
Sofrer com inflama��es cut�neas – a famigerada acne – n�o � queixa restrita aos jovens. Na vida adulta, dos 20 anos aos mais de 50, o surgimento de espinhas tamb�m aflige. E, em especial, as mulheres, j� que acomete tr�s vezes mais a pele feminina que a masculina. No Brasil, em m�dia, 16 milh�es de adultas sofrem com o problema. Segundo especialistas, a acne ataca principalmente a zona U (queixo, mand�bula e pesco�o) e tende a ser vermelha e dolorida. O resultado � um quadro que, muitas vezes, interfere no bem-estar, com preju�zo para a autoestima, afetando a qualidade de vida.
J� � sabido que a acne � uma doen�a inflamat�ria cr�nica. Ou seja, n�o tem cura, mas pode ser tratada e controlada. A afirma��o vem de grupo de m�dicos presentes na apresenta��o “Acne na mulher adulta: uma nova doen�a cr�nica”, da farmac�utica Bayer, que contou com a presen�a dos dermatologistas Marco Rocha e Edileia Bagatin, da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp); Tha�s Proen�a, da Faculdade de Medicina da Santa Casa de S�o Paulo; e Maria Cec�lia Machado-Rivitti, da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (USP).
O grupo apresentou pesquisa que aponta uma novidade – a conclus�o de que fatores gen�ticos contribuem para o desenvolvimento da doen�a, descoberta que indica novas possibilidades de tratamento.
NOVO PROTOCOLO Autor do estudo “Acne na mulher adulta: um guia para a pr�tica cl�nica”, o dermatologista Marco Rocha investigou a atividade de alguns receptores celulares (TOLL LIKE 2 ou TRL-2) presentes na pele de mulheres com e sem acne. Ele explica que esses receptores se ligam � bact�ria P.acnes, que est� envolvida no processo inflamat�rio, presente em todo o desenvolvimento da inflama��o. “A conclus�o aponta que, em mulheres que sofrem com o problema, a comunica��o entre receptores e bact�ria � aumentada, o que indica o tra�o gen�tico”, descreve. Assim, “ter ou n�o a bact�ria n�o importa. O que interessa � como ela vai interagir com o sistema imune”, explica Rocha.
Ainda segundo o m�dico, a import�ncia do estudo � melhorar a qualidade e a efic�cia de tratamentos nos consult�rios dermatol�gicos, al�m de derrubar tabus em torno da acne. A partir dos resultados, Marcos Rocha e outros m�dicos criaram uma guia para a pr�tica cl�nica referente � acne na mulher adulta, publicado em fevereiro no Anais Brasileiros de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Atualizar o protocolo de atendimento � fundamental para avan�ar no tratamento. As mulheres adultas acometidas pela acne sentem muito impacto na qualidade de vida, mais do que na adolesc�ncia, fase � qual ela � geralmente associada”, ressalta o m�dico.
CUIDADOS DI�RIOS Durante o evento, a apresentadora e modelo Ana Hickmann, de 38 anos, falou sobre como lida com a acne. “Na adolesc�ncia, cheguei a perder trabalhos devido �s espinhas. Depois de adulta e j� com meu filho nascido, o problema vez por outra volta. Mas aprendi algumas dicas de cuidados e conto com os avan�os na dermatologia, al�m de aten��o multidisciplinar com m�dicos de outras especialidades e com o nutricionista, para minimizar e controlar a acne”, revela.
Entre os cuidados di�rios, Ana disse que n�o dormir com a pele suja � lei. O ritual de limpeza (demaquilante bif�sico, �gua miclear e sabonete manipulado) � seguido por hidrata��o, com uso de um produto espec�fico para o dia e outro para a noite. Ela lembra que problemas pessoais interferem na sa�de da pele – da� o estresse ser um fator de gatilho. Afirma, ainda, que recorre a tratamentos com laser para minimizar manchas causadas pela acne e refor�a: “n�o v� � farm�cia com a receita da colega. Cada caso � um caso e s� o m�dico poder� indicar o tratamento ideal”.
A funcion�ria p�blica Karina do Nascimento � outra adulta acometida pela acne. Aos 35 anos e m�e tr�s vezes, ela conta que o problema piorou ap�s o nascimento do primeiro filho. “J� fiquei com o rosto tomado de espinhas internas, que tamb�m apareciam no tronco e nas costas. Fiz diversos exames hormonais e nenhuma anormalidade foi detectada. Para controlar o problema, adotei tratamento dermatol�gico especializado e mudei h�bitos de vida. Hoje, sei que at� mesmo a qualidade do sono � importante no controle da acne”, aponta.
FUTURO Marco Rocha e os demais m�dicos que assinam o estudo afirmam que a mudan�a de h�bitos e o tratamento direcionado t�m, sim, efeitos no controle da doen�a. “Al�m dos mecanismos imunoinflamat�rios, deve-se considerar exposi��o excessiva ao Sol, estresse, alimenta��o, tabagismo, priva��o do sono, o uso de alguns medicamentos e cosm�ticos, al�m de algumas doen�as endocrinol�gicas. Isso tudo s�o fatores que levam ao aparecimento da acne. Assim, � preciso estar atento a eles, al�m de procurar o m�dico, que vai avaliar cada caso para indicar o melhor tratamento, que sempre ser� realizado a longo prazo.”
A pesquisa refor�a que o tratamento, baseado em medicamentos que variam de paciente para paciente (antibi�ticos, horm�nios e outros), deve ser cont�nuo. E aponta para avan�os. “N�o adianta atacar s� a bact�ria. Nem pensar que horm�nios resolver�o o problema. Mas o fato de estarmos descobrindo novidades sobre a acne representa avan�o no protocolo atual para o controle da doen�a e, quem sabe, possibilidade de cura no futuro”, conclui Marco Rocha.
Marco Rocha, dermatologista
Causas e fatores agravantes para a acne na mulher adulta
» Hist�rico familiar:
cerca de 50% das mulheres adultas com acne t�m m�e ou irm� com o mesmo problema, devido � predisposi��o gen�tica;
» Dieta:
alimentos com alta carga glic�mica e alguns latic�nios pioram a acne;
» Estresse: relacionado ao estilo de vida moderno das mulheres, com reflexo a partir de priva��o do sono e dupla jornada de trabalho;
» Tabagismo:
crises mais frequentes est�o associadas ao tabagismo, por conta da produ��o de subst�ncias estimuladas pela nicotina;
» Sol: exposi��o excessiva aos raios solares;
» Excesso de oleosidade na pele:
uso de medicamentos e cosm�ticos inadequados � pele acneica;
» Horm�nios: a acne pode aumentar em per�odos de grandes altera��es hormonais ou por conta de doen�as end�crinas.
Para controlar a acne
O tratamento da acne, doen�a cr�nica e que depende de diversos fatores, associados ou n�o, deve ser cont�nuo e em diversas frentes. Conhe�a o protocolo b�sico:
» Toque o rosto o menos poss�vel para n�o transferir sujeira e evitar a alta oleosidade;
» Lave o rosto duas vezes ao dia, a fim de n�o acumular
impurezas e suor;
» N�o esprema ou cutuque espinhas e cravos;
» Mantenha um hidratante sem �leo na bolsa e aplique quando necess�rio para evitar o ressecamento ou a oleosidade provocada por ambientes com ar-condicionado;
» Beba bastante �gua e privilegie alimenta��o baseada em cereais, frutas, verduras, legumes, alimentos integrais, castanhas e peixes;
» N�o exagere na bebida alco�lica e na cafe�na para n�o desidratar a pele ou aumentar a produ��o de cortisol;
» Pratique exerc�cios regularmente para diminuir o estresse e manter o bem-estar;
» Tenha uma boa noite de sono.
Conhe�a seis mitos sobre a acne
1. � uma doen�a s� de adolescente
Apesar de ser geralmente associada � adolesc�ncia, a acne n�o � um problema exclusivo dessa fase. Ela � um problema comum para os mais jovens, mas a preval�ncia da acne nos adultos aumentou bastante nos �ltimos anos, principalmente entre as mulheres. Alguns dados sugerem que at� 40% das mulheres com mais de 25 anos podem apresentar acne. Estima-se que cerca de 16 milh�es de brasileiras sofram com o problema.
2. Cravos e espinhas s�o ac�mulo de sujeira
Normalmente associada diretamente � oleosidade da pele, a acne � uma condi��o comum e que depende de muitos fatores. Ocorre quando a oleosidade, as c�lulas mortas e uma maior produ��o de sebo bloqueiam os poros da pele. Os poros obstru�dos ficam mais escuros em contato com o ar e, assim, formam os cravos. Alguns tratamentos podem causar irrita��o e ressecamento, por isso, � importante a hidrata��o com produtos que n�o bloqueiem os poros e a limpeza da pele com modera��o – lavar o rosto em exagero pode prejudicar a hidrata��o e aumentar a oleosidade.
3. Comer chocolate causa espinhas
Apesar de a alimenta��o ter certa influ�ncia no desenvolvimento da acne, a cren�a comum de que o chocolate pode piorar o estado da pele n�o � comprovada. Quem estiver preocupado com a situa��o das espinhas e cravos deve evitar alimentos e bebidas ricos em latic�nios ou com �ndice glic�mico elevado – a��car, p�o, arroz e outros que cont�m farinha branca em sua composi��o. Uma alimenta��o � base de alimentos integrais e org�nicos, legumes, vegetais, frutas, feij�es e lentilhas �, al�m de boa pedida para a sa�de, a sugest�o dos especialistas para melhorar a condi��o est�tica da pele.
4. Acne tem cura
Existe uma cren�a generalizada de que a acne � uma doen�a cur�vel e que um compliado de antibi�ticos basta. As pacientes adultas com acne apresentam, segundo estudos recentes, altera��o gen�tica que torna a doen�a cr�nica, diferentemente das adolescentes, em quem a doen�a deixa de se manifestar ao fim dessa fase. Tratamentos eficazes e cont�nuos podem manter a acne sobre controle, mas n�o cur�-la por completo.
5. O uso de maquiagem piora o quadro de acne
Depende do cosm�tico. Alguns cosm�ticos costumam conter subst�ncias que contribuem para o entupimento dos poros da pele, o que causa ou piora as espinhas e os cravos. N�o � necess�rio evitar as maquiagens, mas � recomend�vel optar por aquelas livres de �leo e preferir pinc�is em vez da m�o para pass�-las. O uso de maquiagem melhora a qualidade de vida dessa mulher, contribui para a prote��o solar e reduz o h�bito de se escoriar. Outro cuidado importante � lavar bem o rosto ao fim do dia com um produto que n�o leve �lcool na composi��o, pois dormir com maquiagem obstrui os poros e pode causar as erup��es da acne.
6. Cravos precisam ser espremidos
Cuidado: espremer cravos e espinhas pode atrasar o processo de cicatriza��o da pele, agravar as inflama��es ou at� causar infec��es. Outras solu��es comumente conhecidas, como passar pasta de dente nas inflama��es, podem ainda causar irrita��o, descama��o e alergias, por conta de subst�ncias n�o destinadas ao uso na pele. Cravos e espinhas podem ser espremidos por um profissional especializado, de maneira correta e em local adequado e higienizado. Por isso, a melhor solu��o � sempre o acompanhamento m�dico e a manuten��o prolongada do tratamento.
Fonte: Estudos sobre acne na mulher adulta (Bayer)