Na �ltima sexta-feira, dia 20, a cantora gospel Fernanda F� morreu por causa de uma embolia pulmonar. A esposa do ex-jogador Cear� havia feito uma lipoaspira��o e, quatro dias depois da cirurgia apresentou complica��es. Segundo Carlos Eduardo Jorge, angiologista e cirurgi�o vascular, o problema seria em decorr�ncia da gordura. “A gordura pode ter ca�do na circula��o por causa da lipo ou forma��o de trombos, geralmente nas veias das pernas, que se soltam e v�o para o pulm�o.”
A embolia acontece quando as art�rias dos pulm�es s�o obstru�das. “Embolia pulmonar ou tromboembolismo pulmonar (TEP) � o entupimento da circula��o arterial dos pulm�es por um ou mais trombos (co�gulos). Em geral, o TEP ocorre pela emboliza��o de um co�gulo formado nas veias das pernas, o que chamamos de trombose venosa profunda (TVP)”, explica a cardiologista e arritmologista do Hospital Life Center, Gabriela Miana de Mattos Paix�o. Ainda de acordo com a m�dica, os sintomas dependem do tamanho do co�gulo, do ramo da art�ria do pulm�o envolvida, al�m das condi��es cl�nicas card�acas e pulmonares pr�vias do paciente.
“Dor no peito, principalmente � respira��o e falta de ar s�o os mais frequentes, em torno de 85% dos casos. Febre, tosse com sangue e/ou desmaio tamb�m podem ocorrer. A presen�a de incha�o em umas das pernas, acompanhada de dor, calor ou vermelhid�o pode estar presente nos casos em que temos trombose venosa profunda associada”, alerta.
Existem exames para diagnosticar a doen�a, por�m � necess�rio ter a suspeita da embolia, pois os testes podem ser invasivos. “H� exames capazes de diagnosticar a patologia, mas � muito importante que quando utilizado o mesmo, deva ser correlacionado com regras de predi��o cl�nica (suspeita diagn�stica) para, assim, diminuir a necessidade da utiliza��o de testes de diagn�stico invasivo. Portanto, a cintilografia pulmonar de ventila��o/perfus�o e a sngiotomografia computadorizada de t�rax s�o dois dos poss�veis exames � disposi��o, �teis para se estabelecer o diagn�stico, sempre se considerando a probabilidade cl�nica pr�-exame
(alta, moderada ou baixa probabilidade)”, exemplifica Leonardo Meira de Faria, pneumologista do Hospital Fel�cio Rocho.
Outros casos
A aposentada Carmen L�cia Machado de Oliveira Serrano, de 65 anos. Teve embolia pulmonar nos dois pulm�es, a primeira vez durante a gravidez. “Numa gravidez de alto risco, comecei a sentir dor no peito e costas, tossia muito e como eu estava gr�vida, n�o podia fazer alguns exames. Ap�s uma semana, os sintomas n�o melhoraram e ficaram mais intensos, come�ou a sair sangue pelo nariz e boca."
Na segunda vez, em 2011, ela conta que ficou de repouso durante seis meses por causa de uma �lcera. "Ap�s a alta, comecei a sentir dor no peito e costas. A dor aumentou e o cardiologista receitou rem�dio para depress�o. Tomei os medicamentos, mas me sentia mal. At� que senti uma dor muito forte, fui ao hospital. Falei com a m�dica que estava com embolia pulmonar e ela ficou surpresa. Eu disse que tinha certeza. Ela me encaminhou para o exame e realmente estava com um problema no pulm�o. Ap�s novo exame foi confirmado”, lembra. Hoje, a aposentada faz o controle para prevenir mais problemas. “Uso medicamento de uso cont�nuo, Marevan, e controle do RNI para verificar a dosagem do medicamento”, revela.
Outro caso parecido com o da cantora Fernanda F� � o da carioca Nilma Pereira. Um m�s ap�s realizar abdominoplastias, pr�teses mam�rias e lipoaspira��o em 12 de novembro do ano passado, ela conta que, ao levantar da cama, sentiu uma c�imbra muito forte na perna esquerda. "Ao mesmo tempo, observei que minha perna estava muito roxa e inchada, da virilha at� a ponta do p�. Ap�s alguns minutos, perdi a sensibilidade da perna, sentia dores muito forte e n�o consegui mais andar. Os sintomas foram de repente e, felizmente, em quest�es de algumas horas j� estava no centro cir�rgico”, recorda.

Palavra de especialista
Bruno de Lima Naves (vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular)
"Tromboses acontecem devido a uma tr�ade de fatores, que s�o: imobiliza��o prolongada, altera��es de coagula��o e trauma. Muito resumidamente, imobiliza��o prolongada pode ser uma viagem demorada ou um repouso ap�s uma grande cirurgia. Por�m, fatores que causam a lentid�o da circula��o tamb�m contribuem, como excesso de peso, que dificulta o retorno venoso, e varizes dos membros inferiores, que deixam o retorno do sangue mais lento. Altera��es de coagula��o podem ser um problema heredit�rio, que ocorre quando a pessoa nasce com uma tend�ncia maior para fazer trombos (trombofilia). Tamb�m podem ser quando ela fuma e usa p�lula, quando est� muito desidratada ou � portadora de c�ncer ou de alguma doen�a inflamat�ria que pode alterar a coagula��o sangu�nea. E, dependendo da situa��o, usar medica��o anticoagulante para preven��o em casos bem selecionados."