
Nem todo mundo vai pegar o v�rus Sars-Cov2.
Especialistas em infectologia, epidemiologia e vacinas, autoridades sanit�rias e estudos cient�ficos j� publicados at� aqui mostram: a tal da "imunidade de rebanho" sem vacina � quase inalcan��vel.
E o custo durante a pandemia do novo coronav�rus, caso tiv�ssemos, � alto. Especialistas estimam custo de 700 mil vidas no Brasil e 150 mil em Minas Gerais. Veja o v�deo abaixo.
“Digamos que em uma popula��o, a maioria seja imune a uma determinada doen�a infecciosa. Assim, ela acaba por proteger indiretamente a minoria que nunca foi exposta � doen�a”, explica Luana Ara�jo, infectologista e especialista em sa�de p�blica pela Universidade Johns Hopkins.
Apesar de muitos nunca terem ouvido a express�o "imunidade de rebanho", a metodologia est� presente em nossa vida desde que nascemos. Isso porque as vacinas tentam criar de forma passiva, sem preju�zo �s pessoas, a imunidade coletiva.
Depois que a express�o ficou mais difundida, muitas pessoas foram para as redes sociais atribuir a mudan�a de cen�rio em Manaus (queda de casos) e S�o Paulo (queda nos casos) a uma poss�vel imunidade coletiva.
Entretanto, esse senso comum foi criticado por especialistas na �rea da sa�de, por n�o levar em conta que a imunidade de grupo � um conceito matem�tico.
Portanto, algumas pessoas t�m exposi��o maior a situa��es que favorecem a transmiss�o do v�rus. E, por causa do alto custo da imunidade de rebanho: muitas mortes e hospitais lotados.
Portanto, algumas pessoas t�m exposi��o maior a situa��es que favorecem a transmiss�o do v�rus. E, por causa do alto custo da imunidade de rebanho: muitas mortes e hospitais lotados.
Como funciona
Os primeiros estudos mostraram que, para chegar � imunidade coletiva, a propor��o de pessoas infectadas pelo novo coronav�rus tinha de ser de ao menos 60%. Nessa taxa, considera-se que toda a popula��o � exposta da mesma forma ao v�rus. Todos s�o suscet�veis igualitariamente. Se comportam de maneira igual.
Por�m, sabemos que isso n�o funciona de forma homog�nea. Existem pessoas que t�m mais chances de pegar o v�rus, como profissionais de �reas essenciais. Estudo publicado na revista Science tentou corrigir essas distor��es de "acesso" ao novo coronav�rus no c�lculo da taxa.
Pesquisadores dividiram a popula��o em tr�s grupos et�rios: idosos, meia idade e jovens. E, dentro disso, criaram outra divis�o: quem tem mais contato social, quem tem menos contato e quem n�o tem nenhum contato. Com um modelo matem�tico criado para se aproximar mais a essa realidade, os pesquisadores mostraram que podemos ter uma imunidade de rebanho com a marca de 43% de infectados.
Caos nas cidades brasileiras
O epidemiologista e professor da Universidade de S�o Paulo Paulo Lotufo refor�a os motivos para n�o acreditar que a imunidade coletiva sem uma vacina ser� a solu��o.
� um erro �tico, achar que ter mais gente infectada ser� bom. E tamb�m � uma coisa imposs�vel de ser feita. Olha o que aconteceu s� nos primeiros picos em lugares que fizeram pouco cuidado; praticamente os servi�os paralisaram
Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da USP
O cen�rio ca�tico foi registrado em cidades como Manaus (AM), que chegou a abrir valas comuns para enterrar v�timas da COVID-19, e no Rio de Janeiro, onde hospitais empilharam corpos porque n�o tinha tempo h�bil de mand�-los para funer�rias.
O diretor da Organiza��o Pan-americana de Sa�de, bra�o latino-americano da Organiza��o Mundial da Sa�de OMS, Marcos Espinal, informou que n�o h� evid�ncias cient�ficas para comprovar a imunidade de rebanho no Brasil. O �rg�o acredita que somente 14% da popula��o da capital amazonense t�m anticorpos. Em S�o Paulo, o n�mero � de 3%. Ou seja, bem longe dos 70% ou at� mesmo dos 43% estimados para se ter imunidade de grupo.
“Se voc� pegar os 70% que precisam de pegar a imunidade, n�s vamos ter que ter 147 milh�es, pois s�o 210 milh�es de brasileiros. Como a taxa de letalidade � de 1%, n�s ter�amos como consequ�ncia 1,4 milh�o de mortes. � basicamente a Regi�o Metropolitana de Campinas. � um absurdo. Caso fossem os 35%, que tamb�m tem sido dito, n�s sa�mos do 1 milh�o e vamos acabar com Ribeir�o Preto: 700 mil pessoas”.