
As pesquisas da Epamig est�o concentradas no munic�pio de Japonvar, um dos maiores produtores de pequi do Norte do estado. A explora��o da esp�cie nativa do cerrado � respons�vel por cerca de 17% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produ��o de bens e servi�os) do munic�pio. Gra�as �s novas tecnologias de processamento, o produto do extrativismo deixou de gerar renda em Japonvar e em outras pequenas cidades apenas no per�odo da safra, passando a movimentar as economias locais no resto do ano. A comercializa��o tamb�m avan�ou, desde a polpa, o pequi em conserva e de outros derivados do fruto, como o �leo, a castanha e a farinha de pequi.
Segundo informa��es de t�cnicos e produtores ouvidos pelo Estado de Minas, cerca de 50% das plantas em Japonvar j� morreram, ap�s serem atacadas pela broca-do-tronco, largata que p�e em risco todo o conjunto dos pequizeiros. O inseto ataca o cerne e consome a parte lenhosa, provocando “brocas” (t�neis ou galerias) no interior do tronco do pequizeiro e, possivelmente, tamb�m nas suas ra�zes. A praga faz com que o fluxo da seiva seja interrompido. Assim, as plantas come�am a perder as folhas e morrem.
H� sete anos, os p�s de pequi v�m sofrendo o ataque da praga. Em maio �ltimo, extensionistas da Emater-MG e produtores procuraram o aux�lio da Epamig e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa) Cerrados, de Brasilia, para identificar e propor alternativa de controle � praga. Foram realizadas visitas t�cnicas � regi�o para a coleta de material.
De acordo com o pesquisador Ant�nio Claudio, da Epamig, a primeira etapa dos estudos para o controle do inseto implica na captura da lagarta sem les�es, mantendo-a viva e em condi��es adequadas para se transformar em uma mariposa (um lepid�ptero de h�bitos noturnos), que consiste na sua fase adulta. Ap�s a transi��o, identifica-se o nome da esp�cie e as informa��es cient�ficas dispon�veis at� o momento, para, assim, planejar estrat�gias contra o ataque.
“A extra��o de lagartas das ra�zes dos pequizeiros � necess�ria para o estudo de compara��o entre o comportamento desse inseto nas ra�zes e no tronco, bem como verificar se o ataque a essas diferentes partes da planta � provocado pela mesma esp�cie ou por esp�cies diferentes, e se este � o �nico fator”, explica Ant�nio Cl�udio. Ele ressalta que ser�o necess�rios pelo menos 12 meses para a obten��o dos primeiros resultados da pesquisa.
Sobreviv�ncia De acordo com a Epamig, para o desenvolvimento da pesquisa, est� sendo solicitada a ajuda da Pol�cia Ambiental e de org�os ambientais em rela��o ao procedimento que ser� adotado para evitar qualquer san��o ou autua��o por infra��o � Lei Estadual 10.883 de 1992, que “declara de preserva��o permanente, de interesse comum e imune de corte, no estado de Minas Gerais, o pequizeiro (Caryocar brasiliense)”. Al�m disso, prev� a dispensa da reposi��o das plantas que eventualmente tenham que ser abatidas por for�a do referido estudo.
Ant�nio Claudio informou que, al�m de contar com o apoio da Prefeitura de Japonvar e da Emater-MG, a Epamig pretende propor parcerias com outras institui��es de estudos, como a pr�pria Embrapa Cerrados, a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para incrementar a pesquisa e buscar solu��o capazes de vencer a broca dos p�s de pequi.
“O estudo � importante porque visa promover a sobreviv�ncia dos pequizeiros no cerrado do Norte de Minas Gerais e, assim, colaborar n�o s� com a preserva��o desse ecossistema, mas tamb�m do extrativismo do pequi na regi�o”, explica o pesquisador da Epamig. A explora��o econ�mica do pequi � respons�vel pelo sustento de um grande n�mero de fam�lias de coletores e agricultores familiares que vivem em Japonvar e nos munic�pios vizinhos.

Preju�zos passam de 90 mil �rvores mortas
A 'broca dos pequizeiros' leva a preju�zos milion�rios nos pequenos munic�pios do Norte de Minas, onde o fruto-s�mbolo do cerrado garante o sustento e a renda de milhares de fam�lias. T�cnico da Emater-MG em Japonvar, Fernando Cardoso de Oliveira disse que o ataque da praga gerou perdas da ordem de R$ 4 milh�es no munic�pio na safra 2018/2019.
Segundo Fernando Oliveira, durante a �ltima safra a coleta e venda do pequi in natura, o beneficiamento e a comercializa��o dos derivados do fruto movimentaram cerca de R$ 6 milh�es no munic�pio. Mas, se n�o tivesse ocorrido a queda da produ��o, da ordem de 40%, provocada pela fraga, essa receita teria alcan�ado cerca de R$ 10 milh�es no munic�pio.
De acordo com o t�cnico da Emater, a ind�stria do pequi emprega cerca de 2,63 mil fam�lias em Japonvar, que conta com uma popula��o de 8,3 mil habitantes. Mais de 60% da popula��o do munic�pio mora na zona rural, onde a coleta do pequi no mato � feita por todos os membros de v�rias fam�lias, de homens e mulheres adultos a adolescentes e at� mesmo crian�as. Mas, moradores da �rea urbana tamb�m elevam a renda com a pr�tica extrativista.
Fernando Oliveira disse que os primeiros ind�cios da ataque da lagarta aos pequizeiros foram observados no Norte de Minas em 2012. Desde ent�o, os preju�zos aumentaram, e se intensificaram a partir da safra 2017/2018. Segundo ele, levantamento da Emater-MG aponta que somente na zona rural de Japonvar, em virtude do ataque da praga, 94,4 mil p�s de pequi j� morreram, considerando a m�dia de nove pequizeiros por hectare no munic�pio. Por�m, Oliveira ressalta que em toda a regi�o, a quantidade de pequizeiros mortos � muito maior, pois h� registro dos danos causados pela praga nos diversos munic�pios produtores de pequi da regi�o, vinculados �s ger�ncias regionais da Emater-MG de Montes Claros, Jana�ba, Janu�ria e S�o Francisco. (LR)