Na sua fun��o primordial e biol�gica, o medo � considerado por especialistas algo natural e saud�vel. Afinal, o medo costuma nos afastar de situa��es potencialmente perigosas e que representem amea�a para a nossa sobreviv�ncia. No entanto, em excesso, o sentimento do medo pode atrapalhar a vida de qualquer pessoa, no aspecto relacional, social e psicol�gico.
Para a arque�loga portuguesa Joana Freitas, o medo est� constantemente presente nas nossas vidas. O que devemos ter presente � a forma como o encaramos e dosamos. “O medo apresenta-se perante o ser humano como uma for�a. For�a essa que pode pender para uma vertente positiva ou uma mais negativa. O sentir medo pode nos retrair de fazer certas coisas que nos seriam nocivas, mas ao mesmo tempo pode funcionar como uma alavanca quando o que temos a perder se sobrep�e a ele. O medo e o desconhecido andam lado a lado. A maioria dos nossos temores se deve essencialmente porque n�o concentramos em n�s todo o conhecimento e controle que desejar�amos”
Segundo Joana Freitas, se excluirmos o medo prim�rio e sensorial (medo de alturas por exemplo), ficamos com o mais perigoso dos medos: o racionalizado. “Pensar em quest�es concretas, com a clareza de que o pr�prio pensamento � perigoso, deixa-nos com a sensa��o de que toda a nossa exist�ncia se concentrar� em quest�es que, embora nos amedrontem, temos que as ultrapassar.” O maior medo para grande parte das pessoas � a pr�pria morte. Mas a vida sem morte tamb�m n�o tem sentido. Est�o intimamente ligadas. “Mas por que a morte nos provoca tanto receio e tristeza? Ser� porque � um fim ou porque, na realidade, os nossos receios nunca nos deixaram come�ar verdadeiramente? Morrer sem viver. Mas para toda moeda existe o seu reverso. E se o mundo � dos fortes, s�o eles que, ao temer, redobram a sua coragem e, mesmo assim, atingem os seus objetivos. Se o medo nos retrair, a coragem nos ativa. Vivemos nesse balan�o e depois � a nossa intelig�ncia que determina para que lado ca�mos”, conclui a arque�loga.
Emo��o ou sentimento?
O fil�sofo Fabiano de Abreu traz algumas dicas e pensamentos que podem ajudar voc� a vencer o medo excessivo e se tornar uma pessoa mais aberta e livre para ir rumo �s suas conquistas na vida.
O conceito de medo
A primeira coisa que penso em rela��o ao medo � o fato de ele ser uma emo��o e n�o um sentimento. O sentimento � o resultado de uma emo��o, ou seja, o medo pode ser prim�rio quando � emo��o e transformar-se em secund�rio ao tornar-se sentimento e da� surgirem s�ndromes, como do p�nico, que levam a fobias, TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e TAG (transtorno de ansiedade generalizada).
Os dois lados do medo
O lado positivo do medo � que ele e a dor preservam a vida, s�o essenciais. Por isso, temos que definir bem o tipo de medo e o peso dele nas nossas vidas. Mas se o medo atrapalha ou dificulta as nossas decis�es e torna-se um obst�culo para a conquista, penso numa receita pr�tica para que possa lidar com ele ou venc�-lo.
O medo � positivo quando nos protege de trag�dias ou algo que v� nos fazer mal. Negativo quando ele nos impede de conquistar ou seguir adiante. O medo est� constantemente presente nas nossas vidas. A diferen�a � como o dosamos na nossa exist�ncia.
A morte
Penso que o medo est� relacionado diretamente � morte. � como se a morte fosse o medo maior e todos os outros proviessem dele. Se n�o existisse a morte, existiriam mais chances, mais tempo e, com isso, mais oportunidades. As consequ�ncias est�o ligados ao bem-estar e � sa�de, que tem como meta atrasar a morte.
Ent�o, eu pensava na morte de uma maneira diferente, como um motivo para n�o temer a vida. Se n�o temo a vida, logo, tenho que colher os seus frutos. Logo, tenho que realizar a��es que me deem resultado antes que seja tarde.
Ven�a o medo colocando a raz�o a servi�o da emo��o
Temos sempre que definir bem o tipo de medo e as suas consequ�ncias. Se o medo preserva-me da morte e as suas chances s�o grandes, vale a pena arriscar? Mas, se o medo o impede de seguir adiante para as suas conquistas, vale a pena ter medo? Por isso, devemos utilizar a intelig�ncia emocional para medir a raz�o referente ao medo, para que possamos controlar e regular isso de maneira ben�fica � vida. Colocar a raz�o a servi�o da emo��o.
Vencemos o medo quando trabalhamos a nossa intelig�ncia emocional a favor da raz�o. Costumo utilizar de estrat�gias reversas. Era e sou uma pessoa t�mida, tinha os meus medos. Ent�o, pensava: a vida � t�o curta, logo, se eu tiver medo e emperrar, n�o saberei o resultado. E a raz�o far� com que voc� ultrapasse o medo.