
De acordo com a Pesquisa Nacional de Sa�de (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), cerca de 40% dos brasileiros sofrem com algum tipo de doen�a cr�nica. Dado esse que representa 57,4 milh�es de pessoas.
Al�m disso, segundo a Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas), as doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis (DNCT) representam uma das principais causas de mortalidade e incapacidade n�o s� no Brasil, como em todo territ�rio do continente americano.
Por isso, acompanhamento m�dico e tratamentos espec�ficos s�o essenciais para o controle da doen�a. No entanto, em meio � pandemia, o risco de contamina��o alto para este grupo, considerado de risco, e o isolamento social t�m gerado medo e desinforma��o em pacientes cr�nicos, o que, consequentemente, provoca aumento no n�mero de tratamento interrompidos.
Neste contexto, o m�dico intensivista e coordenador da UTI - COVID-19 no Hospital Albert Sabin de S�o Paulo, Gustavo Eder Sales ressalta que os procedimentos m�dicos, direcionados � interven��o de doen�as cr�nicas, s� podem ser paralisados, interrompidos ou levados a outra inst�ncia a partir de uma avalia��o m�dica.
“Alguns tratamentos m�dicos podem sim, ser adiados em fun��o da pandemia, a fim de que em um segundo momento, mais seguro, este procedimento tenha continuidade. Por�m, somente o m�dico respons�vel pelo paciente pode e, de fato, tem conhecimento t�cnico para tal decis�o. Logo, deve-se sempre manter o contato m�dico-paciente para que este possa estar a par das melhores atitudes a serem tomadas diante do quadro cl�nico do doente.”
Sales afirma que a realiza��o dos tratamentos de forma regular e a exemplo do per�odo pr�-pandemia � fundamental para que a doen�a n�o evolua e/ou todos avan�os sofram regress�o.
“Um paciente portador de c�ncer de intestino, por exemplo, que apresenta piora do quadro de dor abdominal e do tr�nsito intestinal e n�o procura atendimento pr�vio, por medo da infec��o pelo novo coronav�rus ou por acreditar que aquela piora � passageira e inerente ao seu quadro, pode estar propiciando a evolu��o de uma perfura��o intestinal com necessidade de abordagem cir�rgica de urg�ncia e risco de morte.”
Por isso, o coordenador da UTI - COVID-19 ressalta que, em casos como esse, n�o se pode evitar o atendimento m�dico. Quanto ao risco de contamina��o pelo novo v�rus, Sales destaca que, tendo em vista que pacientes cr�nicos fazem parte do grupo de risco do cont�gio da doen�a, todos os cuidados, recomendados pelos �rg�os oficiais de sa�de, devem ser tomados.
“Em casos de altera��es s�bitas no quadro cl�nico do paciente, este deve procurar o pronto-atendimento. E, � importante lembrar que todos os cuidados contra a COVID-19 precisam ser regra, como uso de m�scaras, higieniza��o das m�os e isolamento social quando poss�vel. Mas, tratamentos e doen�as pr�-existentes n�o podem ser deixados de lado.”
Medo
Um dos principais fatores respons�veis pela paralisa��o e/ou interrup��o de tratamentos e acompanhamento m�dicos � o medo. Marcel F�vio Padula Lamas, m�dico psiquiatra do Hospital Albert Sabin de S�o Paulo, explica, inclusive, que a inseguran�a geral quanto a presen�a do v�rus pode, al�m de impedir pacientes cr�nicos de continuarem seus procedimentos terap�uticos, agravar quadros de ansiedade e depress�o.
Por isso, Lamas ressalta que pessoas que sofrem com dist�rbios psicol�gicos tamb�m devem dar continuidade a seus tratamentos.
“As recomenda��es s�o que o paciente depressivo procure ajuda sempre, n�o pare com seus medicamentos, converse com seu m�dico e fa�a psicoterapia, mesmo � dist�ncia. Pois ao se cuidar adequadamente, a tend�ncia � que o paciente consiga lidar melhor com os sentimentos. E, estar bem, de maneira plena, para conseguir, inclusive, encarar de frente os problemas e recuperar a vida aos poucos, conforme a pandemia for passando, � muito importante.”
Telemedicina
O psiquiatra destaca, ainda, que a telemedicina pode ser uma aliada no acompanhamento de pacientes com doen�as cr�nicas e dist�rbios psicol�gicos. Isso porque, em alguns casos, como aqueles em que n�o h� necessidade de realizar exames f�sicos, esse m�todo pode ser usado, a fim de favorecer o isolamento social e a prote��o desses doentes.
“A n�o exposi��o do paciente ao consult�rio pode diminuir a chance dele se infectar por COVID-19. Por isso, casos espec�ficos podem ser monitorados virtualmente, mas com cautela, pois ao registrar complica��es, o diagn�stico de um m�dico, presencialmente, se faz necess�rio.”
* Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram