O projeto de cria��o de uma startup comercial de exporta��o (Pimenta Prime), visando ampliar a participa��o do gr�o de pimenta-do-reino preta no mercado internacional, recebeu o primeiro lugar na 1ª Agrimarketing Competition 2017, em novembro.
O Pimenta Prime � resultado de pesquisa realizada pelo grupo de alunos da Universidade Federal de Vi�osa (UFV) formado por Lucas Botelho, de 22 anos, rec�m-formado em agroneg�cio, Michael Frigi Nunes, de 23, e Tiago Tozi, de 22, ambos, os dois �ltimos do curso de engenharia agr�cola e ambiental. O foco do trabalho foi a produ��o capixaba de pimentas do reino. Este ano, o Esp�rito Santo superou o estado do Par�, at� ent�o o maior produtor brasileiro.
A preocupa��o inicial foi que o produto apresentasse qualidade compat�vel com as exig�ncias da American Spice Trade Association (ASTA) que determina padr�es de qualidade de especiarias no mercado internacional. A produ��o no Esp�rito Santo apresenta problemas para atender tais padr�es, principalmente no que diz respeito � isen��o de outros materiais microbiol�gicos, um produto que respeite os limites de res�duos de pesticidas tolerados pelas diretrizes que os controlam e n�o apresente odores provenientes da secagem artificial.
Em 14 carregamentos enviados � Europa este ano, foram detectados pelos de animais, res�duos de pesticidas e antraquinona (subst�ncia cancer�gena produzida pelas m�s pr�ticas mec�nicas de secagem), todos acima dos limites aceit�veis pelos �rg�os internacionais que regulamentam a seguran�a alimentar. Os preju�zos estimados para este ano est�o na ordem de US$ 40 milh�es, considerando-se a atual produ��o e impactando diretamente o produtor rural pela redu��o de cerca de US$ 1000 por tonelada de pimenta-do-reino.
A estrat�gia para conseguir superar metas foi ganhar espa�o no mercado ao investir em qualidade. No caso da pimenta-do-reino preta, isso significou investir em monitoramento e controle de toda a cadeia de produ��o, controlando informa��es b�sicas como o tipo de secagem (mecanizada ou natural) e os defensivos utilizados na lavoura. Ao saber que um produtor, por exemplo, utilizou um pesticida restrito ao cultivo, evita-se a compra do produto e, caso o uso do defensivo seja permitido, o produto ser� encaminhado para an�lise laboratorial pr�via de res�duos de pesticidas, assegurando ao cliente que o produto est� em acordo com as exig�ncias estabelecidas. Atualmente, o produtor paga um pre�o m�dio de R$ 500 pela secagem de sua produ��o.
De acordo com Tiago Tozi, o emprego de t�cnicas adequadas de produ��o, p�s-colheita e a disponibiliza��o de an�lises f�sicas, qu�micas e biol�gicas ao cliente garantir�o os padr�es de qualidade exigidos pelos mercados mais exigentes.
“O pre�o pago ao produtor ser� baseado na rela��o de custos de produ��o e margem de lucro desejada de nossa empresa. Sabendo que um produto de maior qualidade pode ser mais facilmente vendido e por um pre�o melhor, por apresentar maior valor agregado, o que refletir� tamb�m no produtor rural. Al�m disso, n�o existem empresas no munic�pio onde ser� localizado o empreendimento, que fazem a exporta��o direta da pimenta-do-reino. Por isso, a elimina��o de atravessadores da cadeia far� com que o produtor rural possa receber melhores pre�os.”
A Prime Pimentas est� sendo instalada na zona rural do munic�pio de Rio Bananal (ES), �s margens da Rodovia ES-245, distante oito quil�metros do Centro da cidade. Esse fator torna a log�stica um ponto positivo do empreendimento em fun��o de estar muito pr�ximo das fontes de mat�ria-prima dentro do munic�pio (raio m�ximo de 20 quil�metros) e a 180 quil�metros do Porto de Tubar�o, em Vit�ria, onde ser� escoada toda a produ��o para o mercado internacional.
A startup contar� com plataforma on-line, que apresentar�, em dois idiomas (portugu�s e ingl�s), as etapas do processo produtivo, as principais fazendas parceiras e tamb�m um relat�rio de rastreabilidade usado para monitorar e definir as an�lises necess�rias a cada lote adquirido de cada produtor rural. Para captar clientes (importadores), o time de vendas contatar� prov�veis compradores nos sites www.wlw.de, www.br.kompass.com e https://www.trademap.org/CompaniesList, que apresentam uma vasta rela��o de importadores de pimenta-do-reino e contar� tamb�m, no primeiro ano, com uma parceria externa de corretagem que j� tem portf�lio de clientes. “Tal pr�tica aumenta os custos com vendas, mas traz mais seguran�a e visibilidade ao empreendimento em seu in�cio”, conclui Tiago.
PREMIA��O Os vencedores receber�o pr�mio de R$ 3 mil e um dia de mentoria com o fundador da startup IZAgro, al�m de bolsas de estudos para cursos a distancia, para ajudar no desenvolvimento do projeto. O segundo lugar, que recebeu R$ 1.500, ficou com o grupo Seeding, que prop�s plataforma para conectar os pequenos produtores aos mercados locais, tamb�m da Universidade Federal de Vi�osa (UFV); e o terceiro, que recebeu R$ 500, foi o Protech_fish, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com projeto de implementa��o de sondas em criadores de peixes que controla todas as informa��es da produ��o, desde a �gua � quantidade de ra��o.
Todos os participantes receberam bolsas de estudo para os cursos EAD de design thinking, oferecido pela Saibal� e outro de ferramentas do Office, oferecido pelo Pecege, institui��o ligada � Esalq/USP. Os planos de marketing desenvolvidos foram avaliados por profissionais renomados no mercado.
“Foi muito bom ver o esp�rito empreendedor dos jovens. Precisamos estimular, cada vez mais, desafios como o Agrimarketing, que ajudam no desenvolvimento acad�mico e profissional dos estudantes que s�o o futuro do nosso agroneg�cio”, comentou Ivan Moreno, da Bayer.
Brasil ainda � coadjuvante
Este ano, a produ��o mundial de pimenta-do-reino atingiu 523 mil toneladas, cerca de 20,5% maior que o ano anterior. O Vietn�, maior produtor mundial, produz 40% desse total. O Brasil ainda � coadjuvante no cen�rio mundial, sendo respons�vel por 12 % da produ��o. Da produ��o mundial de pimenta-do-reino, 83% correspondem � pimenta-do-reino preta e 17% � branca, que � proveniente simplesmente da retirada da casca do gr�o da preta. Em rela��o ao ano passado, viu-se um aumento de 43% nos estoques globais da especiaria, muito em reflexo do excesso de oferta em rela��o � demanda pelo consumo do produto no mundo.Tamb�m este ano, a produ��o do Vietn� atingiu recorde de 210 mil toneladas, sendo esperado ainda, nos pr�ximos anos, aumento na produ��o em fun��o da expans�o das �reas plantadas. Seu grande foco hoje � o mercado externo. No entanto, o pa�s vem enfrentando dificuldades para acessar os mercados mais exigentes, como os Estados Unidos e a Europa, por n�o conseguir atender todos os requisitos de qualidade e seguran�a alimentar, o que gera oportunidades para outros pa�ses, como o Brasil.(Fonte: AgriMarketing Competition – Sum�rio Executivo)