
A pesquisa � uma das primeiras a falar sobre a influ�ncia desses fragmentos de DNA na imuniza��o. Portanto, pode se tornar trabalho-base para a produ��o de formas de imunidade para o controle da pandemia do novo coronav�rus e, tamb�m, para a otimiza��o de vacinas j� existentes.
Helder Nakaya, professor e pesquisador da Faculdade de Ci�ncias Farmac�uticas da USP e do Instituo Nacional de Ci�ncia e Tecnologia em Vacinas (ICNTV), um dos especialistas respons�veis pelo estudo, explica que a pesquisa se originou da combina��o de dois trabalhos j� realizados por ele, a fim de evidenciar a import�ncia que esses RNAs podem ter.
“Uni pesquisas que fiz sobre essas mol�culas n�o codificadoras longas no c�ncer com outras realizadas sobre vacina. E este estudo explica muitas coisas que normalmente s�o negligenciadas por imunologistas e profissionais de vacinologia ao priorizar somente o estudo dos RNAS codificadores de prote�nas.”
Nakaya ressalta que, para entender o porqu� de, possivelmente, essas mol�culas terem rela��o com a resposta do corpo �s vacinas, � preciso compreender primeiro o funcionamento delas no organismo humano.
Por isso, de forma explicativa, o especialista detalha: “Todas as c�lulas do corpo t�m o mesmo genoma, ou seja, o mesmo DNA. E, se contabilizarmos todos os compostos org�nicos que formam este DNA, representados por letras, ent�o, temos 3,2 bilh�es de letrinhas. Mas apesar de o corpo ter o mesmo genoma, ele tem c�lulas com fun��es distintas, justamente pelo fato de o DNA ter mensageiros RNA, que s�o expressos de formas diferentes”.
Por isso, de forma explicativa, o especialista detalha: “Todas as c�lulas do corpo t�m o mesmo genoma, ou seja, o mesmo DNA. E, se contabilizarmos todos os compostos org�nicos que formam este DNA, representados por letras, ent�o, temos 3,2 bilh�es de letrinhas. Mas apesar de o corpo ter o mesmo genoma, ele tem c�lulas com fun��es distintas, justamente pelo fato de o DNA ter mensageiros RNA, que s�o expressos de formas diferentes”.
O pesquisador explica que, dessa forma, existem etapas no fluxo de informa��o biol�gica que tem in�cio no DNA, passa para o RNA e, ent�o, � traduzida em prote�na. S� que das 3,2 bilh�es de letrinhas, apenas 1,2% d�o origem a peda�os de prote�na. "Por muito tempo, isso intrigou cientistas, pelo fato de n�o haver comprova��es sobre o que a maioria dos RNAS presentes no corpo, denominados n�o codificadores longos, realmente faziam no organismo. Por�m, hoje se sabe que esses fragmentos de DNA tamb�m s�o respons�veis por fun��es regulat�rias e que s�o capazes de explicar in�meros fatores biol�gicos.”
Dessa forma, Nakaya atribui a predomin�ncia dos �cidos ribonucleicos n�o codificadores longos no organismo � complexidade biol�gica humana. Por isso, ele afirma que esses podem ser respons�veis por uma maior regula��o e, consequente, resposta do corpo �s formas de imuniza��o, j� que vacinas tradicionais podem ser eficazes para um grupo de pessoas e obter resultados adversos em outras.
“Ningu�m nunca olhou para essas mol�culas no contexto da vacina��o. E podem ser justamente esses RNAs os capazes de regular como o corpo responde � vacina, visto que podem n�o ser as enzimas ou c�lulas, ao n�o responder bem � tentativa de imuniza��o, que estejam diferentes, mas sim os RNAs n�o codificadores longos que regulam tais fun��es, uma regula��o fina que faz com que o organismo entenda o que precisa ser feito e quando, a fim de produzir anticorpos nos momentos certos”, diz.
Para a pesquisa pr�tica, o especialista conta que, para uma contabiliza��o correta, o uso da t�cnica de transcritomia e da bioinform�tica se faz necess�ria. “Por meio desse m�todo, a atividade de milhares de RNAs podem ser analisadas em paralelo e ao mesmo tempo serem transcritas. E, ent�o, mediante o uso de computadores ou mesmo da biologia de sistemas, � poss�vel ter uma vis�o global do que se estuda. Esse recurso � imprescind�vel, pois sendo um experimento realizado com mais de mil volunt�rios, h� muitos genes para serem transcritos, o que requer uma ferramenta capaz de agilizar os resultados.”
COVID-19
Em meio � pandemia do novo conorav�rus, a expectativa por uma forma de conter a doen�a cresce a cada dia. A vacina seria uma delas e, Nakaya comenta sobre como este estudo pode contribuir para uma futura e poss�vel imuniza��o da doen�a. “Uma das vacinas mais promissoras contra a COVID-19 � composta por um RNA, capaz de codificar parte da prote�na do novo coronav�rus, introduzido-o no corpo. Ent�o, este a apresenta �s c�lulas do sistema imunol�gico para que, ent�o, uma resposta possa ser produzida pelo organismo.”
Al�m disso, o especialista pontua que o �cido ribonucleico como forma de manipular o sistema imunol�gico seria amplamente ben�fico para a otimiza��o de formas de imuniza��o j� existentes. “Este m�todo poderia ser aplicado no desenvolvimento de novas vacinas ou mesmo no aperfei�oamento das atuais, pois se pode manipular o sistema imunol�gico a partir da utiliza��o dos RNAs n�o codificadores longos importantes nesse processo.”
Em outros contextos
Esta pr�tica j� foi aplicada em outras situa��es, obtendo resultados significativos. “No caso do c�ncer, foi poss�vel verificar a a��o dos RNAs n�o codificadores longos para predizer v�rios tipos da doen�a, bem como para regular processos relacionados a ela. Foi descoberto, tamb�m, que essas mol�culas t�m rela��o com patologias infecciosas como a dengue”, conta Nakaya.
* Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram