De acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncol�gica (SBCO), desde mar�o deste ano, cerca de 50 mil pessoas n�o obtiveram diagn�stico de c�ncer, no Brasil em fun��o da pandemia causada pelo novo coronav�rus. Dessa forma, especialistas alertam para a sa�de �ntima da mulher, visto que os tipos de c�ncer mais frequentes no p�blico feminino s�o os ginecol�gicos, como o de colo de �tero e o de mama.
“As pessoas est�o com medo de procurar assist�ncia m�dica, em fun��o do isolamento social e do medo de contamina��o por COVID-19. E, por isso, mesmo com o aparecimento de alguns sintomas, a mulher tende a ignor�-los em vez de buscar atendimento especializado, possibilitando um adiamento do diagn�stico, o que n�o � bom, pois o reconhecimento tardio pode diminuir as chances de cura”, explica o presidente da Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (Febrasgo), Agnaldo Lopes.

O especialista destaca que houve interfer�ncia da pandemia tamb�m na preven��o e no tratamento de c�ncer ginecol�gico. Segundo Agnaldo Lopes, al�m da queda no n�mero de pessoas vacinadas contra o papilomav�rus humano (HPV), muitos exames preventivos, como a mamografia e o papanicolau, deixaram de ser feitos.
“As mulheres deveriam se adaptar a esse momento e n�o deixar de realizar os exames preventivos, pois o reconhecimento precoce do c�ncer induz � maior chance de cura, e em um momento como esse isso pode fazer a diferen�a. A pandemia impactou de forma consider�vel nos tratamentos da doen�a, visto que al�m da diminui��o de cirurgias ginecol�gicas nesse per�odo, a constante necessidade de leitos por pacientes com COVID-19 resultou na falta de leitos de terapia intensiva para mulheres com casos mais complexos de c�ncer ginecol�gico”, afirma.
Por isso, o especialista pontua que as consultas ginecol�gicas, mesmo que seguindo o modelo da telemedicina, devem ser mantidas, bem como a periodicidade dos exames preventivos. De acordo com o Instituto Nacional do C�ncer (Inca), o papanicolau deve ser repetido a cada tr�s anos, ap�s dois exames normais consecutivos realizados com intervalo de um ano, a fim de diminuir as chances de falso-negativo.
J� as mamografias s�o recomendadas a cada dois anos para mulheres na faixa et�ria entre 50 e 69 anos. “Fora dessa faixa et�ria e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benef�cios”, informa a entidade. Al�m disso, de acordo com as informa��es divulgadas pelo site oficial do Inca, n�o se � recomendado o autoexame da mama como t�cnica a ser ensinada �s mulheres, devido � comprova��o cient�fica da baixa efetividade e poss�veis danos da pr�tica.
“Entretanto, a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de altera��es suspeitas para procura de um servi�o de sa�de o mais cedo poss�vel – estrat�gia de conscientiza��o – permanece sendo importante para o diagn�stico precoce do c�ncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que � normal em suas mamas e a perceber altera��es suspeitas de c�ncer, por meio da observa��o e apalpa��o ocasionais de suas mamas, em situa��es do cotidiano, sem periodicidade e t�cnica padronizada, como ocorria com o m�todo de autoexame”, informa o Inca.
SINTOMAS
Agnaldo Lopes destaca ser importante que a mulher se atente aos sintomas apresentados, pois alguns podem indicar necessidade de acompanhamento m�dico. E mesmo que as manifesta��es percebidas n�o se caracterizem como um indicativo de c�ncer ginecol�gico, algumas avalia��es podem ser necess�rias.
“Uma mulher que tem um sangramento p�s-menopausa, por exemplo, deve procurar o atendimento m�dico para um diagn�stico preciso. Se h� a percep��o de um n�dulo na mama, se a mulher apalpa um n�dulo na mama, isso vale uma avalia��o. Mudan�as repentinas no h�bito intestinal e/ou uma perda de peso sem explica��o tamb�m merecem e necessitam de avalia��o m�dica” diz.
CASOS GRAVES
Para o presidente da Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (Febrasgo), a tend�ncia para o futuro p�s-pandemia � de que haja um aumento no n�mero de casos de c�ncer ginecol�gico. Isso porque, conforme explica, n�o h� menor incid�ncia da doen�a durante a pandemia, mas, sim, menor constata��o.
“H� a expectativa, ainda, de que esses quadros cl�nicos sejam mais graves, pois n�o se est� tendo menos casos de c�ncer por causa da pandemia, est� tendo apenas uma diminui��o dos diagn�sticos, e em algum momento esse diagn�stico vai ser feito e, provavelmente, em casos mais avan�ados da doen�a. O progn�stico desses pacientes fica, ent�o, absolutamente comprometido. Isso muda totalmente o progn�stico de c�ncer neste momento”, diz.
*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram
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» Altera��es na mama, como dor, secre��o, n�dulos, vermelhid�o ou incha�o
» Fadiga, que, embora seja comum em diversas outras doen�as, pode ser mais frequente nos casos de c�ncer em est�gio avan�ado
Fonte: Instituto Oncoguia