Historicamente, s�o em r�sticos sacos de juta que o caf� � armazenado. Apesar da tradi��o, na pr�tica, o dep�sito dos gr�os nesse material imp�e a perda de atributos que fazem dele um produto especial. J� h�, hoje, no mercado materiais para serem usados com a juta que esbarram em quesitos como log�sticas nos armaz�ns e custo elevado. Na pesquisa “Desenvolvimento de embalagens e m�todos de armazenamento para caf�s especiais”, a Ufla est� analisando duas novas embalagens, uma de pl�stico, da Videplast, outra de pl�stico e papel, da Klabin, que aliam efici�ncia e baixo pre�o. Tanto a Videplast quanto a Klabin s�o ind�strias do ramo.
Ambas as embalagens contam com material resistente de alta barreira, com v�rias camadas microsc�picas que garantem a conserva��o das caracter�sticas dos gr�os que ser�o usados para se chegar � bebida em seu padr�o especial. Segundo o coordenador da pesquisa, o professor Fl�vio Meira Bor�m, do Departamento de Engenharia da Ufla, quando a estocagem � feita em juta, em menos de tr�s meses, o caf� perde a qualidade.

A pesquisa, prevista para ser conclu�da em junho, partiu de iniciativa da Ag�ncia Brasileira de Promo��o de Exporta��es e Investimentos (Apex-Brasil) e da Associa��o Brasileira de Caf�s Especiais (BSCA). Al�m da Videplast e da Klabin, o estudo engloba a Bourbon Specialty Coffe e Carmocoffees, empresas exportadoras de caf�s especiais. As an�lises s�o feitas no Laborat�rio de Processamento de Produtos Agr�colas, na Ufla.
DESVALORIZA��O A diretora-executiva da BSCA, Vanusia Nogueira, conta que j� havia uma demanda antiga dos produtores por tecnologias que levassem � preserva��o da qualidade do caf� especial. “Fala-se que o caf� n�o � perec�vel, mas isso � uma lorota. A juta � porosa e deixa os gr�os muito expostos �s quest�es de ambiente. Primeiro, o caf� perde a cor. Depois, perde a qualidade, principalmente quando estamos falando de gr�os mais finos”, refor�a.
Numa escala de 0 a 100 pontos, os caf�s especiais s�o aqueles com notas acima 80. “Um caf� armazenado em juta perde de tr�s a quatro pontos por m�s. Consequentemente, estamos falando de uma perda de R$ 100 a R$ 200 por saca”, refor�a Vanusia. Diferentemente de outros mercados no agroneg�cio, o pre�o do caf� � definido por lote no ato da venda.
O experimento para testar as embalagens de caf�s especiais foi montado no armaz�m da Bourbon Specialty Coffee, em Po�os de Caldas, no Sul de Minas, em outubro de 2014. “Por meio de um grande n�mero de an�lises qu�micas, f�sicas e sensoriais, os gr�os nessas novas embalagens e em outras j� tradicionalmente usadas foram testados a cada tr�s meses em um per�odo de armazenamento de 18 meses”, conta um dos pesquisadores � frente do estudo, Fabr�cio Teixeira Andrade – a tese de doutorado dele, em engenharia agr�cola pela Ufla, � em torno dos resultados da pesquisa. Em mar�o, ocorre a �ltima an�lise das amostras.
APROVA��O Em fevereiro do ano passado, o estudo ganhou propor��es internacionais. Duas parcelas do experimento foram exportadas, em condi��es comerciais, para Cafe Imports, cujo armaz�m fica em Minneapolis, nos Estados Unidos. “Durante o transporte intercontinental e armazenamento nos EUA, a temperatura e umidade relativa foram medidas e registradas a cada tr�s horas por sensores distribu�dos internamente �s embalagens e no interior do cont�iner”, afirma Andrade.
O projeto atende uma demanda do mercado, j� que caf�s especiais constituem um mundo � parte, com pre�os bem acima do caf� comercial. “As embalagens j� est�o no mercado, visto que os resultados preliminares da pesquisa j� apontam o grande potencial que elas apresentam”, afirma Andrade. “A Klabin e a Videplast est�o adicionando outras propriedades funcionais que permitem o aumento de efici�ncia no envase, manuseio e transporte do caf�. Esse ser� mais um benef�cio agregado pela utiliza��o delas”, completa.
O representante da Videplast em Minas Gerais e coordenador do projeto na ind�stria, Cl�udio M�rcio Francisco, refor�a que o custo para embalar uma saca com o modelo de alta barreira � 60% menor em rela��o � op��o usada hoje como paliativo com a juta. “As embalagens de alta barreira impedem o contato com oxig�nio, que � o principal problema de qualquer produto”, refor�a. Segundo Cl�udio, o pl�stico, recicl�vel, cont�m nove camadas isolantes, veda��o superior ao sistema de costura da juta e tecnologia � semelhante � usada em produtos frigor�ficos e l�cteos.
A embalagem da Klabin, feita tamb�m em parceria com a Videplast, � fabricada com papel multifolhado de alta resist�ncia e pode ser impressa em at� oito cores. � herm�tica devido ao sistema de fechamento, possui filme de alta barreira e prote��o � luminosidade, al�m de contar com um sistema denominado Easy Open, que facilita a abertura e armazenagem pelo cliente. Ambas as embalagens t�m 30 quilos, facilitando o manuseio e carregamento dos sacos de caf�.
Em expans�o
>> PRODU��O, EXPORTA��O E CONSUMO
Na safra 2015, a Associa��o Brasileira de Caf�s Especiais (BSCA) projeta que foram produzidas cerca de 5 milh�es de sacas de caf�s especiais, das quais 4 milh�es foram destinadas � exporta��o, principalmente para Estados Unidos, Europa e Jap�o, e 1 milh�o de sacas se voltaram ao consumo interno. Ao considerar um consumo interno de aproximadamente 20 milh�es de sacas (dados da Abic), � poss�vel dizer que o consumo de caf�s especiais no Brasil responde por 5% do total.
>> DEMANDA
O consumo de caf�s especiais � o que registra os maiores �ndices de crescimento nos mercados brasileiro e mundial, avan�ando entre 10% e 15% ao ano em ambos os casos. Por outro lado, a evolu��o do consumo dos caf�s tradicionais gira em torno de 3% no Brasil e de 1,5% a 2% em todo o mundo.
>> RECEITA COM EXPORTA��O
Em 2015, as exporta��es de caf�s diferenciados (inclui-se aqui, al�m dos especiais, os caf�s gourmet, certificados, org�nicos, etc.) movimentaram US$ 1,840 bilh�o, respondendo por 32,7% da receita total de US$ 5,626 bilh�es. No acumulado do ano passado, os embarques brasileiros de caf�s diferenciados totalizaram 8.311.573 sacas de 60kg, respondendo por uma fatia de 24,8% das exporta��es totais de caf� efetuadas pelo pa�s.
>> VALOR AGREGADO
Frente ao valor pago pelos caf�s tradicionais, registra-se um sobrepre�o m�dio entre 30% e 40% para os especiais, mas essa valoriza��o chega a 100%, em algumas ocasi�es. Nos leil�es do Concurso de Qualidade Caf�s do Brasil - Cup of Excellence, os compradores j� pagaram at� 3.000% acima do pre�o do tradicional pelo caf� campe�o.
SUPERIORES
Os caf�s especiais representam, atualmente, cerca de 12% do mercado internacional da bebida, de acordo com a Associa��o Brasileira de Caf�s Especiais (BSCA). No com�rcio nacional, eles ainda ficam entre 5% e 8% dos neg�cios. A classifica��o envolve uma s�rie de caracter�sticas, que v�o desde a origem, variedade, cor, at� aspectos sociais e ambientais, como o sistema de produ��o usado e as condi��es de trabalho na cafeicultura. Numa escala de 0 a 100 pontos, caf�s com notas acima 80 pontos s�o considerados especiais. Eles podem superar em mais de 100% o pre�o da saca dos gr�os comerciais. Enquanto o pre�o da saca do caf� commodity varia de R$ 450 a R$ 500, os caf�s finos ficam em torno de R$ 800, podendo ultrapassar os R$ 1.000. No ano passado, a produ��o de caf� atingiu os 43,2 milh�es de sacas, segundo a Associa��o Brasileira da Ind�stria de Caf� (Abic).