
Doze anos ap�s a primeira safra de azeitonas produzidas em Minas, o fruto das oliveiras amplia seu card�pio e � agregado a produtos de higiene pessoal e cosm�ticos que j� s�o comercializados a partir de Maria da F�, no Sul de Minas Gerais. A farmac�utica V�nia Cristina Lopes Gon�alves desenvolveu uma linha a partir do �leo, baga�o e caro�o, criou duas marcas, e aguarda o resultado do pedido de patente.
A cria��o de sabonetes, sach�s, �leos e cremes para a pele iniciou-se a partir de uma t�cnica desenvolvida por pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecu�ria de Minas Gerais (Epamig), com apoio da Funda��o de Amparo � Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), que resultou em um sabonete, despertando a aten��o da farmac�utica, que passou a pesquisar as in�meras possibilidades na utiliza��o do azeite.
A primeira linha de produtos origin�rios do azeite extra-virgem foram criados a partir da primeira extra��o do �leo em Maria da F�, gerando a marca “Maria Oliva”, posteriormente vendida. “Percebi que depois de processados, os res�duos da azeitona eram descartados, mas que ainda havia muitas propriedades a serem aproveitadas.” Ela ent�o passou a pesquisar o baga�o, que � a sobra do fruto triturado junto com o caro�o e partiu para nova linha que resultou em sabonetes, sab�es em barra esfoliantes, cremes hidratantes, sach�s de pano e vidro com flagr�ncias que decoram e perfumam ambientes, gerando tamb�m uma cadeia produtiva que envolve costureiras e bordadeiras (para os sach�s de tecido). Criou ent�o a marca “Jardim Secreto”.

No caso da azeitona, Luiz Fernando explica que foram desenvolvidas duas formas de produ��o: uma com azeite e outra com o res�duo da extra��o. Tamb�m h� a op��o do sabonete esfoliante. “Este � feito com o res�duo, que cont�m, al�m de uma quantidade de azeite de oliva, peda�os triturados do caro�o, proporcionando o efeito esfoliante.” Al�m de hidratantes, os sabonetes tamb�m representam importante fonte de renda para a regi�o.
“Na verdade, da azeitona se aproveita tudo. O mais nobre � o azeite, mas h� pesquisas que indicam sua utiliza��o na alimenta��o de gado, fonte de energia e at� a madeira das oliveiras em artesanato”, reconhece o pesquisador.
DESENVOLVIMENTO
O diretor de Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o da Fapemig, Paulo Beir�o, disse que a utiliza��o do fruto em outros setores, al�m do aliment�cio, � um exemplo da aplica��o de conhecimento originado de pesquisa gerando novas oportunidades para o desenvolvimento econ�mico e social de uma regi�o. "Novos neg�cios poder�o ser criados a partir dessa tecnologia, e a dimens�o que eles poder�o tomar depende agora do setor privado. O mundo � o limite!", pontua.
Silva destaca, ainda, a import�ncia da cadeia da olivicultura para a regi�o de Maria da F�. De acordo com o pesquisador, hoje s�o cerca de 1 milh�o de plantas, 2 mil hectares plantados, cerca de 60 marcas comerciais de azeite, uma produ��o em 2018 de 800 mil quilos de azeitonas, das quais foram extra�dos 80 mil litros de azeite. “Al�m disso, estamos trabalhando outras possibilidades de explora��o da olivicultura, como azeitonas em conserva, folhas da oliveira, artesanato com a madeira da oliveira e cosm�ticos come�am a se desenvolver e toda essa cadeia tem movimentado a regi�o da Serra da Mantiqueira, trazendo benef�cios econ�micos, sociais e culturais”, finaliza.
Devido as condi��es clim�ticas no in�cio do ano, a produ��o de azeite teve uma queda vertiginosa em 2019, de 80 para 20 mil litros. Entretanto as expectativas para o pr�ximo ano s�o bem melhores e de que sejam retomados os n�meros registrados no ano passado.
Segundo o IBGE, no Brasil h� quatro estados produtores de azeitona (Rio Grande do Sul, Minas Gerais, S�o Paulo e Bahia). Em 2018, Minas Gerais registrou produ��o de 528 toneladas (32% do total nacional) em uma �rea de 346 hectares. As regi�es produtoras de azeitona em Minas Gerais s�o: Sul de Minas (88,6% da produ��o estadual) e Central (11,4% da produ��o estadual). Os principais munic�pios produtores s�o Cristina, Alagoa, Maria da F�, Delfim Moreira e Baependi.
As primeiras mudas de oliveira chegaram a Maria da F� na d�cada de 1950, trazidas por um imigrante portugu�s. O clima frio ajudou na adapta��o e foram identificadas outras regi�es com possibilidades de expandir o plantio, como as serras da Mantiqueira e do Mar e no Esp�rito Santo. Com o sucesso em Minas, o Rio Grande do Sul tamb�m come�ou a produzir, j� que as condi��es clim�ticas desse estado s�o favor�veis.
De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, o azeite � um produto de alto valor financeiro agregado. Muito apreciado tanto na parte da gastronomia quanto medicinal. O Brasil � um dos grandes consumidores do produto. Especialistas de pa�ses com tradi��o j� comprovaram a qualidade do produto e algumas marcas j� receberam pr�mios em concursos internacionais.