
Nos �ltimos dias, um v�deo viralizou nas redes sociais da m�dica Biancca Cabral. Na filmagem, ela fala a respeito de um composto feito a partir de secre��es de pessoas que tiveram COVID-19, o qual ela faz uso e receita a seus pacientes como tratamento auxiliar de quadros cl�nicos de infec��o pelo novo coronav�rus.
Ap�s a repercuss�o negativa, a m�dica veio a p�blico para se explicar e justificar a prescri��o do bioter�pico, haja vista a sua n�o comprova��o cient�fica.
Ap�s a repercuss�o negativa, a m�dica veio a p�blico para se explicar e justificar a prescri��o do bioter�pico, haja vista a sua n�o comprova��o cient�fica.
Segundo a m�dica, o v�deo foi usado em outros canais de forma reduzida e “fora de contexto”, uma vez que, conforme os relatos de Biancca Cabral, parte do v�deo foi cortada. "Um v�deo meu respondendo � pergunta de uma seguidora que questionou o que seria o Coroninum tem viralizado, em especial em grupos me%u0301dicos e p�ginas de com�dia, o que levou muitos profissionais da �rea m�dica a me atacar com fortes ofensas tanto � minha profiss�o, quanto � minha honra, dignidade e imagem, sem mesmo avaliar a verdade e sem o que de fato eu disse, uma vez que o v�deo veiculado est� totalmente fora de contexto e cortado, pois n�o mostrou toda a explicac%u0327�o."
"A resposta � pergunta foi sobre um bioter�pico chamado Coroninum criado por me%u0301dicos e farmac�uticos homeopatas e n�o por mim. Tenho sofrido ataques de todos os tipos por algo que eu disse que tem fundamento, referente a um tratamento que uso como auxiliar, e � muito triste ver que em tempos de internet as pessoas perderam a no��o do respeito e empatia, atacando pessoas sem ouvir a vers�o inteira, por outro lado, o que me alegra e equilibra o lado da ignor�ncia nessa balan�a, s�o os colegas de profiss�o e pacientes que me defenderam e me deram apoio", relata Biancca Cabral.
Em sua primeira publica��o sobre o Coroninum, composto feito � base de secre��es de pessoas j� contaminadas por COVID-19, a m�dica explica o seu uso com a justificativa de que “a homeopatia acredita que semelhante cura semelhante”.
“O Coroninum � feito com secre��es de pessoas que tiveram COVID-19, mas em uma pot�ncia muito baixa, que � a 200ch, o que � muito baixo. E eu tomo 20 gotas por semana para auxiliar na imunidade e gosto de usar nos meus pacientes como auxiliar no tratamento de COVID e tamb�m na recupera��o no p�s-COVID. Acho muito ben�fico”, dizia a m�dica.
No entanto, muitas d�vidas surgiram ap�s a postagem, em raz�o de as pessoas acreditarem que a m�dica estava tomando, de fato, o “catarro” de uma pessoa j� contaminada. Al�m disso, muitas pessoas questionaram sobre o fato de o composto curar ou prevenir a infec��o pelo Sars-Cov-2, j� que n�o h� comprova��o cient�fica. Justamente por isso, Biancca Cabral fez um pronunciamento explicando o funcionamento do composto.
Segundo ela, n�o se trata do “catarro”, mas sim de um bioter�pico produzido � base de secre��es de pessoas que tiveram a COVID-19. Nesse v�deo, publicado h� cerca de um dia em seu perfil no Instagram, ela explica, tamb�m, que o Coroninum, como � chamado, n�o � capaz de induzir cura ou prevenir a infec��o, mas apenas de agir como um tratamento auxiliar para a doen�a.
"Sobre a palavra secre��o utilizada no v�deo, explico: os bioter�picos s�o prepara��es medicamentosas obtidas a partir de produtos biol�gicos quimicamente indefinidos, como secre��es, excre��es, tecidos, �rg�os, produtos de origem microbiana, al�rgenos, que servem de mat�ria-prima para as prepara��es bioter�picas homeop�ticas. Essas prepara��es podem ser de origem patol�gica (Nos�dios) ou n�o (Sarc�dios), elaboradas conforme a farmacot�cnica homeop�tica. O nos�dio de Coroninum trata-se de uma prepara��o homeop�tica que se enquadra perfeitamente na Farmacop�ia Brasileira (3ª Edi��o) o que o torna legal e semelhante a qualquer outro nos�dio utilizado na Homeopatia."
Biancca Cabral disse, ainda, que o composto n�o tem comprova��o cient�fica como os medicamentos alop�ticos, haja vista o seu potencial auxiliar e homeop�tico, e alertou sobre a necessidade de manter o tratamento tradicional. Ambos os v�deos foram tirados do ar pela m�dica a fim de evitar novos cortes.
"Ressalto que o Coroninum est� sendo citado no site da Sociedade Brasileira dos Homeopatas Farmac�uticos e que a Homeopatia � uma especialidade permitida no Brasil e reconhecida pelo CFM, embora eu n�o seja e nunca tenha falado que sou especialista na �rea ou atuado na mesma. No v�deo veiculado, eu usei a frase 'semelhante cura semelhante', pois este � um princ�pio da homeopatia idealizada por Hahnemann, e est� mencionado at� mesmo no site do CRM do Mato Grosso do Sul, aonde atuo."
"Ou seja, eu apenas citei um princ�pio e friso: Eu n�o disse que esse auxiliar cura COVID, e nem mesmo acredito que algo cure j� que n�o temos estudo cient�fico sobre isso. E mais, n�o indiquei o uso para a popula��o. Basta rever o v�deo. Apenas foi citado que eu uso e alguns pacientes usam por conta pr�pria. Em todo o v�deo eu ressaltei que o utilizo como auxiliar, e n�o como substitutivo do tratamento convencional e recomendado pelo Minist�rio da Sa�de, jamais faria ou falaria isso."
"Utilizo o Coroninum apenas como um auxiliar (usei exatamente essa palavra) no tratamento da COVID e p�s-COVID com o objetivo de auxiliar nos sintomas (assim como outras homeopatias, como o g�nio epid�mico, est�o sendo utilizadas e sempre foram em outras doen�as), foi exatamente isso o que eu disse no v�deo que por sua vez foi colocado fora de contexto e cortado. Como m�dica, nunca fiz imposi��o de tratamento � paciente e jamais faria em substitui��o do tratamento principal da COVID, embora a forma como o m�dico vai tratar um paciente com COVID � uma op��o dele, em respeito � autonomia do profissional de sa�de, quest�o amparada pelo CFM e pelo CRM do estado onde atuo", destaca a m�dica cl�nica geral.
RISCOS DA AUS�NCIA DE TRATAMENTO TRADICIONAL E AUX�LIO M�DICO
O infectologista do Hospital Madre Teresa e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estev�o Urbano, disse que a comunidade cient�fica tem que tratar essas terapias alternativas de uma forma respeitosa. Por�m, destacou que � preciso haver comprova��o.
“Recomendamos determinados tratamentos com base em evid�ncias, o mundo da medicina � baseado em evid�ncias. Portanto, temos que ter cautela nesses tratamentos que n�o t�m nenhuma comprova��o.”
“Recomendamos determinados tratamentos com base em evid�ncias, o mundo da medicina � baseado em evid�ncias. Portanto, temos que ter cautela nesses tratamentos que n�o t�m nenhuma comprova��o.”
“Sugerimos que sejam feitos protocolos cl�nicos que possam gerar estudos e as comprova��es que funcionam ou n�o, em vez de se fazer o uso aleat�rio dessas terapias. N�s devemos alertar o paciente, quando fizermos esse tipo terapia, de que n�o h� nada comprovado, devemos orientar o paciente a procurar a medicina que j� tenha a comprova��o, que � a tradicional. E fica a cargo do cliente, se vai ou n�o, fazer esse tipo de tratamento. Mas ele tem que estar sempre orientado sobre as evid�ncias cient�ficas relacionadas a isso.”
Nesse cen�rio, Estev�o Urbano alerta sobre os poss�veis riscos do uso indiscriminado de terapias n�o comprovadas sem aux�lio m�dico e sem o devido tratamento.
“Um grande perigo � a pessoa n�o sendo orientada perder tempo, n�o procurar orienta��o tradicional e que j� tem comprova��o, gastar tempo com uma terapia que n�o tenha documenta��o necess�ria para sua aprova��o e quando procurar um m�dico, j� procurar em uma fase muito avan�ada. Ent�o, o grande risco dessas terapias que n�o t�m comprova��o, � voc� n�o oferecer o que existe de melhor para o paciente”, explica.
“Um grande perigo � a pessoa n�o sendo orientada perder tempo, n�o procurar orienta��o tradicional e que j� tem comprova��o, gastar tempo com uma terapia que n�o tenha documenta��o necess�ria para sua aprova��o e quando procurar um m�dico, j� procurar em uma fase muito avan�ada. Ent�o, o grande risco dessas terapias que n�o t�m comprova��o, � voc� n�o oferecer o que existe de melhor para o paciente”, explica.
*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram