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Estado de Minas Sa�de

Pacientes oncol�gicos: cuidado e amor pela vida

Projeto de extens�o universit�ria busca ajudar pacientes oncol�gicos na recupera��o da autoestima durante e ap�s o tratamento do c�ncer


07/02/2021 04:00 - atualizado 08/02/2021 13:18

(foto: Teyssier Gwenaelle/Pixabay )
(foto: Teyssier Gwenaelle/Pixabay )


“� marcante, � desgastante, � sofredor. Tive as piores rea��es poss�veis durante o tratamento, emagreci demasiadamente, sentia muito mal-estar e �nsias de v�mitos, precisei lidar com a perda de apetite e tive quadros de hipotermia. Minha mente tamb�m sofreu, passei a ter crises de ansiedade e p�nico. E eu nunca tive ningu�m para conversar. Passei por tudo sozinha, sem ajuda de familiares ou assist�ncia psicol�gica. Minha terapia, todo o protocolo, a descoberta da doen�a, radioterapia, quimioterapia, braquiterapia, as vezes que passei mal pelo efeito das medica��es. Tudo isso sempre sozinha.”

� o que conta a seguran�a e auxiliar administrativo Ana Paula Martins, de 49 anos, que teve constatada neoplasia maligna para dois tipos de c�ncer diferentes, um adenocarcinoma e um carcinoma invasor, ambos no colo do �tero, em 2016. “Foi uma pancada para mim. E n�o pude fazer a cirurgia para retirar os tumores justamente por ter dois deles no corpo. Fiquei desestruturada e sem ch�o, e chegou um momento em que n�o conseguia mais andar. Mas encerrei o tratamento em 2018, e mesmo assim sinto dores, ainda h� sequelas”, relata Ana Paula, que, at� hoje, faz uso de morfina e demais medicamentos para al�vio de sintomas.

Eles chegam com muitas d�vidas e dificuldades em lidar com problemas corriqueiros, como queda de cabelo, feridas na boca, e inc�modos. E, por meio do projeto, integramos v�rias frentes de cuidado

Paula Mota Vasconcelos, idealizadora do projeto e professora do curso de est�tica e cosm�tica da UNA

A auxiliar administrativo relata que, inclusive, pensou, em diversos momentos durante o tratamento, em tirar a pr�pria vida. O cansa�o, o trauma de estar sozinha e as dores. Tudo isso a faziam pensar que a melhor sa�da estava em tirar o seu bem mais precioso: a vida. “As dores eram insuport�veis e as medica��es n�o resolviam. Eu n�o tinha par�metro algum na minha vida, mas com o projeto a minha vida ganhou outro rumo. Eles salvaram a minha vida”, afirma Ana Paula Martins ao relembrar o seu primeiro contato com o projeto Est�tica no P�s-c�ncer, da UNA Cidade Universit�ria.
 
Foi a� que Ana Paula Martins recuperou o bem-estar pessoal e amor pela vida, com cuidado e atendimento humanizado. “Muitas vezes, o foco do paciente est� no tratamento e nos seus resultados, e a parte da busca do bem-estar acaba sendo negligenciada. Eles chegam com muitas d�vidas e dificuldades em lidar com problemas corriqueiros e inc�modos, como pele e cabelos ressecados, feridas na boca e sangramentos nas gengivas. E, por meio do projeto, integramos v�rias frentes de cuidado”, diz a idealizadora do projeto e professora do curso de est�tica e cosm�tica Paula Mota Vasconcelos.

Jéssica Mendes de Omena Lacerda destaca que projeto proporciona conversas e um pouco de esperança(foto: Arquivo Pessoal)
J�ssica Mendes de Omena Lacerda destaca que projeto proporciona conversas e um pouco de esperan�a (foto: Arquivo Pessoal)
Com a administradora J�ssica Mendes de Omena Lacerda, de 29, n�o foi diferente. Para ela, o projeto foi um “divisor de �guas”, algo especial em sua vida em um momento perturbador. “Fui diagnosticada com c�ncer de mama em 2018 e senti muito medo. Comecei o tratamento, fiz mastectomia – retirada do seio – e coloquei pr�tese. Fiquei muito tempo indo todos os dias ao hospital para me tratar e, hoje, estou em remiss�o. Ou seja, n�o tenho mais a doen�a no corpo, mas ainda n�o estou curada porque a doen�a pode voltar.”

“Por isso, sigo tomando rem�dios para manter o controle. E o projeto � muito especial nesse sentido, porque o tratamento � limitado � medicina e, portanto, n�o temos o acompanhamento de outras �reas, como de nutricionistas ou esteticistas. Isso faz falta. Assim sendo, temos muitas d�vidas durante todo o processo a respeito do que pode e n�o pode e dos nossos direitos, bem como sobre como proceder para cuidar dos resqu�cios da doen�a e do tratamento na pele, cabelo e unhas, por exemplo. No projeto, temos informa��o e, o mais importante, atendimento especializado para cada paciente”, relata.

J�ssica Mendes, assim como Ana Paula, sentiu no corpo toda essa aus�ncia de cuidado especializado. Elas relatam ter percebido pele e cabelo oleosos e unhas quebradi�as, por exemplo. Por�m, isso se resolveu com as recomenda��es e atendimentos no projeto. “Al�m disso, ele nos proporciona conversas e um pouco de esperan�a. Isso � essencial: sentir que tem algu�m cuidando de n�s, que est� ali conosco naquele momento”, pontua a administradora.

MAIS QUE EST�TICA 


Paula Mota Vasconcelos, idealizadora do projeto, afirma que ele se tornou um processo de integralidade de tratamento (foto: Mateus Baranowski/Divulgação )
Paula Mota Vasconcelos, idealizadora do projeto, afirma que ele se tornou um processo de integralidade de tratamento (foto: Mateus Baranowski/Divulga��o )
De acordo com Paula Mota, idealizadora do projeto Est�tica e P�s-c�ncer, os pacientes recebem orienta��es que v�o al�m da est�tica – cabelo, pele e unha. Apesar de ter sido esse o intuito inicial, o de ajudar com informa��es e indica��es de como cuidar da autoestima ap�s o fim do tratamento de c�ncer, o projeto fez mais. A princ�pio, os pacientes t�m acesso a informa��es de como cuidar da pele e do cabelo, como melhorar a postura e a forma de vestir.

Al�m disso, recebem instru��es e incentivos para a retomada das atividades f�sicas, cuidados de higiene bucal e de preven��o de feridas na boca. H�, ainda, orienta��es profissionais para al�vio de alguns sintomas, an�lises de exames e informa��es a respeito de direitos e necessidades. O projeto se transformou em muito mais. � um processo de integralidade de tratamento. “Buscamos ajudar o paciente a diminuir todas as suas disfun��es, porque ele sofre muitas altera��es no organismo em raz�o dos processos radiol�gicos, quimioter�picos ou hormonais.”

Segundo ela, mesmo ap�s ter terminado o tratamento, o corpo demora certo tempo para se organizar fisiologicamente. Ent�o, muitas altera��es ainda s�o vis�veis e esse paciente tem altera��o na pele, na alimenta��o, dificuldade com alguns alimentos, dificuldade de usar um produto ou cosm�tico adequado. �s vezes, ele at� apresenta altera��o odontol�gica, como sangramento gengival. “Em tudo isso, buscamos ajudar, porque esse paciente no p�s-c�ncer � um paciente fragilizado. N�o s�o todos os pacientes que sofrem uma cirurgia, mas alguns, por exemplo, precisam ser ouvidos, de simplesmente falar aquilo que eles vivenciaram, porque muitas vezes, a fam�lia tem essa dificuldade”, completa.

Esse cuidado integrado � o norte principal para fazer a diferen�a na vida do paciente. � no que a aluna do curso de est�tica e cosm�tica M�rcia Pereira Rodrigues, uma das estudantes que fazer parte do projeto, acredita. “Como diz o ap�stolo Paulo, mesmo havendo muitos membros eles formam um s� corpo. Quando fizemos o nosso primeiro teleatendimento, eu pude perceber isso claramente, como que todas essas pe�as se encaixavam e o qu�o satisfat�rio � ver as pacientes recebendo as orienta��es com tanto carinho”, conta.


ATENDIMENTO 


Paula Mota conta que o projeto surgiu no fim do ano passado como iniciativa de extens�o do Centro Universit�rio UNA e far� novamente parte da grade na faculdade. A princ�pio, com o objetivo de ser presencial, as consultas foram e ser�o feitas virtualmente, em formato de teleconfer�ncia, em raz�o da pandemia de COVID-19, e atendem pacientes em remiss�o e em tratamento. “Os pacientes passam pela doen�a de forma variada. Tem-se medo, revolta, aceita��o. Tudo isso misturado.”

“E buscamos agir nisso ajudando na autoestima e nos sintomas. Por isso, fazemos uma triagem inicial, com um formul�rio, para pr�-avalia��o. Depois, fazemos agendamento com os pacientes selecionados para um encontro on-line e, a partir disso, gerenciamos as nossas consultas, com avalia��o completa do paciente pelos alunos, que s�o de �reas diversas – est�tica e cosm�tica, odontologia, enfermagem, fisioterapia, servi�o social, biomedicina e nutri��o. Assim, os alunos elaboram orienta��es espec�ficas para o paciente avaliado, aprovamos, orientamos os pacientes e tiramos todas as d�vidas.”

Para Ana Paula Martins, o c�ncer � um vulc�o adormecido, que se acalma e quando entra em erup��o danifica todo o corpo. E o projeto � como uma dose de amor e cuidado que ameniza todas as rea��es. “Voc� passa a viver com esse medo de erup��o para sempre, e sofrendo com os danos. Por�m, no projeto, pessoas t�o jovens, com amor pelo pr�ximo e pelo que fazem, sem estar ali apenas para uma forma��o, v�o al�m para atenuar esses danos e ang�stias. Elas conseguem fazer as pessoas sentirem que podem vencer”, avalia a auxiliar administrativo.

*Estagi�ria sob supervis�o 
da editora Teresa Caram


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