
Ser m�e. Esse era um desejo, at� ent�o, pouco aflorado na atriz e musicista C�lia Portela, de 36 anos, e em sua companheira. Por�m, como uma perfeita atriz, a vida de C�lia Portela imitou a arte. “Eu atuava em um musical sobre a hist�ria do Chico Xavier, no qual eu fazia alguns pap�is em que representava m�es. Foi ent�o que esse desejo se despertou em mim”, conta. Na ocasi�o, ela estava em viagem a Curitiba com a pe�a em que atuava.
“Retornei para casa com essa ideia na cabe�a, a de que queria ter um filho. Falei com minha companheira e come�amos a conversar melhor sobre o assunto. Ela n�o tinha esse desejo como eu, mas concordou e entrou nesse sonho comigo. A partir da�, procuramos a reprodu��o assistida e iniciamos o processo”, relata.
E como funciona esse procedimento? De acordo com Cl�udia Navarro, especialista em reprodu��o humana e diretora t�cnica da Cl�nica Lifesearch, h� duas formas de a gravidez ser institu�da no caso dos casais homoafetivos femininos: por insemina��o intrauterina ou por fertiliza��o in vitro. A primeira delas – insemina��o intrauterina – se d� em um processo mais simples, por�m � indicado, normalmente, para mulheres que t�m as tubas uterinas normais e mais jovens.
“Assim, o s�men de doador an�nimo � tratado e selecionados os espermatozoides de melhor qualidade para serem depositados diretamente no �tero, facilitando a fecunda��o. No entanto, nesse caso, o �tero e o �vulo s�o da mesma mulher. Outra op��o � a gesta��o compartilhada, em que se utiliza o �vulo de uma das parcerias e o �tero de outra. Desse modo, uma se torna a m�e biol�gica e a outra gera a crian�a. O gameta masculino utilizado para a fecunda��o tamb�m tem de ser de um doador an�nimo.”

“Sou mais nova, tinha 35 anos na �poca em que come�amos o tratamento, e minha companheira 50, ent�o o recomendado era que eu engravidasse. Mas a decis�o ficou a nosso cargo e foi mais f�cil, j� que a maternidade era um desejo e sonho mais meu que dela”, relata a atriz, hoje gr�vida de 15 semanas de uma menina, fruto de um amor e uma gesta��o arco-�ris.
“� muito gratificante poder realizar um desejo, mas a gravidez em si tem sido um pouco dif�cil fisicamente, pois tenho passado bastante mal e, nesse sentido, tem sido complicado. Mas � uma grande realiza��o estar gr�vida, na realidade, pela segunda vez. Na primeira, quando engravidei por meio de uma insemina��o artificial, um tratamento menos complexo e em coparentalidade – duas m�es e dois pais –, perdi o beb�.”
Foi a partir dessa perda que a mudan�a de planos quanto � nova gravidez surgiu. � o que conta C�lia Portela.
“Decidimos, ent�o, que seria somente n�s duas com a fertiliza��o in vitro. E � muito bom gerar esse filho. Sonhamos, planejamos e, agora, realizamos. E minha companheira est� sempre do meu lado, com parceria total nesse sentido, estando muito envolvida tamb�m. Hoje, ela deseja nossa filha tanto quanto eu”, afirma a atriz e musicista.
IN VITRO
Para os casais homoafetivos masculinos que desejam gerar uma crian�a, a op��o � uma s�: fertiliza��o in vitro. Nesse caso, � utilizado um �vulo proveniente de uma doadora an�nima, que, ent�o, ser� fecundado com o espermatozoide de um dos dois parceiros – tamb�m seguindo crit�rios de qualidade e sa�de do gameta.
O embri�o gerado �, ent�o, implantado em uma mulher disposta a passar pela gesta��o.
“� recomendado que esse �tero de substitui��o seja de uma mulher que tenha parentesco de at� quarto grau com um dos dois pais da crian�a e com condi��es m�dicas para seguir e manter a gravidez. Caso n�o exista uma parente para realizar o procedimento, pode-se usar uma outra volunt�ria, desde que tenha uma autoriza��o do Conselho Regional de Medicina. Vale ressaltar que essa deve ser uma atitude altru�sta”, aponta.
SA�DE EM DIA
Um dos principais crit�rios para que o procedimento de reprodu��o assistida ocorra, e com sucesso, � o bom estado de sa�de dos gametas e da pessoa respons�vel por gerar o feto. Segundo Cl�udia Navarro, � o mesmo processo ao qual os casais h�teros s�o submetidos. “Tem-se que saber como ‘anda’ a sa�de. Por isso, o casal passa por uma s�rie de procedimentos e exames. Todos eles s�o feitos antes da reprodu��o assistida”, justifica a especialista.
E isso porque, de acordo com explica��es m�dicas da especialista em reprodu��o assistida, caso a m�e que ir� gerar o filho – casais homoafetivos do sexo feminino – ou o �tero de substitui��o – casais homoafetivos do sexo masculino – tenha alguma altera��o no estado de sa�de, pode-se ter complica��es durante a gesta��o. “Pacientes com diabetes n�o controlado e hipertens�o de dif�cil controle podem inferir quadros de risco. Portanto, h� a recomenda��o de n�o engravidar nesses casos.”
*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram
Tudo dentro da lei!
