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Estado de Minas Comportamento

Fam�lia em quarentena: � preciso viver um dia de cada vez

A conviv�ncia familiar intensa obriga a todos a mudan�a de atitude para que a harmonia prevale�a


05/04/2020 04:00 - atualizado 06/04/2020 15:54

A jornalista Cristiane Araújo estabeleceu com o marido, Marco Aurélio, e o filho, João Gabriel, novas rotinas para este momento de isolamento em casa(foto: Arquivo Pessoal )
A jornalista Cristiane Ara�jo estabeleceu com o marido, Marco Aur�lio, e o filho, Jo�o Gabriel, novas rotinas para este momento de isolamento em casa (foto: Arquivo Pessoal )

 

De uma viagem de despedida a Buenos Aires, na Argentina, at� se ver presa dentro de casa, impedida de lidar com a vida como estava acostumada. A jornalista Cristiane Ara�jo foi acompanhar a sobrinha Fl�via, de mudan�a para a capital portenha para fazer doutorado em psicologia. Aproveitou, e foi em companhia da m�e, Gis�lia, de 94 anos, e da irm�, Val�ria. Passados os dias, no retorno ao Brasil embarcaram de m�scaras, j� que havia registro da COVID-19 por l�: “Ficamos preocupadas porque est�vamos com minha m�e, ainda que seja su- persaud�vel. Usamos m�scaras, �lcool em gel e tomamos todo o cuidado poss�vel, j� que circulamos por lugares tur�sticos, com presen�a de muitos estrangeiros. Uma volta apreensiva e sem saber se poder�amos estar assintom�ticos ou n�o”.

 

J� no Brasil, diante de todas as informa��es dispon�veis, ainda que truncadas, Cristiane conta que teve uma DR (discutir a rela��o) com o marido, Marco Aur�lio, administrador, de 52, para decidirem como agir, antes mesmo de as autoridades no Brasil decidirem pelo isolamento social. Acertaram que os dois iriam trabalhar home office, saindo o m�nimo poss�vel. O marido tem uma empresa de gerenciamento de estacionamentos e, mesmo sem fechar, porque h� clientes que precisam do servi�o, ele consegue gerenciar via WhastApp, telefone, e-mail ou mesmo ir menos ao local.

 

Na conversa, estabeleceram regras b�sicas de conviv�ncia. Cada um ter� de ter mais paci�ncia com o outro para manter a harmonia, ter mais toler�ncia e respeitar a individualidade. Eles moram em um apartamento que n�o � t�o grande, de tr�s quartos, e combinaram que, quando um precisasse de descanso e da sua solid�o, que fosse cada um para seu quarto. Um trabalha no escrit�rio e o outro no quarto.

 

O empresário José Renato Lara com os filhos Sofia, de 13 anos, e Rafael, de 7, destaca o lado bom de aproveitar mais a família(foto: Arquivo Pessoal)
O empres�rio Jos� Renato Lara com os filhos Sofia, de 13 anos, e Rafael, de 7, destaca o lado bom de aproveitar mais a fam�lia (foto: Arquivo Pessoal)

 

Cristiane confessa que a primeira semana foi bem confusa mentalmente para os adultos da casa. “Est�vamos apreensivos e angustiados. Mas fizemos de tudo para nosso filho, o Jo�o Gabriel, de 10, n�o participar. Sempre longe dele, um apoiando o outro e pronto para escutar quando o outro precisa conversar. Mas n�o deixamos de informar o Jo�o, falamos o que est� ocorrendo, porque estamos em casa e quais cuidados ele deve tomar.”

 

Na segunda semana, ajustes foram feitos. Cristiane diz que j� no fim de semana conseguiram ter mais tranquilidade. “Dispensamos nossa secret�ria, ent�o temos de arrumar a casa, cozinhar, lavar roupa, tarefas que n�o faz�amos. O tempo para o trabalho diminuiu, ent�o, vimos que ter�amos de estabelecer uma rotina, que seguimos desde o dia 23. O Jo�o estuda pela manh�, n�s fazemos as tarefas de casa e nos intervalos atendemos aos telefones e WhastApp. � tarde, trabalhamos remotamente das 14h �s 19h, 20h. E pretendemos seguir assim”, refor�a.

 

Al�m disso, Cristiane conta que a fam�lia incluiu esportes nesta rotina, j� que adoram. Pela manh�, uma gin�stica leve, faz ioga e, no quarto de casal, improvisaram uma quadra de v�lei. A cama � a rede. “N�o podemos usar a �rea de lazer do pr�dio. Assim, nos movimentamos. O Jo�o, n�o tem jeito, tem tempo para jogos eletr�nicos, de tabuleiro e tamb�m hora para ler livros que indicamos. Vamos tentar seguir, estamos dando conta”.

 

A primeira semana foi dif�cil, segundo Cristiane, acrescentando que eles esperam manter a serenidade e harmonia porque s�o uma fam�lia tranquila, o que � uma vantagem. “N�o tivemos problema de relacionamento. Temos conseguido manter a calma, apesar da an- g�stia. Em alguns momentos h� um choro aqui e ali, sempre longe do Jo�o. Sabemos a hora de ceder,  nosso filho � obediente e tudo isso ajuda. Por outro lado, n�o sabemos o que vem por a�. Se viveremos assim por muito tempo. Temos nos esfor�ado para ficar saud�veis f�sica e mentalmente.”

 

ASTRAL N�O � IGUAL O empres�rio Jos� Renato Lara, na companhia dos filhos Sofia, de 13, e Rafael, de 7, destaca o lado bom de tudo isso: “Ficar em casa � prazeroso, j� que gosto muito do meu lar, assim como meus filhos e minha mulher. Temos mais tempo para ler, curtir um sol, assistir a s�ries na TV, um pouco de muscula��o e praticar bateria. Os filhos se divertindo: videogame, Netflix, Lego, e a mulher com a culin�ria e brincadeiras com eles”.

 

� assim, buscando serenidade, que os quatro integrantes da fam�lia Lara t�m lidado com um dia de cada vez: “Estamos procurando viver este momento de quarentena da melhor forma poss�vel, mas � dif�cil. O astral n�o � igual. A realidade do pa�s e do mundo nos prende, a sensa��o de estar quase encarcerado � in�dita e � imposs�vel n�o respirar essa energia pesada do momento”. O “ficar em casa” mudou: agora tem as obriga��es do home office, a secret�ria n�o est� trabalhando e as tarefas dom�sticas aumentaram. Meninos em casa o dia inteiro requerendo mais aten��o. “Por�m, repito: em meio a tudo isso, sobrou mais tempo para fazer o que mais gostamos em nossa casa.”

 

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

"Pensando em conv�vio 24 horas, a medida a ser tomada � a abertura de momentos particulares para cada c�njuge. O que diminuiria emocionalmente essa jornada"

Cl�udia Prates, psic�loga e psicoterapeuta familiar

 

Espa�o para o individual e o plural

 

Cl�udia Prates, psic�loga e psicoterapeuta familiar sist�mica, enfatiza que o relacionamento conjugal �, por si s�, uma viv�ncia que requer as habilidades de criar e manter; surpreender e assegurar. Movimentos antag�nicos que possibilitam equil�brio. Em tempos de isolamento por causa do novo coronav�rus, nunca foi t�o importante esta balan�a: “Pensando em conv�vio 24 horas, a medida a ser tomada � a abertura de momentos particulares para cada c�njuge. O que diminuiria emocionalmente essa jornada”.

 

Quanto � conviv�ncia com os filhos pequenos e adolescentes, Cl�udia Prates destaca que, provavelmente, ser� um per�odo de conhecimento e descobertas, j� que a falta de tempo comum � uma t�nica nas fam�lias de hoje. Pais e m�es muito ocupados extrafamiliarmente, cargas descabidas de trabalho minam a capacidade de conviverem com paci�ncia, elemento essencial para se desenvolver amor – e, vale lembrar, paci�ncia tem limite.

 

Para a psicoterapeuta familiar, as regras, ou como ela prefere, os “combinados”, s�o instrumentos para que a paci�ncia n�o se esgote e n�o se corrompa em toler�ncia altamente t�xica. Crian�as menores podem ser “distra�das” com novas brincadeiras, com cria��o de momentos m�gicos de hist�rias inventadas ou do passado dos pais. A transmiss�o de heran�a hist�rica.

 

J� com os adolescentes, lembra Cl�udia Prates, frequentemente refugiados em um mundo particular, dos jogos de computador e nas redes sociais, � importante mobiliz�-los a frequentar a rede real familiar em que conversas e jogos podem ser usados para que estabele�am contato.

 

Cl�udia Prates alerta que o significado de fam�lia n�o deve mudar – pessoas diferentes que t�m em comum afeto, princ�pio e, �s vezes, o sangue: “O que precisa acontecer � a leg�tima viv�ncia deste sentido. Em suma, conviver com harmonia exige espa�o para o singular (eu) e o plural (n�s)”.


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