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Estado de Minas Comportamento

Quarentena traz consequ�ncias emocionais para quem vive s�

Para quem vive sozinho, a solid�o pode bater � porta. Diante da fragilidade humana, � essencial fortalecer tudo que diz respeito ao amor e � fraternidade


12/04/2020 04:00 - atualizado 13/04/2020 15:06



Importante lembrar que o impacto psicol�gico de uma quarentena � abrangente e complexo e pode ter longo alcance, com possibilidades de manifesta��es tempos ap�s esta se encerrar”

Gilda Paoliellopsiquiatra e psicanalista



O isolamento social imposto pela COVID-19 traz consequ�ncias emocionais paradoxais: dificuldades de conviv�ncia entre os que est�o confinados em fam�lia, em que as diferen�as se desvelam e incomodam, e, por outro lado, risco de intenso sentimento de solid�o entre os que est�o s�s. Gilda Paoliello, psiquiatra, psicanalista e professora de p�s-gradua��o em psiquiatria do Ipemed, ensina a diferen�a entre solid�o e isolamento. O primeiro � um afeto involunt�rio de profundo vazio e desamparo, que implica sensa��o de despertencimento, de aus�ncia de identifica��o. Pode estar presente mesmo se estando acompanhado, em locais movimentados, provocando ang�stia. J� o isolamento implica aus�ncia de companhia e pode ser volunt�rio ou imposto. “O isolamento social que vivemos nas circunst�ncias atuais � imposto, mesmo com a consci�ncia de que ele significa valorizar a vida, a sa�de e o respeito.”

Gilda Paoliello explica que h� v�rios estudos epidemiol�gicos mostrando que isolamento volunt�rio e compuls�rio t�m diferentes efeitos sobre a sa�de mental. Entretanto, os mesmos estudos mostram que a percep��o altru�sta do isolamento, no sentido de a pessoa perceber que este gesto protege n�o s� ela pr�pria, mas tamb�m o outro, traz sentido positivo, tornando essa necessidade mais leve e suport�vel. Possibilitando, inclusive, maior ades�o a essa proposta ao coletivo. “Por outro lado, a percep��o deste isolamento solit�rio pelos que est�o de fora, provocando respostas solid�rias, seria uma possibilidade de atenuar o sofrimento de quem est� s�. O altru�smo sempre caminha junto � sublima��o. Afinal, o sujeito se forma no coletivo, a partir do outro. Proteger-nos � proteger o outro. Importante lembrar que o impacto psicol�gico de uma quarentena � abrangente e complexo e pode ter longo alcance, com possibilidades de manifesta��es tempos ap�s esta se encerrar.”

DOR VISCERAL 

Medo, ang�stia e terror s�o os sentimentos mais presentes frente a atual pandemia, e s�o, em geral, hipertrofiados entre os que est�o solit�rios nos isolamentos. “Enquanto no medo podemos encontrar um objeto, como, por exemplo, medo de se contaminar, medo da perda de um ente querido, medo das consequ�ncias econ�micas, na ang�stia n�o encontramos esse objeto, a dor � muito mais subjetiva, mais vaga. Nem por isso menor, e at� visceral. J� o terror � de outra ordem. Aqui, o perigo pode ser nomeado, mas, imaginariamente, ele pode ser sempre, incomensuravelmente, pior. E o agravante atual � que este terror � estimulado pelas fake news, que, vindas n�o se sabe de onde, a todo momento invadem nossa vida. O que provoca uma outra epidemia que, mesmo imagin�ria, n�o � menos danosa.”

Frente � ang�stia do isolamento, que escancara a fragilidade humana diante do sofrimento e da imin�ncia da morte, o que fazer? Para Gilda Paoliello, � essencial que fortale�amos Eros, tudo que diz respeito ao amor, � fraternidade, � criatividade. � o que fazem os italianos, cantando das janelas de suas casas, assim como os artistas e profissionais da sa�de, que, generosamente, oferecem seus talentos �s fam�lias que abrem m�o do conv�vio reconfortante para proteger os fragilizados. “Criar formas de sair do isolamento social sem sair do isolamento f�sico. Descobrir que os recursos tecnol�gicos que nos mantinham afastados podem, agora, nos aproximar. Descobrir que, quando fa�o alguma coisa, mesmo a dist�ncia, para ajudar algu�m, tamb�m n�o me sinto sozinho. Um simples bom-dia no zap gera um aceno de vida.”

ATEN��O DI�RIA 

As medidas de higieniza��o e cuidados para quem vive sozinho s�o as mesmas, mas certamente, essas pessoas t�m maior seguran�a e tranquilidade. N�o � para relaxar, longe disso. Dirceu Greco, infectologista, professor da Faculdade de Medicina da UFMG e presidente da Sociedade Brasileira de Bio�tica (SBB), antes de mais nada, lembra: “Tudo vai passar, quanto tempo n�o sabemos. Na China foram tr�s meses”.

Ent�o, a ordem � ter aten��o di�ria, principalmente, em momentos e a��es que s�o previstos de riscos de contamina��o pela COVID-19. Conforme Dirceu Greco, vivendo sozinho a pessoa ter� algumas adapta��es: “Primeiro, mantendo a casa limpa e arejada correr� menos riscos. E n�o ter� que faxinar pesado todos os dias. N�o receba visitas. Ao ter que sair, procure escolher hor�rios de menor fluxo e aglomera��o para ir a supermercados, a�ougues, padarias, farm�cias, sacol�es. Fique atento sobre os estabelecimentos que t�m escalonado hor�rios de compras para determinados grupos, por exemplo. N�o ir de m�scara, nem de luvas. E n�o coloque as m�os no rosto sob qualquer situa��o. Fa�a uma lista para ter agilidade nas compras e n�o saia tocando em tudo que v�. E, imediatamente, quando j� estiver a caminho de casa use o �lcool em gel”.

Como quem vive sozinho ter� de sair todas as vezes diante das necessidades inadi�veis, Dirceu Greco recomenda, sempre que poss�vel, ir � rua a p�. “Melhor do que encarar uma condu��o, j� que estaria correndo o risco igual a todas as outras pessoas. Ao chegar em casa, abra a porta, tire o sapato. Lave as m�os com �gua e sab�o. Em seguida, tire a roupa e coloque-a em um cesto, sacola ou saco em separado e fechado. Se for sair de novo, pode at� us�-la mais uma vez. Mas � prefer�vel que n�o. Se puder exp�-la ao sol melhor, mesmo sem sabermos ainda se tem algum resultado. Novamente, lave as m�os com �gua e sab�o. E n�o se esque�a de limpar a ma�aneta com �lcool em gel/�gua e sab�o. E volte a higienizar as m�os.”


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