equil�brio � ainda maior: 50 cadeiras republicanas contra 48 democratas e dois independentes, sendo que sempre votam com os democratas.

Como a presidente do Senado � a vice-presidente Kamala Harris, e ela tem a prerrogativa do voto de desempate, Biden conseguiu aprovar suas pautas nesses dois primeiros anos de mandato.Caso perca a maioria nas duas casas, Biden pode virar o que os americanos chamam de pato manco: um presidente que tem suas fun��es prejudicadas pela falta de apoio no Congresso.

Observando a realidade das elei��es brasileiras, existe alguma chance de o presidente come�ar seu mandato com uma posi��o fr�gil no parlamento? Em um pa�s onde, na maioria das vezes, o governo consegue algum tipo de maioria, ainda que n�o muito s�lida; pode parecer estranho falar de um presidente sem base (a exce��o foi a ex-presidente Dilma, que terminou com seu segundo mandato abreviado). O tal do presidencialismo de coaliz�o, termo cunhado por S�rgio Abranches, parece ser a muleta perfeita para um mandat�rio em dificuldade.

No entanto, algumas mudan�as estruturais na rela��o entre os poderes Executivo e Legislativo parecem, pelo menos, fazer supor a exist�ncia de algo impens�vel: que os partidos que comp�em o chamado centr�o permane�am como oposi��o. A ideia � que se partidos mais chegados ideologicamente �s pautas conservadoras – notadamente, Partido Progressista, Partido Liberal e Republicanos, entre outros – tiverem condi��es de manter seu poder sobre o or�amento p�blico, coes�o em vota��es e expectativas de voltarem a assumir o Poder Executivo com uma coaliz�o conservadora nas elei��es de 2026, talvez entendam haver alguma vantagem em n�o facilitarem a vida do novo presidente.

Esse cen�rio deve ser considerado caso as urnas confirmem o resultado das pesquisas e o ex-presidente Lula volte ao poder. Se s� puder contar com os partidos mais alinhados com a esquerda, dificilmente ele chegar� em 200 votos na C�mara dos Deputados. Muito menos que os mais de 330 que hoje normalmente votam com Bolsonaro e insuficiente para aprovar qualquer mudan�a na Constitui��o Federal.

Desde que Lula deixou a Presid�ncia, em janeiro de 2011, o Congresso brasileiro avan�ou na conquista de espa�os, em especial sobre a aloca��o do or�amento e sobre a agenda pol�tica. Al�m disso, a cl�usula de barreira far� com que o poder seja mais concentrado, j� que o n�mero de partidos representados no parlamento deve cair dos atuais 30 para menos de 20.

Sendo assim, parece precipitada a an�lise de que necessariamente os partidos de centro – hoje majoritariamente alinhados ao presidente Bolsonaro – correr�o para compor uma base caso Lula ven�a, como fizeram em todas as ocasi�es anteriores. Centr�o sempre foi governo, mas n�o necessariamente sempre ser�.

Abre-se a possibilidade de presidente que n�o ter� a tradicional boa vontade para aprovar o que quiser no in�cio de mandato. Um cen�rio econ�mico desfavor�vel, somado a uma popula��o polarizada, n�o deixa d�vida da dificuldade que ser� gerir o Brasil nos pr�ximos anos. N�o � nada absurdo imaginar que como nos Estados Unidos, a ala mais conservadora brasileira pode voltar ao poder antes do que se imagina.

Vale observar o que acontecer� nos Estados Unidos em novembro e como ser� a composi��o de uma base parlamentar caso Lula ven�a. O resultado de ambos pode ser um pato mancando.
 

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