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Estado de Minas Novo coronav�rus

COVID-19 pode causar insufici�ncia renal. Entenda os riscos

Quadros cl�nicos de insufici�ncia renal foram diagnosticados em pacientes graves da doen�a. O tratamento � feito por meio de di�lise e recupera��o pode ser total ou parcial


12/08/2020 10:00 - atualizado 14/08/2020 13:12

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

De acordo com um estudo feito por cientistas da Universidade de Bordeaux, na Fran�a, cerca de 80% dos pacientes graves de COVID-19 desenvolvem algum tipo de les�o no rim, causando, principalmente, a insufici�ncia renal aguda.

O quadro cl�nico desenvolvido durante o tratamento da infec��o pelo novo coronav�rus pode ser revertido totalmente, em alguns casos, por meio da di�lise. No entanto, algumas pessoas podem n�o recuperar em 100% a fun��o renal

Isso porque, segundo a nefrologista e gerente nacional de servi�os hospitalares da Fresenius Medical Care, Lect�cia Barbosa Jorge, pacientes com algum tipo de comorbidade podem evoluir para quadros mais graves de disfun��o renal, bem como desenvolv�-las cronicamente.

“Nesses casos de les�o renal aguda, o que se espera � que recuperando da COVID-19, a les�o tamb�m recupere. Mas, nem todos os pacientes evoluem desse jeito e podem permanecer com a les�o renal aguda, principalmente se esta pessoa j� tiver alguma doen�a de base.” 

Esses enfermos que apresentam algum tipo de fator de risco, como press�o alta ou diabetes, podem, tamb�m, ter uma maior predisposi��o para o acometimento por les�o renal aguda, a partir da contamina��o por COVID-19, em fun��o do j� comprometimento do rim pela doen�a de base.

Lect�cia explica que isso se d� pelo fato de o rim estar associado aos demais �rg�os do corpo humano, sofrendo, assim, com toda e qualquer infec��o a que o organismo estiver exposto. 

“O rim � um �rg�o muito conectado com os demais �rg�os. Ent�o, quando se tem um problema no cora��o, o rim sofre e quando se tem um problema no pulm�o, o rim, tamb�m, sofre. Sendo assim, quando um �rg�o se inflama, o outro �rg�o entende que est� tendo uma inflama��o e responde."

Ent�o, segundo Lecticia, essa associa��o entre COVID-19 e a les�o aguda se d� na libera��o de uma s�rie de mol�culas inflamat�rias pelo organismo, que atingem o rim e fazem com que o paciente evolua para uma disfun��o renal. Dessa forma, se o enfermo j� est� comprometido pela doen�a de base, a chance de desenvolver a disfun��o � ainda maior.

Por�m, Lect�cia pontua que pacientes, sem qualquer predisposi��o ao agravamento da COVID-19 e/ou ao acometimento por insufici�ncia renal, podem estar sujeitos ao desenvolvimento de um quadro cl�nico cr�tico, tanto da doen�a causada pelo novo coronav�rus, quanto da pr�pria les�o aguda grave. Nestes casos, a recupera��o pode ser mais r�pida e precisa. 

“Pessoas que n�o t�m nenhuma comobirdade podem desenvolver as les�es no rim, em raz�o da gravidade da contamina��o por COVID-19. Mas, o grau de disfun��o renal pode ser mais leve em rela��o �s pessoas com algum tipo de fator de risco j� pr�-existente, at� mesmo pelo fato de o rim n�o estar acometido por demais inflama��es. Essas pessoas tendem, tamb�m, a se recuperar totalmente da disfun��o.” 
 

"Esses pacientes precisam de acompanhamento nefrol�gico para garantir a recupera��o, porque infelizmente o rim � um �rg�o bem silencioso, que muitas vezes a gente s� vai ver manifesta��o cl�nica da insufici�ncia renal em est�gios avan�ados. Ent�o, se o paciente se recuperar parcialmente e nunca mais voltar ao m�dico, pode ser que esse paciente tenha sequelas, como uma filtra��o anormal da urina, que, a longo prazo, pode progredir para uma doen�a terminal com necessidade de di�lise."

Lect�cia Barbosa Jorge, nefrologista e gerente nacional de servi�os hospitalares

 

Foi o que ocorreu ao tamb�m m�dico nefrologista, Jorge Arnaldo Valente de Meneses, de 66 anos. Trabalhando na linha de frente do combate � pandemia e sem nenhuma doen�a pr�-existente, o diretor m�dico da Cl�nica de Doen�as Renais, de Nova Igua�u, conta que come�ou a se sentir mal no fim de abril, �poca do pico de cont�gio da doen�a no Rio de Janeiro.

Meneses, ent�o, relata que ele pr�prio pediu a sua intuba��o, ao perceber que estava realmente com muita dificuldade para respirar. A disfun��o renal veio logo depois. 

Jorge Arnaldo Valente de Meneses, de 66 anos, nefrologista e diretor médico da Clínica de Doenças Renais de Nova Iguaçu após receber alta e estar totalmente recuperado da COVID-19 e da lesão renal aguda(foto: Arquivo pessoal)
Jorge Arnaldo Valente de Meneses, de 66 anos, nefrologista e diretor m�dico da Cl�nica de Doen�as Renais de Nova Igua�u ap�s receber alta e estar totalmente recuperado da COVID-19 e da les�o renal aguda (foto: Arquivo pessoal)
“Comecei sentindo mal estar e muita falta de ar. Fiz uma tomografia de pulm�o e, para minha surpresa, j� estava com cerca de 70% do pulm�o comprometido. Eu, ent�o, bati na porta do CTI e pedi para que me entubassem, porque estava muito mal e sentia que ia morrer. Fiquei em torno de 19 dias inconsciente. No terceiro dia, j� n�o estava mais urinando.” 

O m�dico nefrologista relata, ainda, que, ao perceber que estava sofrendo com uma les�o renal aguda, se preocupou ainda mais. “A sensa��o de morte iminente � muito ruim. E eu sabia que estava grave, pois a insufici�ncia renal induz mais gravidade ao quadro. E era o que estava acontecendo comigo, eu estava em uma situa��o grave, meu rim n�o funcionava e eu n�o urinava havia 34 dias. Fiquei, ao todo, 38 dias internado.” 


Tratamento e acompanhamento m�dico 


Meneses se submeteu ao tratamento por di�lise, o qual, segundo Lect�cia, � o procedimento pelo qual muitos enfermos, com insufici�ncia renal, de forma geral, e decorrentes da COVID-19, precisam passar.

O nefrologista se recuperou completamente da les�o aguda no rim e, atualmente, apenas faz acompanhamento m�dico para monitorar o quadro. 

“Foram dias agoniantes, mas agora estou recuperado. Fiz minha �ltima avalia��o h� duas semanas e farei novamente nos pr�ximos dias. Mas, meu rim est� recuperado, e foi mesmo uma recupera��o muito boa, tanto que ap�s a di�lise feita no hospital, n�o precisei manter o procedimento em casa”, conta. 

Lect�cia cita que esse acompanhamento m�dico feito por Meneses � importante para que o paciente se mantenha recuperado e, tamb�m, para que n�o seja surpreendido com uma nova disfun��o renal futuramente, haja vista que uma vez tida a les�o aguda no rim, o enfermo fica mais suscet�vel ao desenvolvimento de um novo quadro da doen�a. 

“Esses pacientes precisam de acompanhamento nefrol�gico para garantir a recupera��o, porque infelizmente o rim � um �rg�o bem silencioso, que muitas vezes a gente s� vai ver manifesta��o cl�nica da insufici�ncia renal em est�gios avan�ados. Ent�o, se o paciente se recuperar parcialmente e nunca mais voltar ao m�dico, pode ser que esse paciente tenha sequelas, como uma filtra��o anormal da urina, que, a longo prazo, pode progredir para uma doen�a terminal com necessidade de di�lise.” 

Lectícia Barbosa Jorge, nefrologista e gerente nacional de serviços hospitalares (foto: Danthi/Divulgação)
Lect�cia Barbosa Jorge, nefrologista e gerente nacional de servi�os hospitalares (foto: Danthi/Divulga��o)
Por isso, Lect�cia frisa: “Eu recomendo sempre a um paciente que teve les�o renal aguda, que ele mantenha o acompanhamento m�dico e nefrol�gico, porque a les�o s� vai ser diagnosticada em exames laboratoriais. Portanto, n�o d� para esperar a apari��o de sintomas, porque se o enfermo for esperar inchar ou deixar de urinar para procurar atendimento m�dico, provavelmente a doen�a j� estar� avan�ada”. 

O acompanhamento m�dico, conforme recomendado por Lect�cia, deve ser feito de acordo com a gravidade do quadro cl�nico de cada paciente. Por isso, enfermos sem nenhuma les�o ou predisposi��o para o desenvolvimento de insufici�ncia renal devem manter uma periodicidade anual. J� enfermos com quadros de les�o moderadas ou graves precisam se consultar de tr�s em tr�s meses. 

* Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram 


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