
O apelo est� por toda parte. E n�o � f�cil se manter na linha. A for�a da propaganda, a facilidade de acesso, o poder das redes sociais com seus influenciadores e celebridades (muitos, sem cerim�nia, assumindo o papel de m�dicos nutr�logos e nutricionistas) s�o chamarizes para a popula��o leiga, que, por mais que busque a informa��o correta, se v� num emaranhado de not�cias apontando esse ou aquele como alimento saud�vel, com nutrientes na medida e uma lista sem fim de benef�cios, seja para a sa�de, perda de peso, pele vi�osa, cabelos brilhantes, aumento do col�geno etc. e tal. Sem falar na hipnose de embalagens que vendem muitos alimentos como verdadeiros “rem�dios” do bem, mas que, na realidade n�o o s�o. E est�o repletos de conservantes, estabilizantes, aditivos e corantes.
Assim, o mercado de produtos que s� parecem saud�veis aumenta a cada temporada. Raphaella Cordeiro, nutricionista cl�nica e esportiva, alerta que os riscos de comer tais alimentos s�o in�meros, principalmente se com frequ�ncia e em excesso. “Doen�as como obesidade, diabetes, hipertens�o arterial, colesterol alto, c�nceres, intoler�ncias, alergias e disbiose s�o exemplos reais. Todas elas podendo ter origem a partir de maus h�bitos alimentares e de estilo de vida.”
Raphaella Cordeiro avisa que o ideal � usar a ferramenta que temos a nosso favor: o r�tulo dos alimentos!. “� preciso ficar atento aos ingredientes e qual a sua ordem de quantidade, que sempre � da maior para menor na lista que fica no verso da embalagem. A parte frontal do r�tulo seria a parte vend�vel do produto e as maiores informa��es para entender o que ele cont�m fica, geralmente, na parte de tr�s. Ent�o, ler o r�tulo � uma forma de tentar entender melhor o que est� sendo levado para casa e, logo, consumido.”
Nesse jogo de esconde e revela, h� alimentos que parecem inocentes. S� parecem. O peito de peru � um deles. Muitos pensam que � uma op��o leve e saud�vel. “� um embutido conhecido como alimento ultraprocessado e o consumo deve ser espor�dico. Mas o ideal � substitu�-lo por queijos magros, pat� caseiro de frango ou de sardinha, pat� de gr�o-de-bico, pasta de amendoim integral (sem a��car), enfim, as ideias podem variar conforme gosto e prefer�ncia, basta ter criatividade.”
Outro alimento visto como “cordeirinho”, mas que facilmente assume o papel de vil�o, � a aclamada barra de cereal. “No geral, as barras de cereal t�m muito a��car na composi��o. E, muitas vezes, isso n�o est� escrito de forma clara e, sim, com outras denomina��es, como xarope, por exemplo. S�o op��es industrializadas que devem ser usadas tamb�m de forma espor�dica. E, mais uma vez, o r�tulo vai ajudar na hora da escolha. Para ler o r�tulo tem que ter paci�ncia e aten��o porque, muitas vezes, as informa��es que precisamos saber n�o s�o t�o claras. Al�m de ser em tamanho reduzido, o que dificulta a leitura e tamb�m o entendimento”, avisa a nutricionista.
Para Raphaella Cordeiro, a chave do segredo de uma alimenta��o segura e saud�vel est� na disponibilidade que todos deveriam ter de ler o r�tulo. Deveria ser uma atitude autom�tica, como � verificar a data de validade de todo produto. “A partir do entendimento de que o r�tulo � uma ferramenta que temos em nossas m�os para escolher o que vamos levar para casa, tudo fica mais f�cil. S� assim vamos escolher melhor na hora da compra. Consci�ncia nutricional � o caminho.”
QUANTO MAIOR A “VIDA” DO ALIMENTO, MENOR A DO HOMEM
Outra miss�o que pode ser obst�culo na hora de escolher o alimento saud�vel � a famosa desculpa da falta de tempo, aliada � praticidade. Ent�o, que mal pode fazer um risoto de vegetais com carne? Ou mesmo uma lasanha integral de creme de espinafre? Prontas para comer, s� descongelar? “Ainda que a falta de tempo seja uma realidade, � um trabalho mesmo muito dif�cil fazer as pessoas entenderem o que est�o comendo. Acredito que tudo tem que partir do entendimento de que alimentos ultraprocessados trazem com eles in�meros ingredientes, que podem fazer muito mal � sa�de. Entender que quanto maior a “vida” de um alimento, menor pode ser a nossa. E isso vai entrando na cabe�a das pessoas a partir da informa��o, com a ajuda da boa vontade e, assim, vamos caminhando para a consci�ncia nutricional. Podemos pensar que a boa vontade � algo individual e que pode fazer enorme diferen�a a partir do momento em que entendemos que � necess�rio nos alimentar melhor, com comida de verdade. Do contr�rio, teremos que tratar doen�as que vir�o em consequ�ncia de h�bitos ruins de vida. E nutri��o �, sem d�vida nenhuma, preven��o de doen�as”, enfatiza Raphaella Cordeiro.
Raphaella Cordeiro lembra uma frase de autor desconhecido, de que ela gosta muito e que todos deveriam adotar: “Descasque mais e desembale menos”. A nutricionista destaca que n�o tem erro. Informa��o, conscientiza��o, educa��o, reeduca��o... esse � o caminho para a mudan�a. “Caso contr�rio, teremos gera��es doentes pelo simples, ou n�o, fato de se alimentar mal. Vivemos numa �poca em que, erroneamente, colocaram nossos alimentos saud�veis (arroz, feij�o, macarr�o, batata etc.) como vil�es, quando n�o s�o. Houve uma invers�o no entendimento do conceito da nutri��o, da dieta e da alimenta��o saud�vel, o que leva as pessoas a demonizar as comidas de verdade e preferir os p�s, as c�psulas, as restri��es severas, o corte de grupos alimentares. E tudo isso porque o equil�brio e a consci�ncia nutricional, assim como sair do sedentarismo, d�o trabalho. Por isso, s� penso em um caminho: o da informa��o, como para outros tantos males da nossa sociedade.”
. Leia as letras pequenas!
Lembre-se sempre de ler a lista de ingredientes no r�tulo para saber se o alimento � ultraprocessado ou n�o. No geral, produtos com acr�scimo de conservantes, estabilizantes, corantes, edulcorantes e aromatizantes, e tamb�m com excesso de gordura vegetal hidrogenada, a��car e s�dio n�o s�o saud�veis, j� que podem trazer consequ�ncias negativas � sa�de. O alerta � do manual Alimenta��o cardioprotetora, do Minist�rio da Sa�de, em parceria com o Hospital do Cora��o (HCor).
» Iogurte natural desnatado: leite pasteurizado desnatado e/ou leite reconstitu�do desnatado e fermento l�cteo.
» Iogurte integral de mel: leite pasteurizado integral e/ou leite reconstitu�do; xarope de a��car, preparado de mel (xarope de a��car, �gua, mel, amido modificado, a��car, conservador sorbato de pot�ssio, espessante goma xantana, acidulante �cido c�trico e aromatizante), prote�na concentrada de leite; soro de leite em p� e fermento l�cteo. Ou seja, ultraprocessado.