O problema pode estar na mand�bula

Cerca de 30% da popula��o brasileira sofre com dores f�sicas, segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (Sbed). Uma das causas pode estar associada � mand�bula, acarretando inc�modos por todo o corpo e, at� mesmo, s�rias interfer�ncias na rotina di�ria. No entanto, existem alguns tratamentos que podem amenizar o problema, inclusive de forma instant�nea.

Embora a rela��o entre as dores no corpo e a origem mandibular pare�a estranha, essa associa��o se d� pela interliga��o desses membros por meio das articula��es. Portanto, devido � sensibilidade da estrutura �ssea a pequenas mudan�as de postura da mand�bula, as dores podem ocorrer. “Quando o maxilar est� mal posicionado, todo o corpo sofre compensa��es para manter seu equil�brio e funcionamento”, explica N�via Temponi, dentista e especialista em ortopedia funcional dos maxilares.

Alguns fatores podem influenciar o aspecto mandibular, capazes de causar dores, como assimetrias cranianas em rec�m-nascidos. Essa assimetria craniofacial interfere na mastiga��o e altera o desenvolvimento das arcadas dent�rias e da mand�bula, gerando mordida cruzada e possibilitando o surgimento de quadros de dor. N�via ressalta, ainda, que a respira��o tamb�m pode motivar dores. “Respirar pela boca causa estreitamento da arcada superior, obrigando o maxilar a buscar uma posi��o dessim�trica.”

Al�m disso, em raz�o do car�ter m�vel da mand�bula, in�meras disfun��es podem ocorrer no maxilar, originadas de diversas partes do corpo, sem qualquer rela��o com a articula��o da boca em si. Dessa forma, esses tipos de dores podem ser confundidas com doen�as e s�ndromes que, devido a um diagn�stico errado, podem se estender por anos sem tratamento adequado. “As pessoas n�o t�m ideia do potencial mandibular. Um desvio pode causar estragos � sa�de do paciente”, pontua N�via.

 

 

 

N�via Temponi, dentista e especialista em ortopedia funcional dos maxilares 

 

 

Sendo assim, � necess�rio aten��o para que os sinais possam ser percebidos e o problema reconhecido. O diagn�stico pode ser realizado por meio de exames cl�nicos feitos por cirurgi�es-dentistas, principalmente especialistas em ortopedia funcional dos maxilares, que consistem na apalpa��o e observa��o do comportamento dos grupos musculares capazes de alterar o funcionamento e a postura da mand�bula, da articula��o posicionada pr�ximo ao ouvido, dentes, cabe�a e corpo. Ap�s a avalia��o cl�nica e uma an�lise facial, postural, de modelo e imagem, o quadro pode ser constatado e um planejamento em torno do tratamento, realizado.

Mesmo que a dor se encontre em outra parte do corpo, o tratamento precisa ser feito a fim de tratar a causa do problema. Dessa forma, por meio da corre��o ortop�dica funcional dos maxilares, a mand�bula � reposicionada adequadamente, movimentando os dentes para se adequar ao novo posicionamento do maxilar. “Em muitos casos, � preciso envolver outros profissionais, como o otorrino, alergista, fisioterapeuta e fonoaudi�logo, para que o tratamento alcance �xito”, comenta N�via.

A dentista destaca, tamb�m, que desde a inf�ncia, os desvios mandibulares devem ser corrigidos, a fim de evitar problemas futuros. Em adultos, os cuidados implicam n�o s� na corre��o da posi��o dos dentes para fins est�ticos, mas, tamb�m, na repara��o maxilar, para n�o comprometer toda a estrutura corporal. Al�m disso, aqueles que sofrem com bruxismo podem evitar disfun��es mais graves fazendo uso de aparelhos ortop�dicos funcionais. “Esses acess�rios, mais que utilizados para tratar dist�rbio do sono, podem relaxar a musculatura, melhorar a respira��o e evitar as press�es no ouvido, promovendo al�vio e uma melhor qualidade de vida aos pacientes.”

A professora L�cia Goulart de Carvalho Campos, de 61 anos, vivenciou esse tipo de quadro em decorr�ncia de problemas no maxilar. Ela sentia dores no pesco�o, na mand�bula e no peito. Ela se queixava, ainda, de eco na voz. L�cia demorou a identificar a causa do problema. Ap�s o diagn�stico, como tratamento, fez uso do aparelho ortop�dico na boca, livrando-se dos sintomas que a acometiam. “O al�vio foi imediato”, relata.