As proje��es de mudan�as clim�ticas e suas consequ�ncias na agricultura s�o determinantes para uma frente de 150 pesquisas da Embrapa, com o prop�sito de reduzir os impactos nas lavouras. A corrida contra o tempo e a escassez de investimentos s�o fatores preocupantes diante da progress�o de temperaturas cada vez mais extremas e per�odos chuvosos mais curtos e de grande intensidade.
De acordo com o coordenador da Embrapa Inform�tica e pesquisador de mudan�as clim�ticas Giampaollo Pellegrino o que se projeta para o clima futuro “s�o chuvas mais concentradas em uma �poca do ano, mais intensas e mais curtas, e intervalos maiores de per�odo de seca”. As estimativas s�o baseadas em calend�rios hist�ricos, a partir da percep��o dessas mudan�as, levando a busca de tecnologias que v�o da aplica��o ao material gen�tico mais adapt�vel � seca, at� t�cnicas de irriga��o, ou sistema de manejo em �reas que v�m perdendo a capacidade produtiva.
Pellegrino aponta para algumas frentes que considera mais impactantes: estimativas de emiss�es de gases com levantamento de estoques de carbono no solo, plantas e ar, importantes para c�lculos dos par�metros nacionais do setor agr�cola, contribuindo com as estat�sticas internacionais no que se refere a florestas, pecu�ria e produ��o de gr�os. Outro ponto diz respeito � adapta��o �s mudan�as no clima, estimando vulnerabilidades atrav�s de zoneamento de riscos e a proje��o de tecnologias em busca de tend�ncias mais positivas em cen�rios condicionados a sistemas de manejo.
A Embrapa usa estudos de intelig�ncia estrat�gica pra prospectar demandas necess�rias de seguran�a alimentar. Eduardo Romano, pesquisador da Embrapa Recursos Energ�ticos e Biotecnologia, em Bras�lia, diz que a empresa tem v�rias linhas de estrat�gia para plantas mais tolerantes � seca, entre elas as transg�nicas. “Precisaremos ter variedades mais tolerantes a longos per�odos de estiagem, at� porque utilizamos na agricultura 70% da �gua doce dispon�vel no mundo. Com a perspectiva de aumento da popula��o mundial em um bilh�o de pessoas at� 2050, � urgente a busca de solu��es multidisciplinares de forma a garantir o aumento da produ��o de alimentos compat�vel com a disponibilidade h�drica e uma das linhas de pesquisa trata do desenvolvimento de variedades que tolerem maior tempo de estiagem”.
O pesquisador cita um exemplo de intragenia com o isolamento e transfer�ncia de um gen do caf� para uma planta modelo, que sobreviveu 40 dias sem �gua, em contraponto �s outras plantas sem o gen do caf� que resistiram 17 dias. Ainda s�o experi�ncias laboratoriais, em fase de compara��o, mas que sinaliza para um modelo que aumenta a toler�ncia ao estresse h�drico.
Romano enfatiza a import�ncia do setor p�blico no desenvolvimento dessas tecnologias que necessitam de investimentos robustos, que de forma geral n�o s�o contemplados pela iniciativa privada. Os custos s�o altos porque demandam riscos e longos prazos de desenvolvimento. “A Embrapa almeja disponibilizar estas tecnologias em valores que permitam amplo acesso dos produtores”. O cientista se diz preocupado com an�ncios recorrentes de cortes no or�amento de ci�ncia e tecnologia, anunciados pelo governo federal. “S�o projetos estrat�gicos para o pa�s. A interrup��o de pesquisas t�m efeitos muito negativos. � muito dif�cil retom�-la a partir do ponto em que foi paralisada, at� mesmo porque o grupo de pesquisadores acaba se dispersando”. Ele diz que em v�rios anos atuando com pesquisador v� pela primeira vez o “desmantelamento de v�rios grupos de pesquisa e projetos estrat�gicos para o pa�s”.
Altera��es no clima
A Embrapa Hortali�as desenvolve linhas de pesquisas que visam buscar pr�ticas capazes de mitigar os impactos das mudan�as clim�ticas sobre as cadeias produtivas de hortali�as, adaptando seus sistemas �s novas condi��es. O prop�sito � buscar a identifica��o de gen�tipos mais e melhor adaptados a estresses ambientais e o desenvolvimento de sistemas produtivos em ambiente protegido climatizado e de baixo custo, entre outros. Outro foco � a sistematiza��o de m�todos produtivos com menor emiss�o de carbono para atmosfera, tais como o Sistema Plantio Direto de Hortali�as.
O Sistema de Plantio Direto em Hortali�as (SPDH) segue tr�s princ�pios b�sicos: o revolvimento localizado do solo, restrito �s covas ou sulcos de plantio; a diversifica��o de esp�cies pela rota��o de culturas, com a inclus�o de plantas de cobertura para produ��o de palhada; e a cobertura permanente do solo.