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Estado de Minas REPORTAGEM DE CAPA

Express�o divina do ser humano

A ora��o, canal de comunica��o com Deus, faz parte da humanidade. Para o espiritismo, dita com o cora��o s� faz bem. No juda�smo, � um processo reflexivo e de reencontro consigo mesmo


postado em 15/12/2019 07:00 / atualizado em 16/12/2019 12:11

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

"Quanto mais simplicidade, naturalidade, confian�a, humildade, mais nossa mente vibra num processo de luminosidade que alcan�a paragens inimagin�veis"

Juselma Maria Coelho, presidente da Sociedade Esp�rita Maria Nunes (Seman)

 

A ora��o n�o precisa de local, hora ou dia apropriado para ser proferida. A mente e o cora��o de cada um o conduz a Deus quando for necess�rio. E o grande desafio � fazer da “nossa intimidade o verdadeiro altar de comunica��o com Deus, nosso Pai”, na percep��o de Juselma Maria Coelho, presidente da Sociedade Esp�rita Maria Nunes (Seman), da Sociedade Esp�rita Joanna de �ngelis (Seja) e do conselho administrativo do Instituto Assistencial Andr� Luiz.
 
Para ela, por meio da prece todos buscam se elevar at� Deus e, para o espiritismo, todas as preces de todos os cultos s�o boas se forem ditas com o cora��o, e n�o com os l�bios. “Na sua infinita miseric�rdia, Deus n�o rejeita a voz que lhe pede ajuda ou lhe agradece s� porque a pessoa faz a prece de um jeito ou de outro. O que entendemos � que a prece deve ser sempre simples e conter poucas e sinceras palavras. Aquele que n�o ora e desconhece a a��o benfeitora da prece se sente distanciado da vida e das manifesta��es de real alegria que ela proporciona. N�o h� como desprezar a ora��o que funciona como um processo de ilumina��o do ambiente, que ela seja feita sem exageros, sem fanatismo, sem lamenta��es sem sentido. Orar � trabalhar no cora��o para que todos os sentimentos de �dio desapare�am, deixando de existir a vingan�a. � perdoar as ofensas, � doar sem esperar recompensa, � amar constantemente.”
 
Juselma Maria Coelho destaca que a ora��o, canal de comunica��o com Deus, sempre foi utilizada em todas as �pocas da humanidade, variando a forma de express�o, mas sempre concretizando um di�logo do filho (o ser humano) com o Pai (Deus). “Quanto mais cresce o homem no seu conhecimento t�cnico e cient�fico, mais ele tem oportunidade de identificar uma raz�o suprema que rege todas as coisas do Universo. � exatamente a�, quando ele identifica que existe um ser maior, que eleva seu pensamento e dialoga com este ser da forma que sabe dialogar: ele se emociona, ele admira, ele se surpreende, ele se alegra e expressa esses sentimentos com os recursos que tem, que n�o deixa de ser uma forma de ora��o. Aquele que ora e busca ser coerente com seu sentimento expresso na ora��o vive em maior harmonia, suavizando as rela��es com seus semelhantes, familiares, com a natureza enfim.”

ESTADO INTERNO

Conforme Juselma, para que as pessoas aprendam a orar, elas precisam antes identificar a exist�ncia de Deus, entendendo-o como Pai. “Ao se conscientizar, elas passam a se voltar ao Pai para agradecer, louvar, pedir e se orientar. E � nessas buscas que aprender�o a orar. No in�cio, �s vezes, a pessoa usa de formalidades para se dirigir a Deus, mas quando percebe o quanto ele � amor, ela se enche de confian�a e naturalidade, sempre com respeito.” Para ela, a verdadeira ora��o depende apenas do estado interno que vibra em n�s. “Quanto mais simplicidade, naturalidade, confian�a, humildade, mais nossa mente vibra num processo de luminosidade que alcan�a paragens inimagin�veis. Orar � um ato elevado no reino dos homens. E saber orar � express�o divina no seio humano. Ent�o, ora��es especiais, repetidas diariamente, s� surtir�o efeito se ao pronunci�-las a pessoa estiver num estado interno de vibra��o de amor. N�o basta balbuciar maquinalmente as palavras.”
 
Em tempos conturbados, Juselma acredita que, “�s vezes, andamos distra�dos e nos empolgamos ou nos perturbamos com a viol�ncia que grassa em todo o planeta. Enquanto nos distra�mos com os fatos, nos esquecemos de que nosso Pai � todo amor e bondade, e que nada ocorre sem que Ele permita. Temos de identificar a vig�ncia das leis divinas e entender que tudo o que ocorre tem uma raz�o de ser e que todos os fatos, por mais complexos e confusos, v�o nos proporcionar com o passar do tempo a progress�o para a luz.”

HIGIENE DA ALMA

Muitos se esquecem do poder da ora��o ou s� lembram nas horas de dificuldade. Para Juselma, “se todos lembr�ssemos da ora��o nos momentos dif�ceis, j� ter�amos dado um grande passo, que � a confian�a na exist�ncia de um Pai que protege o filho. Bom seria, entretanto, se a ora��o fosse um bel�ssimo h�bito de amor, automatizado pela cren�a e pela convic��o em rela��o � exist�ncia de Deus, nosso Pai de amor. Assim como temos h�bitos di�rios de higiene do corpo f�sico, dever�amos ter os h�bitos di�rios de higiene da alma, que seria a ora��o”.
 
Juselma, que tamb�m � presidente da editora esp�rita Fonte Viva, escreveu a obra Linha direta com Deus, que � uma compila��o de ora��es que orientam o pensamento diante das dificuldades que qualquer um pode vivenciar. “Busquei embasar a fundamenta��o da ora��o em Jesus e em outros amigos espirituais, deixando um modelo de ora��o para as mais diversas situa��es nas quais possamos ser envolvidos no dia a dia. As dores contribuem para a evolu��o, sob a reg�ncia da lei de causa e efeito. Isso n�o deve impedir que a gente fa�a o que depender de n�s para melhorar a nossa condi��o atual.”
 
Se n�o h� dia, hor�rio e local, tamb�m n�o h� hora para come�ar a orar. E toda ora��o tem o seu valor, como bem destaca Juselma: “Aquele que canta, dan�a e fala em louvor a Deus manifesta o reconhecimento da sua depend�ncia constante do Pai. � medida que adentramos na compreens�o da import�ncia da vida e do valor que temos diante da grandeza de Deus, vamos mudando a forma de orar. 
 
A ora��o sai das simples manifesta��es concretas para vibra��es cada vez mais sutis e elevadas, que nos levam a entender que o sil�ncio tamb�m passa a ser prece profunda, cuja for�a � capaz de alterar a estrutura at� de ambientes f�sicos. 
 
� f�cil notar isso quando convivemos com algu�m que ora naturalmente e se submete a Deus, na grandeza da vida, independentemente da linha religiosa que abra�a”, finaliza.
 
Para o rabino Leonardo Alanati, da Congregação Israelita Mineira, a oração é o esforço humano de se ligar a Deus por meio de palavras, pensamentos e emoções(foto: Arquivo Pessoal)
Para o rabino Leonardo Alanati, da Congrega��o Israelita Mineira, a ora��o � o esfor�o humano de se ligar a Deus por meio de palavras, pensamentos e emo��es (foto: Arquivo Pessoal)
 
 
Oferenda a Deus
 
O juda�smo � a mais antiga tradi��o religiosa monote�sta, originou-se por volta do s�culo 18 a.C, e a base est� na obedi�ncia aos mandamentos divinos estabelecidos no livro sagrado: o Tor�. A ora��o para os judeus, segundo o rabino Leonardo Alanati, da Congrega��o Israelita Mineira, � o esfor�o humano de se ligar a Deus por meio de palavras, pensamentos e emo��es. “� tamb�m uma oferenda n�o material com a qual o presenteamos.”
 
O rabino Leonardo Alanati afirma que a ora��o � um dos elementos positivos no processo de cura, mas n�o � o �nico. “Nossos s�bios nos orientam a sempre procurar tratamentos m�dicos comprovados e adicionar a esses tratamentos a pr�tica da ora��o e o cumprimento de outros mandamentos.” Assim como, para ele, a f� potencializa o poder da ora��o, mas n�o � fundamental. O rabino destaca que Deus est� atento �s palavras e pensamentos de qualquer pessoa, independentemente de sua f�.
 
Um pensador do mundo atual, o rabino Leonardo Alanati explica que, “antigamente, quando o ser humano tinha menos poder e tecnologia, as pessoas recorriam mais � ora��o. O juda�smo � uma religi�o de atos, de n�o depender apenas de ora��es. Quando Mois�s estava diante do Mar Vermelho rezando, existe uma lenda que Deus lhe comanda: para de rezar e levanta os bra�os! Ele levantou os bra�os e o mar se abriu. A ora��o no juda�smo � tamb�m um processo reflexivo, de autoavalia��o, de reencontro consigo mesmo, al�m de se ligar a Deus”.
 
RELIGI�O DE ATOS

No juda�smo, o rabino Leonardo Alanati conta que h� ora��es especiais, que todos devem saber e repetir diariamente, e concorda que a ora��o pode ser uma conversa com Deus, pr�pria, particular, ainda que haja as preces prescritas para a religi�o: “O juda�smo evoluiu de ora��es espont�neas para ora��es prescritas, por diversas raz�es complexas. Atualmente, a maior parte das ora��es j� est� pronta, � s� ler. No entanto, os judeus s�o convidados a acrescentar algo pessoal �s ora��es tradicionais”.
 
O rabino lembra que existem ora��es de louvor, de pedidos e de agradecimento (al�m da confiss�o de pecados). “Mas quem s� reza para pedir, traz uma oferenda incompleta.” Ele lembra ainda que “muitas ora��es no juda�smo est�o ligadas a atos espec�ficos. Orar deve nos inspirar a agir. O juda�smo � uma religi�o de atos”. O que tem a ver com a divis�o da palavra ora��o: orar + a��o, ou seja, h� quem defina a ora��o como o momento de falar com Deus e agir, e n�o pedir. Mas �, sim, uma conversa para perceber e expressar o que sente e, por meio da intui��o, agir, mudar e agradecer pelas coisas boas e ruins, que tamb�m s�o aprendizados.
 
Nos ensinamentos do rabino Leonardo Alanati, ele enfatiza que existem dois outros componentes na ora��o judaica: comunidade e estudo. A ora��o superior, mais elevada, � a comunit�ria. A ora��o individual pode ocorrer, mas � incompleta. “A liturgia combinou alguns textos sagrados b�blicos e p�s-b�blicos entre as ora��es para que esta seja tamb�m uma oportunidade de aprendizado.” (LM) 


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