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Estado de Minas

Agricultura do Norte de Minas e Alto Parana�ba tem tecnologia japonesa

Conhecimento e inova��es trazidas pelos colonos japoneses transformaram �reas agr�colas do Norte de Minas e do Alto Parana�ba. Marca se mant�m hoje no crescimento da produ��o


postado em 15/01/2018 06:00 / atualizado em 30/01/2018 09:13

Os imigrantes japoneses tiveram participação decisiva no seu trato com o solo(foto: Marcelo Sekita/Divulgacao)
Os imigrantes japoneses tiveram participa��o decisiva no seu trato com o solo (foto: Marcelo Sekita/Divulgacao)

Jana�ba,Projeto Ja�ba e Matias Cardoso –
Experi�ncia e tecnologia � moda japonesa dinamizam a produ��o de diversas lavouras de Minas Gerais, mais de 40 anos depois da chegada dos primeiros imigrantes do pa�s do sol nascente �s terras do Alto Parana�ba e do Norte do estado. Em S�o Gotardo, uma das maiores col�nias nip�nicas estabelecida em Minas impulsionou o cultivo de cenoura, alho e outros hortifr�tis, enquanto o caf� despontou nas m�os desses parceiros da economia mineira e brasileira em Carmo do Parana�ba, al�m de uva e de diversas outras frutas produzidas em Pirapora.

Os nip�nicos t�m participa��o tamb�m decisiva no Projeto Ja�ba, no Norte de Minas, idealizado para ser o maior per�metro irrigado da Am�rica Latina, e que hoje � um grande polo produtor de alimentos do pa�s. Na mesma regi�o est� radicado o imigrante Yuji Yamada, o maior produtor individual de banana do Brasil, propriet�rio de 2 mil hectares cultivados, incluindo �reas mantidas no pr�prio Ja�ba.

 “Os japoneses trouxeram uma nova mentalidade para a produ��o agr�cola brasileira, especialmente de hortifrutigranjeiros”, afirma o ex-ministro da Agricultura Alisson Paulinelli. Ele lembra que o Jap�o investiu US$ 20 milh�es, garantindo a expans�o da infraestrutura necess�ria � chamada etapa 2 do Projeto Ja�ba.


Foi gra�as aos imigrantes do Jap�o e � ajuda do pa�s que, na d�cada de 1970, foram implantados dois importantes projetos para o agroneg�cio do cerrado brasileiro. O Programa de Coopera��o Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados – Prodecer, em 1974, come�ou por Minas (nos munic�pios de Coromandel, Ira� de Minas e Paracatu) at� alcan�ar outros seis estados (Goias, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranh�o e Tocantins), com 21 n�cleos produtivos.

 O Programa de Assentamento Dirigido ao Alto Parana�ba (Padap), por sua vez, abriu �reas de coloniza��o em 1973 nos munic�pios de S�o Gotardo, Ibi� e Campos Altos. “Os japoneses tiveram papel determinante para que o cerrado brasileiro se tornasse produtivo”, afirma Paulinelli, que foi tamb�m secret�rio de Agricultura de Minas.

 

 O Ja�ba desponta com um dos maiores polos da produ��o agr�cola nacional, com cerca de 27 mil hectares irrigados, de onde saem, anualmente, cerca de 252 mil toneladas de alimentos, com destaque para as frutas, tendo a banana como carro-chefe. Um dos empreendedores que prosperaram no projeto irrigado no quente Norte de Minas � Shigue Toshi, filho de japoneses. Os pais dele se mudaram para o Brasil na d�cada de 1950 e passaram a plantar caf� na regi�o de Lins, no interior paulista. Shigie chegou ao Ja�ba em 1997 e comanda �rea de 150 hectares irrigados de manga, onde colhe 2 mil toneladas por ano. Ele exporta a produ��o para a Europa (Portugal, Holanda e Espanha) e os Emirados �rabes.

 “Os japoneses, por tradi��o, trabalham com muita dedica��o e conhecimento. Assim, ajudaram muito no aproveitamento das terras dispon�veis para agricultura no Brasil”, disse Shigie. “Acho que, se n�o fosse a corrup��o, o Brasil estaria muito melhor”, afirma o produtor.

 

 

Inova��o

 Tamb�m no Norte de Minas, a contribui��o nip�nica deu g�s novo ao projeto de irriga��o Pirapora, implantado no munic�pio hom�nimo, que usa �gua do Rio S�o Francisco. O projeto foi instalado pela Codevasf em 1979, quando chegaram � regi�o cerca de 20 fam�lias de produtores de origem japonesa, que deixaram os plantios de soja e caf� no interior de S�o Paulo e do Paran�. As parreiras foram uma grande inova��o, j� que, at� ent�o, a fruta s� era cultivada em regi�es frias, no Sul do pa�s.

 Hoje, o Projeto Pirapora continua avan�ando, com cerca de 1 mil hectares irrigados. Cerca de 80% dos propriet�rios dos lotes dos per�metros irrigados s�o descendentes de japoneses, que, al�m da uva, plantam banana, laranja, tangerina ponc� e legumes, entre outras culturas. O produtor Rubens Shigueru Minane, cujos pais nascidos no Jap�o sa�ram do Paran� e se mudaram para as margens do Rio S�o Francisco em 1979, conduz a lavoura de 180 hectares da fam�lia junto do irm�o Alex. Eles colhem 4,5 mil toneladas por ano de uva, banana e tangerina.

 “Sinto-se orgulhoso pelo fato de minha fam�lia ter contribu�do com a implanta��o e crescimento do projeto de irriga��o de Pirapora”, afirma Shigueru, ressaltando a participa��o dos migrantes japoneses no avan�o da agricultura brasileira.

 

Da chegada ao recurso pr�prio


Com o impulso dado pelo dom�nio da arte de cultivar que os japoneses desenvolveram, S�o Gotardo tornou-se polo da maior regi�o produtora de cenoura do pa�s, plantada em cerca de 5 mil hectares. A produ��o alcan�a 300 mil toneladas por ano, de acordo com dados da prefeitura do munic�pio, que tamb�m det�m a maior oferta de repolho e se destaca na produ��o de alho, ocupando a segunda posi��o no ranking nacional. O produtor Jorge Kriyu, descendente de fam�lia japonesa, destaca que os agricultores do Alto Parana�ba est�o na expectativa de aumentar o faturamento com a cria��o da marca pr�pria “Regi�o de S�o Gotardo”.

 

 O prefeito de S�o Gotardo, Seiji Sekita, produtor e descendente de japon�s, diz que a agricultura da regi�o come�ou a crescer com a chegada de 100 fam�lias – 90% delas de origem nip�nica, que foram instaladas nos lotes do Projeto de Assentamento Dirigido do Alto Parana�ba (Padap), na d�cada de 1970. “Acho que a col�nia japonesa n�o somente impulsionou e diversificou as atividades no campo, como tamb�m gerou muitos empregos em nossa regi�o”, afirma. Sekita ressalta a participa��o dos imigrantes na produ��o leiteira da regi�o, que passa por moderniza��o de processos.

 A chegada dos imigrantes do pa�s do sol nascente modificou a economia de Carmo do Parana�ba, hoje um dos principais munic�pios produtores de caf� do estado. No fim da d�cada de 1970, chegaram ao munic�pio cerca de 30 fam�lias de origem japonesa. “Acho que a col�nia japonesa marcou pelo pioneirismo na agricultura na regi�o. Os japoneses se destacaram no preparo da terra. O cerrado era visto como uma terra de pouca serventia e hoje produz o melhor caf� do mundo”, afirma Fabiano Yukio Otsuka.

 Os pais dele nasceram no Jap�o e vieram para o Brasil na d�cada de 1950, lidando com lavouras primeiramente no interior de S�o Paulo, antes de se mudar para o Alto Parana�ba. Al�m do trabalho no plantio do caf� do cerrado, os japoneses diversificaram as atividades em Carmo do Parana�ba, se destacando tamb�m no com�rcio local.

Rei da banana quer expandir

 Uma das maiores hist�rias de sucesso dos imigrantes japoneses no Brasil tem como protagonista o empres�rio Yuji Yamada. Na d�cada de 1950, ele deixou o pa�s asi�tico aos 13 anos e se mudou com os pais e sete dos 11 irm�os. Come�ou a trabalhar no plantio de ch� e verduras em uma pequena propriedade comprada pelo pai no munic�pio de Registro (SP). L�, ganhou dinheiro com plantios de abobrinha, maracuj� e banana.

Yuji Yamada planeja ampliar a produção de frutas(foto: Luiz Ribeiro / EM / D.A. Press)
Yuji Yamada planeja ampliar a produ��o de frutas (foto: Luiz Ribeiro / EM / D.A. Press)

 Em 1983, ap�s sofrer preju�zos com enchentes nos bananais no Vale do Ribeira, vendeu os bens que tinha no interior paulista e resolveu sair pelo pa�s em busca de “terras planas de sumir de vista”, que ouviu dizer que existiam no Brasil ainda durante a inf�ncia no Jap�o. Encontrou as “terras planas” em Jana�ba, no Norte de Minas, onde plantou, inicialmente, 20 hectares de maxixe. Em seguida, usou a mesma �rea para o cultivo de banana prata an�, que era “novidade” para a regi�o. Descobriu o “caminho da mina”.

 Atualmente, Yamada � o maior produtor individual de banana do pa�s. Conta com 2 mil hectares plantados em 20 �reas em Minas (Projeto Ja�ba e Janauba, no Norte do estado, e Delfinopolis, Centro-Oeste). Ainda no Norte de Minas, alem dos bananais, conta com 500 hectares plantados de outras frutas (mam�o, tangerina ponc�, laranja, caju, seriguela, umbu e lim�o).

 “� preciso qualidade, quantidade, efici�ncia na log�stica e pontualidade, ou seja, entregar na hora certa”, assegura Yuji Yamada, que adota a filosofia da Kyocera (de origem japonesa), m�todo de gest�o empresarial. “Tenho a meta de todo ano aumentar um pouco a produ��o”, diz o empres�rio, que anuncia a inten��o de expandir ainda mais o neg�cio e de fazer plantios de banana tamb�m no Mato Grosso, para eliminar as despesas com o transporte at� aquele estado, j� atendido por sua empresa. A produ�ao pr�pria dele � de 1,2 mil toneladas (100 caminh�es) de frutas, sendo 80% banana. A empresa do imigrante japon�s, a Brasnica, virou uma gigante do setor de frutas, com a comercializa��o de 3 mil toneladas (250 caminh�es) por semana.

 


 


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