
Na etapa final da coleta de dados do Censo Agropecu�rio 2017, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) aponta Minas Gerais como o segundo estado, depois da Bahia, em n�mero de propriedades rurais, com aumento em torno de 50 mil unidades na compara��o com o �ltimo levantamento, de 2007. Esse universo dever� alcan�ar 600 mil domic�lios no campo, ultrapassando a estimativa inicial de 556.713 empreendimentos. Ainda que predominantemente urbana, a cidade de Belo Horizonte tamb�m est� inserida no Censo Agropecu�rio, devido � for�a da horticultura.
A pesquisa do IBGE engloba a produ��o de hortali�as nas chamadas fazendas urbanas, em regi�es como Barreiro, Leste e Nordeste da capital mineira, e no limite com Sabar� e Santa Luzia, al�m de um shopping de BH que construiu estufas para o cultivo de folhosas. Em Minas, novos produtos passam a fazer parte da produ��o do estado, como araticum, baru e cagaita, em raz�o da import�ncia do seu cultivo.
Todos os munic�pios brasileiros s�o inclu�dos no censo, uma vez que o objetivo � registrar a totalidade de estabelecimentos voltados para a produ��o agropecu�ria, independentemente do destino desses produtos – para venda ou subsist�ncia – ou do local onde s�o cultivados. “O que importa � se a unidade � destinada � agropecu�ria. Encontramos em �reas urbanas produ��es de hortali�as, frutas, al�m da cria��o de bovinos, equinos, su�nos e aves”, explica Humberto Augusto Silva, coordenador t�cnico do censo agropecu�rio do IBGE em Minas.
Nesta edi��o, o censo incluiu a identifica��o e individualiza��o de novas culturas e produ��es agropecu�rias no question�rio, antes contabilizadas na categoria de “outros produtos”, devido ao crescimento da import�ncia e ao aumento da produ��o desses cultivos. No caso dos produtos relevantes para Minas Gerais, em rela��o � extra��o vegetal, foram acrescidos: araticum, baru, cagaita, maca�ba e umbu. Para as lavouras, foram inseridos a amora e a azeitona, al�m da palma forrageira – produto importante na regi�o do semi�rido, consumido como alimenta��o para o gado.
Sobre a inclus�o de novos itens espec�ficos, Humberto Silva diz que o IBGE atende a uma demanda da sociedade, que quer mais detalhes sobre produtos que v�o ganhando espa�o no mercado consumidor. “Aumenta a produ��o e as pessoas come�am a demandar informa��es sobre os produtos”. Nos per�odos entre os censos, que s�o realizados a cada 10 anos, o instituto faz pesquisa cont�nua junto a cooperativas, sindicatos rurais, bancos que financiam a produ��o agr�cola e pecu�ria, vendedores de insumos, agentes e institui��es p�blicas e privadas ligados � agricultura, obtendo subs�dios para se adequar a novos par�metros apontados por esses levantamentos.
O uso de tecnologia, como o acompanhamento via sat�lite, permitir� dados mais precisos e a corre��o de poss�veis falhas durante a coleta de dados. “Podemos acompanhar a rota de cada um dos 1.900 recenseadores que visitaram mais de 800 mil endere�os em todo o estado, atualizando o cadastro do IBGE e verificando os locais que se caracterizavam como estabelecimento agropecu�rio. Nesse processo, novos endere�os s�o identificados e inclu�dos, enquanto outros que n�o se encaixam nessa configura��o s�o exclu�dos. Sabemos exatamente quantas vezes um recenseador passou por determinada estrada e onde exatamente ele preencheu e fechou seu question�rio”, aponta Humberto.
�reas remotas
O censo agropecu�rio tamb�m investiga a produ��o em comunidades espec�ficas, como quilombolas e ind�genas. Em Minas Gerais, h� registro de sete aldeias ind�genas e 29 territ�rios ind�genas, concentrados nas regi�es Norte e Leste do estado.
A coleta dos dados continua em �reas com maior dificuldade de acesso ou de dif�cil contato com os produtores, conforme j� previa o planejamento da opera��o censit�ria. Nesta reta final, Minas Gerais concentra esfor�os principalmente na regi�o do Tri�ngulo Mineiro, caracter�stica de grandes produ��es agropecu�rias. Elas requerem coleta compat�vel com a realidade da regi�o, associada a outros fatores que imp�em din�mica menos c�lere quando comparada com o restante do estado.
A coleta de dados � a primeira etapa do 11º Censo Agro do Brasil, o 10º realizado pelo IBGE. Em conjunto com ela e depois de finalizada, o instituto realiza tamb�m o trabalho de supervis�o e cr�tica das informa��es, para identificar e sanar poss�veis inconsist�ncias nos question�rios preenchidos, garantindo a qualidade dos dados. Caso necess�rio, � poss�vel que pesquisadores retornem a campo para verifica��es e reaplica��o de question�rios.
Previstos para divulga��o em julho pr�ximos, os primeiros resultados do censo agropecu�rio mostrar�o o perfil do produtor rural por sexo, idade, cor ou ra�a, alfabetiza��o e escolaridade, utiliza��o das terras, efetivos da pecu�ria, produ��o animal e vegetal, forma de obten��o das terras e pr�ticas agr�colas utilizadas no estabelecimento, entre outros quesitos.
Conhe�a parte importante da nova produ��o mineira
Cagaita – Alunos da Escola Estadual Jo�o Rodrigues da Silva, em Prudente de Morais, na Regi�o Central de Minas Gerais, conquistaram bolsas de estudos no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPQ)/UFMG) para dar continuidade a pesquisas do projeto premiado na feira cient�fica UFMG Jovem, em 2017, com o trabalho “O uso da Eugenia dysenterica na produ��o de iogurte e farinha como solu��o de problemas intestinais: uma explora��o extrativista como garantia de seguran�a alimentar”. A pesquisa foi desenvolvida a partir de 2016 por alunos do 1º ano do ensino m�dio. Eles produziram um iogurte � base do fruto cagaita, da esp�cie Eugenia dysenterica, ou como � popularmente conhecida, cagaiteira. O iogurte tem como finalidade regular a flora intestinal, fazendo assim com que o intestino se comporte de maneira regular. A pesquisa foi indicada para representar o Brasil em uma feira cient�fica na R�ssia, em julho de 2017, e participar do Encuentro Internacional Ondas Y Amo la Cencia, realizado em setembro do ano passado em Bogot�, na Col�mbia.
Umbu – No in�cio da d�cada de 1990, a Empresa de Pesquisa Agropecu�ria de Minas Gerais (Epamig) iniciou estudos para o desenvolvimento de t�cnicas para aumentar a produtividade, qualidade e sabor dos frutos do umbuzeiro, planta origin�ria da caatinga. Por meio de enxertia, que usa como porta-enxerto o umbu-caj�, planta do mesmo g�nero e mais resistente ao contato com o solo, os produtores t�m colhido frutos maiores e mais saborosos, com um menor intervalo entre o plantio e a primeira colheita (entre 4 e 5 anos, contra cerca de 10 anos do cultivo tradicional). A pesquisa incentiva tamb�m a recupera��o de �reas degradadas da regi�o do semi�rido por meio da cultura de uma planta nativa e resistente �s condi��es de seca e tem como p�blico-alvo produtores da regi�o da caatinga interessados em culturas sustent�veis e que exigem pouca m�o de obra. Origin�rio da caatinga, o umbuzeiro produz fruto �cido, usado para o consumo in natura e tamb�m para a fabrica��o de polpas, geleias, doces e sorvetes.
Azeitona e azeite – A Epamig pesquisa, desde a d�cada de 1970, a cultura da oliveira na regi�o da Serra da Mantiqueira. Em 2008, realizou em Maria da F�, no Sul de Minas, a primeira extra��o de azeite de oliva no Brasil, feita em m�quina artesanal. Em 2009, a empresa adquiriu um extrator de azeite, importado da It�lia, com capacidade de processar at� 100 quilos de azeitonas por hora, e passou a processar o �leo, em parceira com a Associa��o dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive) e demais produtores da regi�o. O produto obtido alcan�ou �ndices de acidez entre 0,2% a 0,7% e foi classificado como extravirgem, com qualidade similar aos melhores azeites do mundo. Depois desse pontap� inicial, a cultura da oliveira conquistou o interesse de produtores e empres�rios e se espalhou pela regi�o dos Contrafortes da Serra da Mantiqueira, entre os estados de Minas Gerais, S�o Paulo e Rio de Janeiro, al�m do Sul do pa�s. De acordo com a Associa��o dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), no Sudeste atuam hoje cerca de 160 produtores de oliveiras em 2 mil hectares e a produ��o alcan�ou, na safra de 2017, 42 mil litros de azeite produzidos.
Azeites da Mantiqueira – H� cerca de 40 marcas de azeites produzidos nos Contrafortes da Mantiqueira com tecnologia desenvolvida pela Epamig no Campo Experimental de Maria da F�. Esses produtos s�o comercializados em emp�rios e armaz�ns em Maria da F�, Belo Horizonte e S�o Paulo e em restaurantes de Campos do Jord�o e do Rio de Janeiro. S�o azeites frescos, artesanais, com baixa acidez, de variedades diversificadas como arbequina, koroneiki, grappolo e maria da f�.
