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Estado de Minas Mam�es sem culpa

Mulheres se desdobram no papel de m�e em tempos de isolamento

Relaxar com as tarefas do lar e fazer terapia ou massagem ajudam a aliviar a sobrecarga de mulheres que se dividem entre acompanhamento dos filhos, rotina dom�stica e trabalho em casa


27/09/2020 07:00 - atualizado 27/09/2020 10:35

Daniela Ferreira passou a adiar tarefas domésticas para se dedicar ao filho, Heitor, de 2 anos (foto: Arquivo Pessoal)
Daniela Ferreira passou a adiar tarefas dom�sticas para se dedicar ao filho, Heitor, de 2 anos (foto: Arquivo Pessoal)
“Com o isolamento social, houve a necessidade de conciliar o trabalho com os cuidados da casa e atividades com as crian�as. Antes da pandemia, a mulher conseguia se dedicar ao trabalho e dar mais aten��o aos filhos, pois podia contar com a ajuda de escolas, creches ou at� mesmo ONGs, o que, agora, n�o � mais poss�vel, visto que as atividades est�o suspensas”, � o que diz a psiquiatra Jaqueline Bifano ao comentar sobre a nova realidade de milhares de lares durante a pandemia causada pelo novo coronav�rus.

Justamente em fun��o desta nova “vida”, a especialista destaca que a tentativa em conciliar atividades distintas, considerando a necessidade de tal, pode provocar uma acentua��o do cansa�o, da ansiedade e, tamb�m, do sentimento de ang�stia profunda. Isso porque, segundo a psiquiatra, as m�es tendem, al�m de se esgotarem pela realiza��o de todas as tarefas, a se culparem caso n�o consigam se dedicar e cumprir 100% dos afazeres, sejam eles dom�sticos e/ou maternos.
 
Mãe de dois filhos, Márcia Machado recorre à ajuda de terapia para sentir-se bem(foto: Arquivo Pessoal)
M�e de dois filhos, M�rcia Machado recorre � ajuda de terapia para sentir-se bem (foto: Arquivo Pessoal)
“Sinto que estou trabalhando muito mais do que antes, pois a minha rotina, como mulher, m�e e dona de casa, ficou bem mais complicada com as crian�as em casa o tempo todo. Al�m disso, meu filho n�o est� tendo aula, nem mesmo on-line, j� que estuda em escola p�blica. E isso torna a situa��o ainda mais delicada”, conta a empres�ria, Marcia Machado, de 40 anos, m�e de dois filhos – Felipe Machado Viana Costa, de 6, e Maria Fernanda Torres Alves, de 21.

Essa sobrecarga, conforme elucidado por Jaqueline, pode desencadear grandes n�veis de estresse, o que, consequentemente, pode levar ao aparecimento e/ou agravamento de sintomas psiqui�tricos, bem como de transtornos mais graves. Dessa forma, a especialista destaca que quadros de ansiedade, perda de sono, altera��o no apetite, irritabilidade, perda de energia, dificuldades para se concentrar, impulsividade e preju�zo nas tomadas de decis�es podem ser recorrentes.

“� poss�vel, ainda, que esse estresse mental exacerbado culmine em patologias correlatas ao psicol�gico humano, como transtornos de ansiedade e depress�o, dist�rbios alimentares e do sono e d�ficit de aten��o”, explica.

� o que sucedeu a Marcia. Segundo relatos da empres�ria, apesar de o marido sempre colaborar em alguns momentos, ela assumiu mais responsabilidade do que de costume, o que propiciou um agravamento de seu quadro cl�nico, j� existente, de estresse e ansiedade. “Sinto falta de ter vida social e de um momento somente para mim, como mulher. Sinto-me exausta o tempo todo”, diz.

DESAFIOS 


O isolamento social trouxe desafios tamb�m para a maternidade da operadora de loja Daniela Ferreira de Souza Campos, de 25. M�e solo de Heitor Campos Resende, de 2, ela conta que tem se desdobrado a fim de atender a todas as necessidades do filho, sejam elas pedag�gicas e/ou emocionais, o que, segundo relatos da operadora de loja, tem sido um exerc�cio de paci�ncia e empatia.

“Antes da pandemia, eu contava com o aux�lio da creche, onde o Heitor ficava em tempo integral. Com o fechamento, me vi respons�vel por uma demanda pedag�gica e recreativa do meu filho. Senti-me sobrecarregada. Al�m disso, o tempo que ele passava com o pai diminuiu durante o isolamento social, pois as visitas passaram a ser quinzenais, e isso n�o supre toda a demanda. Ent�o, mesmo querendo que essa minha sobrecarga fosse menor, eu tento fazer o que est� ao meu alcance e na minha realidade.”

Nesse cen�rio, Daniela destaca um fator que lhe faz falta, tamb�m como fator facilitador em um momento de sobrecarga e estresse: sair e passear com o filho. “Costum�vamos ir ao shopping e fazer atividades de lazer diferentes. Por�m, n�o podemos mais fazer isso, o que faz falta, pois agora preciso suprir essa necessidade de recrea��o, que toda crian�a tem, em casa”, pontua.

BEM-ESTAR 

Para amenizar os quadros de estresse, Jaqueline destaca ser importante, principalmente no que tange � maternidade solo, n�o deixar de lado o bem-estar e sempre fazer o que est� ao alcance da m�e, sem muitas cobran�as. Outro fator indispens�vel, segundo a psiquiatra, � o apoio profissional, seja ele de um psic�logo e/ou psiquiatra, mesmo que de forma on-line. 

E � o que Marcia tem feito. “A quarentena nos abalou profundamente. Al�m da sobrecarga de atividades, estamos mais cansados e intolerantes. Est� tudo muito mais dif�cil desde o in�cio do isolamento social. Por isso, tenho feito terapia, a fim de que consiga dar conta do recado. Tenho recorrido, tamb�m, � pr�tica de massagens, com o intuito, assim, de aliviar um pouco toda essa tens�o”, conta a empres�ria.

Daniela tamb�m recorreu � terapia, e isso antes mesmo do in�cio da pandemia. “Fa�o terapia desde a minha gesta��o, que foi solo, e continuo at� hoje. No contexto atual, esse exerc�cio tem sido essencial, como foi durante anos. Isso porque, por meio desse processo, busco manter o equil�brio das minhas emo��es e sentimentos, e entender, tamb�m, os meus limites, o que � muito importante, pois a todo instante eles s�o colocados � prova, principalmente durante este per�odo de maior sobrecarga.”

Outro m�todo usado pela operadora de loja e m�e do Heitor foi o de n�o se pressionar tanto pela realiza��o das atividades dom�sticas, diminuindo, assim, uma das muitas press�es exercidas sobre sua rotina. “Tenho tentado n�o me cobrar tanto quanto � quest�o dom�stica e de manter a casa sempre limpa, porque acredito que as tarefas do lar s�o, sim, importantes, mas elas podem esperar, porque a aten��o maior neste momento tem e precisa ser direcionada para o meu filho”, comenta Daniela.

Ainda de acordo com Jaqueline, outra recomenda��o � o compartilhamento de experi�ncias com outras m�es, para que, assim, a mulher entenda que n�o est� sozinha e que outras pessoas passam pela mesma situa��o, podendo, inclusive, conhecer maneiras mais eficazes de lidar com a sobrecarga das tarefas.

“Procurar relaxar � essencial, e uma boa maneira de fazer isso � exercitar durante o dia e/ou praticar medita��o, procurando manter corpo e mente em ordem. Al�m disso, � interessante fazer pausas no decorrer do dia, estabelecer hor�rios e criar uma rotina para que a crian�a entenda quando � hora de trabalho. A m�e tamb�m pode delimitar um espa�o de trabalho s� dela, mesmo que seja apenas uma mesa em determinado c�modo da casa”, recomenda a psiquiatra.

Cuide-se!

Torne a sua rotina mais agrad�vel e sem estresse:

» Tente relaxar se exercitando durante o dia. Medita��o � uma boa op��o
» Crie uma rotina e estabele�a hor�rios
» Fa�a pausas durante o dia
» Estabele�a locais de trabalho
» Troque experi�ncias com outras m�es
» Procure ajuda especializada

Fonte: Jaqueline Bifano, psiquiatra 
 
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram


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