
Circula pela internet mensagem que recomenda a retirada de capachos na frente de portas, carpetes e tapetes em geral para barrar a dissemina��o do novo coronav�rus. A indica��o � de que s�o verdadeiros criadouros do microrganismo. O alerta vem principalmente da constata��o de que o v�rus consegue sobreviver em algumas superf�cies - dependendo do material, entre algumas horas ou por at� v�rios dias.
A aten��o � para que pisos de superf�cies macias e porosas, como � o caso desses tecidos, sejam limpos separadamente com produtos espec�ficos, como desinfetante, mas tamb�m vale �gua e sab�o. Muitos t�m orientado sobre a coloca��o de pano �mido com �gua sanit�ria na entrada da casa. H� quem aconselhe a remo��o desses elementos, mas h� tamb�m quem ache essa preocupa��o um tanto desmedida. Consenso mesmo � sobre n�o entrar de sapato em casa, e evitar o contato com os tapetes.
A import�ncia de manter o tapete limpo encontra motivos em diferentes situa��es da rotina. Em casa onde vivem crian�as ou animais de estima��o, por exemplo, com o costume dos pequenos em rolar nos tapetes, se houver alguma carga de contamina��o nessa superf�cie, � um ponto a se observar. � o que explica o virologista vinculado ao departamento de microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ao CTVacinas/UFMF, Fl�vio da Fonseca.
Ainda assim, essa � uma circunst�ncia muito espec�fica. "Por exemplo, uma pessoa que n�o est� em quarentena e precisa sair � rua, pisa em alguma coisa, como um escarro ou uma cusparada, e esse material est� contaminado, leva isso para casa e pisa no tapete, necessariamente transfere a contamina��o para o tapete. E uma crian�a que rola no tapete pode acabar encostando. Aqui estamos falando do que a gente pode conduzir com o sapato", esclarece.
Mas, como pontua o virologista, tudo isso aconteceria por uma s�rie de coincid�ncias infelizes - mesmo assim, deve haver precau��o sobre esse problema tamb�m. "Um v�rus no ch�o, onde o sapato pode ser contaminado, vive muito pouco. Exposto ao ambiente, em cima do asfalto, que tem temperatura elevada, com a incid�ncia da radia��o ultravioleta, quase n�o sobrevive. Mas se algu�m cuspiu, outra pessoa pisa e, em um espa�o curto de tempo, leva para casa, essa possibilidade de infec��o � real", diz. O tapete, continua, funciona como qualquer superf�cie porosa, como qualquer tecido. "Com a porosidade, se for um meio com um fluido biol�gico, pode proteger o v�rus, que pode se entranhar na malha do tapete."
Fl�vio explica que, propriamente quanto aos tapetes, n�o conhece estudos que falem sobre o per�odo de sobreviv�ncia do coronav�rus. Entretanto, em analogia com trabalhos sobre tecidos, j� foi constatado um tempo de sobrevida para o microrganismo entre 48 horas at� seis dias, intervalo em que pode permanecer infeccioso.
Quanto � higieniza��o, qualquer sapon�ceo que tenha aplica��o para tapete � eficiente - a aten��o deve ser para produtos que possam danificar o tapete, como �gua sanit�ria e outros qu�micos. Para o virologista, � desnecess�rio retirar todos os tapetes do ambiente. "� uma situa��o muito particular. Colocar um pano com �gua sanit�ria na porta de casa � mais adequado." N�o entrar com o sapato � outra recomenda��o pertinente.
A infectologista da Cia. da Consulta Susanne Edinger lembra que tapetes n�o s�o higi�nicos. S�o fontes de prolifera��o de �caros e outros res�duos. "Com os sapatos, tamb�m carregamos uma s�rie de impurezas da rua para dentro de casa. A combina��o entre tapetes e sapatos � nociva, o que j� de longa data � sabido. Em tempos de pandemia, acabamos por nos dar conta de detalhes que at� ent�o pareciam invis�veis", diz.
Ela ressalta que a limpeza dos tapetes deve ser regular, da mesma forma como � feito com artigos de banho. "A recomenda��o n�o � extingui-los, mas higieniz�-los. O envelope viral � sens�vel a �gua e sab�o." Como medidas de precau��o, Susanne orienta evitar andar com cal�ados dentro de casa; retir�-los ainda na porta; realizar a higiene dos sapatos, essencialmente na sola, e deixar secar em ambiente arejado; evitar pisar nos tapetes ao chegar da rua com o cal�ado sujo; manter a higiene regular dos tapetes da entrada das resid�ncias, lavando com �gua e sab�o ou produtos pr�prios, e deix�-los secar ao sol, sempre que poss�vel.
A infectologista Raquel Muarrek, da Rede D'Or, prefere, por outro lado, n�o usar e retirar os tapetes em �poca de pandemia. "Geralmente, � um item que as pessoas n�o lavam com frequ�ncia. E j� � comprovado que o coronav�rus sobrevive em superf�cies, principalmente em materiais rugosos", pondera.
Gerente da Apn Clean, empresa especializada em limpeza de tapetes em Belo Horizonte, Juliana B�rbara Machado diz que o ideal � que a limpeza seja realizada por profissionais para garantir a efic�cia, mesmo porque nesses processos s�o usados produtos espec�ficos, como os com base de per�xido de hidrog�nio, o mesmo agente aplicado em limpeza hospitalar. "Este produto garante a elimina��o de fungos, �caros, bact�rias e v�rus, incluindo o coronav�rus", refor�a.
No processo de limpeza, a empresa opta por realiz�-la no ambiente da lavanderia, o que � fundamental para assegurar a qualidade. "Aqui, a limpeza do tapete come�a com a aspira��o de part�culas e � finalizada com a secagem em estufa. O tapete � recolhido na casa do cliente e entregue ap�s o t�rmino das etapas", descreve Juliana.
Tapetes e capachos menores, que normalmente s�o lavados em casa, podem ser higienizados com �gua e sab�o de uso dom�stico. Para quando n�o � poss�vel lavar em casa, acrescenta a profissional, devem ser aspirados. � importante observar os produtos de limpeza adequados, pois pode haver ac�mulo de umidade, outro risco para o aparecimento de fungos e outros microrganismos.
"Indicamos a limpeza a cada seis meses, ou quando necess�rio. Para manter a limpeza profissional por mais tempo maior e evitar a propaga��o de microrganismos, sugerimos a coloca��o de panos umedecidos em uma solu��o de �gua e cloro na entrada de casa", salienta Juliana. Manter os tapetes limpos, continua, reduz potencialmente o risco de propaga��o do coronav�rus, al�m de minimizar a ocorr�ncia de doen�as respirat�rias e crises al�rgicas. "Podemos incluir ainda a limpeza de estofados e colch�es, pois tamb�m s�o hospedeiros de agentes nocivos � sa�de."
