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Estado de Minas SA�DE

Governo de MG confirma falta de rem�dio contra esclerose m�ltipla

Pacientes est�o h� dois meses sem receber o cloridrato de fingolimode, que pode custar at� R$ 5.000; falta de uso pode causar danos nos portadores da doen�a


23/02/2021 15:39 - atualizado 23/02/2021 17:28

Cloridrato de fingolimode é usado no tratamento da esclerose múltipla
Cloridrato de fingolimode � usado no tratamento da esclerose m�ltipla (foto: Pixabay)
Usado para combater a esclerose m�ltipla, o cloridrato de fingolimode est� em falta h� pelo menos dois meses em Minas Gerais. A aus�ncia do medicamento foi confirmada pela Secretaria de Estado de Sa�de, que responsabiliza o governo federal pelo desabastecimento e prev� a normaliza��o na distribui��o das c�psulas nos pr�ximos dias. Enquanto isso, quem depende do rem�dio tem enfrentado dificuldades e preocupa��es. 

� o caso da jornalista aposentada Maria Beatriz Nazar� de Lima, que encara a doen�a cr�nica h� 17 anos. Autoimune, a esclerose m�ltipla � capaz de afetar a comunica��o entre o c�rebro e o corpo, em raz�o dos danos causados aos nervos. “Descobri quando fui passar f�rias na praia e l� eu comecei a ficar muito cansada, dormia bastante. Na volta, ia dirigir, mas n�o aguentei, porque estava com a vis�o dupla, que � um sinal caracter�stico. Entre os sintomas, eu levei muito tombo e, quando ia assinar cheque, por exemplo, a letra ficava um garrancho. Tive outro sintoma cl�ssico em 2003, a parestesia, o lado esquerdo do meu rosto come�ou a formigar e depois passou para o corpo todo", contou.

Em novembro do ano passado, ela apresentou rea��es adversas ao rem�dio que usava e passou a precisar do cloridrato de fingolimode, mas n�o recebeu o medicamento desde ent�o.  “Estou h� sete anos sem surto, mas n�o poderia continuar tendo rea��o, que variava de dores fortes na coluna por cerca de 40 minutos e calafrios, e nem ficar sem o medicamento. Ent�o, segui um protocolo, entre papeladas e exames, para requerer o direito ao cloridrato de  fingolimode, tive o pedido aceito, mas, mesmo com dias na fila de espera, n�o recebi o medicamento. Estou h� dois meses sem fazer o tratamento que preciso por conta disso”, conta. 

"Mesmo com dias na fila de espera, n�o recebi o medicamento. Estou h� dois meses sem fazer o tratamento que preciso por conta disso."

Maria Beatriz Nazar� de Lima, 57 anos, jornalista aposentada



Governo federal garante j� ter regularizado situa��o


Em contato com o Estado de Minas, a Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG) informou que o estoque do cloridrato de fingolimode 0,5 mg c�psula, fornecido pelo Minist�rio da Sa�de (MS), encontra-se desabastecido. “Entretanto, o Minist�rio da Sa�de informa que o processo de compras j� tramita em sua fase final. T�o logo o medicamento seja entregue, a SES-MG vai autorizar a distribui��o a todas Regionais de Sa�de do Estado”, completou a SES-MG. 

Segundo o Minist�rio da Sa�de, o envio da pauta de distribui��o do medicamento j� foi realizado e a previs�o � que o abastecimento seja regularizado nos pr�ximos dias. “O medicamento era adquirido pelo Minist�rio da Sa�de junto � empresa Novartis. Contudo, em 30 de outubro de 2020, nas v�speras da assinatura de novos contratos com a empresa, foi proferida uma senten�a julgando a nulidade da patente PI0409250-3, resultado de senten�a judicial disputada por empresas farmac�uticas no pa�s", disse o minist�rio em nota.  

“Dessa forma, a pasta, obrigatoriamente, teve que dar continuidade ao processo aquisitivo do medicamento na modalidade preg�o eletr�nico por sistema de registro de pre�os. A Ata de Registro de Pre�os foi publicada no Di�rio Oficial da Uni�o em 19 de janeiro de 2021 e o novo contrato j� foi assinado pelo representante legal da empresa vencedora da licita��o. Cabe esclarecer que, al�m do fingolimode 0,5 mg, o Minist�rio da Sa�de disponibiliza, para o tratamento da esclerose m�ltipla, a betainterferona, fumarato de dimetila, acetato de glatir�mer e teriflunomida, todos com o abastecimento regular”, alegou a pasta. 

Suspens�o de tratamento pode levar a danos graves


Segundo o neurologista e m�dico respons�vel pelo caso de Maria Beatriz, Guilherme Isaac Schreiber Litwinski, o medicamento � crucial para o controle da doen�a, haja vista seu car�ter preventivo. “Ela � uma paciente que tem doen�a cr�nica. Ent�o, esse medicamento � usado como forma de evitar que a doen�a fique em atividade. E esse f�rmaco, por ser caro, � fornecido pela Secretaria de Estado de Sa�de, mas por algum problema de distribui��o n�o foi reposto. O medicamento custa em m�dia R$ 5.000", detalhou.


As dificuldades n�o param por a�, aponta Maria Beatriz. “Eu estou sem medicamentos e receio por continuar a tomar o rem�dio que vinha tomando e ter alguma rea��o adversa. E n�o tem nenhuma outra alternativa, porque ele n�o � vendido por aqui, e � muito caro para adquirir fora. Tem uma l�gica de eu ganhar o rem�dio, que � muito mais caro eu desenvolver a doen�a e ficar internada do que se o governo pagar para eu ficar bem. � mais barato eu ficar bem do que desenvolver a doen�a", avaliou. 

"Realmente n�o pode estar em falta um medicamento como esse, tem muitas pessoas que utilizam e, na falta dele, h� o risco de a pessoa ter um surto de esclerose m�ltipla e ficar com alguma sequela neurol�gica"

Guilherme Isaac Schreiber Litwinski, neurologista e m�dico respons�vel pelo caso da paciente



Os danos pela falta do tratamento podem ser graves, mesmo a paciente n�o apresentando surtos h� cerca de sete anos. “Realmente n�o pode estar em falta um medicamento como esse, tem muitas pessoas que utilizam e, na falta dele, h� o risco de a pessoa ter um surto de esclerose m�ltipla e ficar com alguma sequela neurol�gica. Ent�o, n�o deveria acontecer. Esse medicamento � usado para prevenir surtos, ent�o, se ficar sem ele, a pessoa fica sem a preven��o e pode ter a ativa��o da doen�a. N�o se sabe se ela vai ter ou n�o, mas ela fica sob risco”, conclui o m�dico. 

* Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Jo�o Renato Faria


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