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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Cartas escritas � m�o: � como receber um abra�o

Escrever uma carta a m�o, seja para algu�m que voc� conhece ou um desconhecido, � compartilhar o que h� de mais precioso na vida: tempo


07/02/2021 04:00 - atualizado 04/02/2021 10:34

A publicitária mineira Mariana Loureiro criou, em 2016, o clube de trocas de cartas na internet: Envelope de Papel(foto: Arquivo Pessoal )
A publicit�ria mineira Mariana Loureiro criou, em 2016, o clube de trocas de cartas na internet: Envelope de Papel (foto: Arquivo Pessoal )

A publicit�ria Mariana Loureiro, de 24 anos, mineira de BH e moradora de Santa Luzia, agora estudando jornalismo, ama escrever. Ela conta que desde a inf�ncia dizia que seria redatora de revista. Gostava de inventar e escrever hist�ria. E n�o � � toa que hoje busca a gradua��o como jornalista. “Al�m da escrita, sou interessada no que as outras pessoas t�m a dizer e a mostrar sobre sua vida e cotidiano. Sempre gostei de cartas, mas por ser uma pessoa nascida no in�cio da internet, nunca tive tanto acesso assim � troca de cartas, no m�ximo aquelas em forma de bilhete na escola.”

Por�m, em 2016, a hist�ria de Mariana com as cartas mudou. “Meu pai me contava que na d�cada de 1980/1990 ele costumava participar de grupos de troca de cartas internacionais. Correspondia com brasileiros e pessoas de outros pa�ses. Sempre achei muito legal e curioso esse hobby. Ent�o, em 2016, essa curiosidade falou mais alto. Foi ent�o que decidi pesquisar se ainda existiam grupos assim. Encontrei dois, que pareciam um pouco desatualizados, mas n�o desisti e me inscrevi. Um ano depois, senti necessidade de criar o meu pr�prio clube de trocas de carta. Assim, nasceu O envelope de papel. Organizado do meu jeito, do modo que achava que outras pessoas iriam se interessar. No dia seguinte, apareceu uma inscri��o. Fiquei empolgada porque n�o havia comentado nem com meus amigos, como uma pessoa da Para�ba o descobriu? Ao longo dos dias as inscri��es foram aumentando e hoje somos quase 3 mil participantes”, conta.
 
Marina revela que � uma pessoa empolgada e seu clube de troca de cartas surgiu em um per�odo de f�rias para aproveitar o tempo para fazer algo diferente e que a motivasse: “Desde crian�a, pensava em criar um projeto que mudasse algo na vida das pessoas, que fosse agregador de forma positiva. Criei o site O Envelope de Papel como um hobby e para me divertir. Mas, ainda n�o sei como isso aconteceu, pode ter sido uma mensagem de Deus para que continuasse me dedicando ao projeto. O ano de 2020, apesar de ter sido muito duro, s� trouxe benef�cios ao clube. Praticamente, o per�odo de quarentena fez com que as inscri��es triplicassem, chegando a cerca de 150 por m�s.”

Nenhuma rede social ou aplicativo de troca de mensagens instant�neas trar� o mesmo prazer que � receber uma carta escrita a m�o para voc�. � como receber um presente inusitado, personalizado e cheio de carinho

Mariana Loureiro, criadora do site Envelope de Papel

Ela conta que ficou impressionada com a repercuss�o. Ent�o, viu que as redes sociais, principalmente o Instagram, seriam essenciais para ajudar no di�logo e divulga��o. � por ele que a maioria descobre o clube e se interessa pela troca de cartas. Hoje, ela tem um grupo no Facebook e Telegram com alguns participantes: “Eles afirmam se sentir parte de uma fam�lia. Acolhidos e felizes por terem encontrado o Envelope de Papel. � a minha maior recompensa, foi um desejo de inf�ncia que vem sendo realizado”.

Para participar, o primeiro passo � se inscrever por meio do site (www.oenvelopedepapel.com.br) e preencher todas as lacunas para ter o cadastro aprovado. O clube � dividido entre os maiores de 18 anos e menores de idade, por quest�o de seguran�a, principalmente para os menores de idade, deixando os respons�veis mais tranquilos sobre com quem aquela crian�a ou adolescente ir� se corresponder. Os endere�os para os dois grupos (adulto e teen) s�o catalogados em listas � parte.

Mensalmente, a lista � atualizada e criptografada com senha. “Outra forma de seguran�a que encontrei para os participantes seguirem confiantes no meu trabalho. A partir da�, ao baixar a lista e adquirir a senha para desbloque�-la, o participante ir� se deparar com in�meros endere�os e poder�, ent�o, escolher quantos quiser para enviar cartas pelas ag�ncias dos Correios. Sempre recomendo que a primeira carta seja uma apresenta��o para a outra pessoa para gerar assunto.” O participante � livre para personalizar a carta a seu modo e enviar.

Hoje, Mariana destaca que a carta � uma extens�o de quem �. “Acredito que seja a defini��o de minha personalidade. N�o me vejo n�o trocando cartas ou sem escrever para algu�m. Nenhuma rede social ou aplicativo de troca de mensagens instant�neas trar� o mesmo prazer que � receber uma carta escrita a m�o, enviada pelos Correios, para voc�. � como receber um presente inusitado, personalizado e cheio de carinho. Sinto que se todas as pessoas do mundo recebessem uma carta, pelo menos 1% das mazelas e sofrimento seriam evitados. Realmente, s� quem recebe cartas sabe o prazer indescrit�vel que �. � como se voc� recebesse todo dia um abra�o e um presente no momento em que est� mais precisando.”

Com participantes de 4 (com interfer�ncia e supervis�o dos pais) a 80 anos, Mariana acredita que a maioria dos participantes � movida pela nostalgia, outros por paix�o por itens de papelaria, para conhecer novas pessoas, e tem aqueles que est�o ali para experimentar um hobby novo, l�dico e artesanal. “Muitos gostam de desenhar, escrever usando t�ticas de lettering ou mesmo est�o ali para conversar com pessoas de lugares que nunca conheceram. Temos participantes de todos os estados e de brasileiros que vivem no exterior, como EUA, Jap�o, Fran�a, Portugal, Mo�ambique, Su�cia, Noruega entre outros. A busca pela troca de viv�ncias e culturas tamb�m � um elemento visado na troca de cartas.”

Mariana destaca o valor da carta de papel escrita a m�o: “Cartas on-line, assim como mensagens de WhatsApp, s�o f�ceis de ser escritas, r�pidas e nada memor�vel. Voc� se lembra do que estava escrito na �ltima mensagem ou e-mail que recebeu? N�o, n�? J� as cartas manuscritas trazem uma sensa��o positiva que jamais uma mensagem instant�nea ir� substituir. Voc� n�o manda cartas com o intuito de que cheguem r�pido ao destino ou que sejam somente bilhetes. Cartas s�o demoradas e longas e, por ser assim, s�o carinhosas e caprichadas. A pessoa dedica tempo para escrev�-la, para responder algo pessoal somente a voc�, caminha at� o Correio e paga para aquela carta ser enviada. � como se uma pessoa que voc� nunca viu na vida dedicasse horas do dia dela somente para fazer voc� feliz. � isso”.


CORRENTE DO BEM  


Érika Wendy, coordenadora da Associação Keralty, está à frente do projeto Corrente do bem: escreva para um idoso, com participação de voluntários(foto: Arquivo Pessoal)
�rika Wendy, coordenadora da Associa��o Keralty, est� � frente do projeto Corrente do bem: escreva para um idoso, com participa��o de volunt�rios (foto: Arquivo Pessoal)
“Corrente do bem: escreva para um idoso.” Projeto que nasceu em abril de 2020 com a busca de volunt�rios para escrever cartas para 279 pacientes do programa Contigo, da Vitallis, tem com objetivo promover a qualidade de vida de maneira integral, proporcionar bem-estar, al�vio de sintomas e sofrimento, cuidando de pacientes com doen�a cr�nica e aqueles que o amam. Um apoio f�sico, emocional, social e espiritual cont�nuo. Mas ele cresceu e se superou.

“Antes, a ideia das cartas surgiu para pacientes em cuidado paliativo, com doen�as cr�nicas incur�veis. Diante da pandemia, da dificuldade de acesso aos hospitais, centro de cuidados e casas, o foco foi capturar mais volunt�rios, ampliar os benefici�rios, para que a assist�ncia via cartas permanecesse presente”, conta �rika Wendy, coordenadora da Associa��o Keralty e � frente das a��es da entidade.

�rika Wendy revela que esperava volunt�rios suficientes; no entanto, foram surpreendidos: “O projeto cresceu e, agora, estamos presentes em 13 estados e seis pa�ses (Espanha, Col�mbia, EUA, Fran�a, Uruguai e Peru) e contamos com 3.710 pessoas escrevendo cartas para pacientes idosos, idosos em risco, pessoas em isolamento, em hospitais, fam�lias em vulnerabilidade. J� entregamos 13.701 cartas”.

Em parceria com a plataforma Atados, � poss�vel se cadastrar e se disponibilizar para um trabalho volunt�rio, h� v�rias formas de engajar ativamente. “Via Atados, colocamos os volunt�rios em contato com o nome do paciente, idade, e eles t�m 10 dias para escrever a carta, sempre a m�o. Depois, h� uma revis�o e enviamos as cartas digitalizadas para a institui��o fazer a impress�o. Toda entrega � por e-mail, por quest�o de seguran�a. E pedimos evid�ncias da entrega, como fotos, v�deo e �udios. A inten��o � que haja intera��o, sempre que poss�vel”, explica a coordenadora.

�rika Wendy enfatiza que o conte�do das cartas, primordialmente, � de boas energias, esperan�a, pensamento positivo, jamais de doen�a e dor. “N�o se escreve sobre enfermidade, s�o palavras de conforto, �nimo, amor. Os mais de 3 mil volunt�rios contam suas hist�rias e � como uma conversa, um bate-papo. Percebemos que a m�gica � o resgate das emo��es, muitos volunt�rios nunca tinham escrito uma carta a m�o, � um momento de externar os sentimentos por meio da caneta e do papel. E tem de ser a m�o, � moda antiga. E o momento da leitura � tamb�m de criar v�nculos, de fazer amizades, momento de encontros, coincid�ncias , de hist�rias, enfim, uma cura de m�o dupla. � lindo.”  Para saber mais basta acessar [email protected] e www.vitallis.com.br.





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