
Produzir banana nas terras �ridas do Norte de Minas Gerais seria um trabalho sem mist�rios para Hilda Loschi, que tem se dedicado � cultura nos �ltimos 20 anos, n�o fossem os desafios avan�ando tanto quanto a disposi��o da agricultora de expandir a lavoura. Neste ano, ela est� investindo em 180 novos hectares da planta��o que comanda no munic�pio de Lassance, distante 200 quil�metros de Claro dos Po��es, onde come�ou a produzir e mant�m 75 hectares.
“Nem toda a nova �rea entrar� em produ��o em 2019. H� muitas limita��es. S�o restri��es de �gua fora dos projetos de irriga��o, licenciamentos demorados e burocr�ticos, al�m de gargalos t�cnicos”, afirma.
“Nem toda a nova �rea entrar� em produ��o em 2019. H� muitas limita��es. S�o restri��es de �gua fora dos projetos de irriga��o, licenciamentos demorados e burocr�ticos, al�m de gargalos t�cnicos”, afirma.
Em Montes Claros, tamb�m com experi�ncia de duas d�cadas na atividade, Dirceu Colares trabalha no desenvolvimento de 30 hectares adicionais aos terrenos cultivados pela fam�lia na Fazenda Lago�o. � preciso, contudo, vencer os obst�culos, que n�o s�o poucos, da mudan�a clim�tica – uma altern�ncia de temperaturas muito altas e frio – � falta d'�gua e o controle de doen�as. “A fruta mostra seu potencial e temos tecnologia adaptada � regi�o”, destaca.
S�o os resultados colhidos por produtores como Hilda Loschi e Dirceu Colares que permitir�o ao Norte mineiro confirmar, mais uma vez, a posi��o de lideran�a na bananicultura do estado e seu destaque no ranking nacional da oferta de banana-prata. A cultura � vista como uma esp�cie de reden��o num solo castigado pela seca e em diversos munic�pios afetados pela pobreza. A cadeia produtiva da fruta sustenta cerca de 12 mil empregos diretos na regi�o, concentrando sete das 10 cidades que mais ofertam o produto, segundo dados da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e da Empresa de Pesquisa Agropecu�ria do estado (Epamig).
A renova��o dos bananais n�o para, a despeito de exigir mais dos produtores, diante de uma combina��o de fatores desafiadores, de acordo com Maria Geralda Vilela, coordenadora do Programa Estadual em Fruticultura da Epamig. Desde 2011 chove pouco na regi�o; h� limita��es de �gua para irriga��o e para os po�os tubulares, perda de �gua para a atmosfera, e ocorr�ncia de temperaturas muito acima do ideal para o cultivo.
Do ponto de vista da comercializa��o da fruta, a crise da economia, que abalou o consumo no Brasil, espremeu as margens obtidas pelos produtores nos �ltimos tr�s anos e dificultou a precifica��o da banana. “Os produtores buscam alternativas e continuam a investir numa regi�o que teve evolu��o impressionante.
A cultura da banana no Norte de Minas conta com produtores mais tecnol�gicos, aqueles empreendedores que v�o atr�s da pol�tica de negociar, e se envolvem na luta por mercados de consumo. Eles constru�ram um modelo de organiza��o que � exemplo para outras atividades”, afirma Geralda Vilela.
A cultura da banana no Norte de Minas conta com produtores mais tecnol�gicos, aqueles empreendedores que v�o atr�s da pol�tica de negociar, e se envolvem na luta por mercados de consumo. Eles constru�ram um modelo de organiza��o que � exemplo para outras atividades”, afirma Geralda Vilela.
As estat�sticas mais recentes da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento de Minas, indicam queo pre�o m�dio real da fruta caiu 46% de 2016 para 2017, quando a caixa de 18 quilos passou a valer R$ 15,50, frente aos R$ 28,80 anteriores. O valor havia ca�do em 2014 e 2015, se recuperou em 2016 e voltou a descer ladeira em 2017.
Tradi��o
De uma produ��o caracter�stica de fundo de quintal nos anos 70, a bananicultura cresceu na d�cada de 80 e evoluiu de modestos 9,25 mil hectares para 18,1 mil hectares no ano passado. Junto aos expressivos volumes produzidos no mapa da oferta mineira, a regi�o se consolidou como produ��o altamente tecnificada e de qualidade. Cerca de metade da �rea plantada est� nos per�metros irrigados de Pirapora, Lagoa Grande, Gurutuba e Ja�ba. Em volume de produ��o, o Norte deve participar com 54,7% da produ��o mineira
Problema central para os produtores do Norte de Minas est� no custo elevado das planta��es, observa Deny San�bio, Coordenador Estadual de Fruticultura da Emater-MG. “A despesa � alta, uma vez que os produtores dependem de luz e �gua e t�m de escoar logo a fruta”, afirma. Neste ano, a regi�o tem enfrentado redu��o de pre�os, depois de uma combina��o indesej�vel de fatores: a entrada de �reas novas em produ��o no ano passado, o que levou a aumento da oferta, inverno acentuado e o consumo que n�o sai da estabilidade.
Diante dessa equa��o, a estimativa com a qual a Emater-MG trabalha para este ano � de redu��o da �rea plantada de banana no Norte de Minas para 16,8 mil hectares, ante 18,1 mil hectares em 2018 e produ��o de 340,8 mil toneladas, tamb�m com queda frente ao volume de 372,2 mil toneladas do ano passado. A performance da cultura no estado ser� melhor. Espera-se aumento da extens�o das lavouras de 45,4 para 47,5 mil hectares e produ��o, evoluindo a 849,2 mil toneladas, em lugar das anteriores 811,4 mi toneladas.
Seguran�a em dobro Novo risco �s lavouras, o an�ncio, na semana passada, da descoberta da doen�a provocada pelo fungo ra�a 4 Fusariam, nos bananais da Col�mbia, exigir� mais medidas de seguran�a no Brasil. Outro fator importante ser� fiscalizar o ingresso de mudas e material propagativo.em nosso pa�s.
Considerada mais agressiva, a fusariose tende a impor, da mesma forma, investimentos novos, como destaca a agricultora Hilda Loschi. Independentemente da ocorr�ncia da doen�a, ela considera umas das maiores dificuldades a falta de matrizeiros das deriva��es da banana prata-an�.
Considerada mais agressiva, a fusariose tende a impor, da mesma forma, investimentos novos, como destaca a agricultora Hilda Loschi. Independentemente da ocorr�ncia da doen�a, ela considera umas das maiores dificuldades a falta de matrizeiros das deriva��es da banana prata-an�.
“� um problema relacionado � origem do material gen�tico. Mudas de origem t�m certifica��o n�o t�o sofisticadas como buscamos”, diz. Na balan�a dos pontos fortes da bananicultura do Norte de Minas, Hilda enumera a tecnologia dispon�vel �s lavouras, gente profissionalizada na assist�ncia ao produtor e organiza��o eficiente dos agricultores.
Dirceu Colares concorda e enfatiza, ainda, o avan�o do controle biol�gico de pragas na planta��o. O esfor�o tem sido recompensado, por exemplo, com boa produtividade, uma busca constante. Hilda Loschi espera colher 10 milh�es de quilos da fruta nesta safra e terminar o ano com produtividade entre 35 e 38 toneladas por hectare. “N�o sabemos � se o clima da regi�o vai permitir”, pondera. Na fazenda de Colares, a meta � manter o que ele chama de “produtividade vitoriosa”, de 35 toneladas por hectare, em m�dia.
Pesquisas inspiram lima, umbu, manga, abacaxi e maracuj�
Sem deixar de renovar o bananal, os produtores do Norte de Minas abra�am a estrat�gia da diversifica��o de culturas nas fazendas, levados pela redu��o das margens de lucro e da disponibilidade de �gua, al�m da necessidade de procurar alternativas para conviver com as doen�as nas lavouras. Pesquisas feitas pela Epamig j� indicaram viabilidade econ�mica da produ��o feita com menor quantidade da �gua usada na irriga��o. Contudo, h� per�odos do desenvolvimento da planta, como a flora��o, sens�veis � �gua.
Cada ciclo de produ��o da banana, – uma das culturas mais exploradas na regi�o do semi�rido mineiro –, requer 1.300 mil�metros de �gua, em m�dia. A pesquisadora e coordenadora na Epamig Maria Geralda Vilela lembra que progressos obtidos nas pesquisas com banana relacionadas � aduba��o e nutri��o, desenvolvimento e sele��o de cultivares, alcan�aram e estimularam a produ��o de outras frut�feras no Norte do estado.
“Abriram-se possibilidades com lima �cida Taiti, umbu, manga, abacaxi, maracuj� e mangost�o (ou mangostim)”, observa. Estudos da Epamig mostram que h� condi��es na regi�o de produzir uma s�rie de frutas em �reas atacadas pela seca, com diminui��o de at� 50% da �gua usada nos sistemas de irriga��o.
“Existe hoje uma preocupa��o muito maior com uso de recursos naturais, com a sustentabilidade, legisla��o ambiental, legisla��o trabalhista, entre outras quest�es”, diz Geralda Vilela. Fundamental para o produtor � avaliar o solo e o clima, para, ent�o, trabalhar o manejo. “As frentes s�o muitas e a pesquisa n�o vai parar. A cada passo que se d� na pesquisa, abre-se mais um leque de possibilidades”.