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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Como lidar com as incertezas diante de um inimigo invis�vel

Ter ou n�o f�, comungar ou n�o da espiritualidade n�o v�o definir o destino de algu�m nesta pandemia, mas a constru��o e viv�ncia desses sentimentos s�o caminhos de esperan�a


postado em 19/04/2020 04:00 / atualizado em 22/04/2020 13:08

A psicanalista Maria Goretti Ferreira diz que a pandemia é uma grande oportunidade de transformar a sua crise em mudança, passando por um processo aos moldes de perda, luto(foto: Arquivo pessoal)
A psicanalista Maria Goretti Ferreira diz que a pandemia � uma grande oportunidade de transformar a sua crise em mudan�a, passando por um processo aos moldes de perda, luto (foto: Arquivo pessoal)

"Algumas pessoas podem enveredar 
pela via da amargura, do ressentimento, da reclama��o e do medo exagerado. Esses sentimentos s�o grandes inimigos da vida e tudo que est� em oposi��o � exist�ncia humana”

Maria Goretti Ferreira, psicanalista e psic�loga



O mundo enfrenta tempos extremamente incertos, indeterminados, em que n�o se sabe do amanh�, a n�o ser por conjecturas ainda nebulosas e incipientes. Este choque de realidade, com a chancela do coronav�rus, trouxe �s pessoas um grande sentimento de inseguran�a, de desamparo, apreens�o, ansiedade e at� mesmo p�nico e desespero. S� n�o se sente amea�ado quem nega a pandemia, como se uma poss�vel contamina��o n�o lhe dissesse respeito.

“Os momentos de choque e solavancos s�o prop�cios a uma vasta gama de sentimentos. Como lidar com tudo isso vai depender do estofo de como a pessoa construiu a sua subjetividade, de que maneira foi tecendo as urdiduras, as teias da sua vida. Quais s�o os seus valores, como se posiciona diante de si e dos outros, de que forma participa e contribui (ou n�o) para a organiza��o social e coletiva e, principalmente agora, que posturas adota frente �s restri��es, que impacto lhe causa o imperativo do isolamento e do vazio”, pontua a psicanalista e psic�loga Maria Goretti Ferreira.

Para ela, a pessoa que desenvolveu algum tipo de espiritualidade, seja a que for, costuma aproveitar estes momentos para um balan�o geral da pr�pria exist�ncia: “Uma reavalia��o dos projetos, das rela��es e dos sonhos, agora confrontados com o mundo interno, com os fantasmas, potencializados pelo inimigo externo, invis�vel e destruidor. Depara- se com o que tem de melhor e de pior. � um frente a frente com a finitude, com a possibilidade real de morte, geralmente postergada para um futuro mais remoto”.

Segundo a psicanalista, se souber usar esta calamidade, interna e externa, que mais parece uma hecatombe das trag�dias gregas, a pessoa tem a grande oportunidade de transformar a sua crise em mudan�a, passando por um processo aos moldes do processo de perda, luto, em que se vislumbra n�o em ficar no sofrimento, mas em atravess�-lo, como um caminho para um redirecionamento do seu ser e estar no mundo.

O enfrentamento das mazelas causadas pela COVID-19, na perspectiva da psicanalista, para algumas pessoas pode “passar da sensa��o de vacuidade para a reconstru��o do mundo interno, permeado pelos la�os sociais, em que se sup�e dem�nios e fantasmas mais apaziguados, com vistas ao porvir. 

� importante frisar que algumas pessoas se agarram a Deus ou a outra divindade/entidade n�o como busca de suporte ou de alento, mas como fuga de uma realidade incapaz de encarar, deixando de tomar os seus cuidados e precau��es, como se fossem da responsabilidade do Divino, do sagrado”.

H� tamb�m, enfatiza Maria Goretti Ferreira, aquelas pessoas que dizem n�o acreditar em Deus, n�o professam nenhuma religi�o, o que necessariamente n�o as torna um ser desprotegido. 

“Algumas podem enveredar pela via da amargura, do ressentimento, da reclama��o e do medo exagerado. Esses sentimentos s�o grandes inimigos da vida e tudo que est� em oposi��o � exist�ncia humana, sabemos da sua interfer�ncia f�sica e emocional no sistema imunol�gico.”

Felizmente, destaca a psicanalista e psic�loga, h� os que, mesmo sem acreditar em Deus ou praticar uma religi�o acreditam e apostam na vida, aqueles que vivem sob a �gide da esperan�a.

 “Como bem registrou na can��o Maria Maria, de 1978, Milton Nascimento, que nos presenteou com um belo legado: (...) ‘Mas � preciso ter manha, � preciso ter gra�a, � preciso ter sonho sempre, quem traz na pele essa marca, possui a estranha mania, de ter f� na vida...'”
 

Ateu x agn�stico 
 
Quem � religioso, segue uma doutrina, tem a sua f�, acredita em um deus, em uma entidade ou em uma for�a sagrada, divina. Mas h� quem pense diferente. H� quem se diz ateu, ou seja, afirma que Deus n�o existe e defende que sua exist�ncia deveria ser comprovada por aqueles que nele acreditam. E os que se definem como agn�sticos n�o negam a sua exist�ncia, mas tampouco podem confirm�-la. Est�o calcados na d�vida.





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