
“A descoberta de um c�ncer em gr�vidas tem grande impacto emocional, pois essas mulheres precisam lidar com duas crises ao mesmo tempo, o c�ncer (amea�a de morte) e a gravidez (gestar uma vida). Em geral, o diagn�stico de c�ncer � vivenciado tanto pelo paciente quanto pela fam�lia como um momento de intensa ang�stia, na qual a possibilidade de mutila��o e morte se fazem presentes. Por isso, elas podem ter dificuldade em lidar com o diagn�stico e ter frustra��es pela gravidez n�o ter ocorrido da forma idealizada.”
� o que explica a psic�loga da Cl�nica Oncomed Renata Ribeiro. E a consultora de moda Tayane Rodrigues, de 26 anos, sentiu isso na pele. Aos quatro meses de gesta��o, ela descobriu um tumor maligno no colo do �tero. “Descobri o c�ncer no primeiro exame de pr�-natal. No primeiro momento, foi um baque para mim e para a minha fam�lia, at� porque eu j� estava processando a gravidez do meu primeiro filho. Com essa not�cia, foi bem dif�cil, at� porque as primeiras consultas oncol�gicas foram muito decepcionantes.”
“Um dos primeiros m�dicos que fui, me tirou a esperan�a total at� mesmo da minha vida. A op��o que ele me deu foi retirar o feto e o tumor com cirurgia, mas com riscos de vida por eu estar gr�vida e imunodepressiva. Foi muito dif�cil de lidar com o desespero dessa not�cia. Mas eu n�o desisti e decidi procurar outros m�dicos, que me disseram que eu poderia sim fazer o tratamento e levar a gesta��o at� as 36 semanas quando o feto estaria mais maduro, fazer uma ces�rea e operar ap�s o parto”, conta.
Ainda na gravidez, conforme relatos de Tayane Rodrigues, ela se submeteu ao tratamento de quimioterapia, assim como foi indicado pelos m�dicos respons�veis pelo seu caso. E isso levando em conta crit�rios espec�ficos, conforme alertado pelo oncologista e um dos especialistas encarregados do quadro da gestante Am�ndio Soares, da Oncomed e Instituto Orizonti.
“A melhor conduta terap�utica de mulheres gr�vidas com diagn�stico de c�ncer deve levar em considera��o, al�m de fatores m�dicos, par�metros �ticos, psicol�gicos, religiosos e legais. Sendo diagnosticado um tumor no colo do �tero durante a gravidez, a conduta depende de diferentes fatores, incluindo o est�gio da doen�a, o tempo de gesta��o e o desejo da mulher de procriar. Assim, � necess�rio um plano de tratamento individualizado para cada paciente”, pontua.
Nesse cen�rio, Am�ndio Soares exemplifica: “No caso de uma paciente no final da gravidez com um tumor em est�gio inicial, a melhor conduta pode ser aguardar o nascimento da crian�a, sem qualquer preju�zo para a sa�de da m�e. Na eventualidade de um tumor avan�ado, com o feto j� formado, podemos indicar quimioterapia, com o tratamento definitivo ap�s o parto. Outras vezes pode estar indicado o tratamento cir�rgico local, menos invasivo, com a preserva��o da gravidez”.

Tayane Rodrigues que, conforme relatos, optou e teve a indica��o para seguir com a gravidez e se submeter ao tratamento, hoje, se encontra bem e com a pequena Liz, agora com oito meses, cheia de vida. “Foi um processo �rduo, mas me deu for�a o suficiente para enfrentar os efeitos colaterais com f� e perseveran�a. N�o foi uma decis�o muito dif�cil. A partir do momento que tive a oportunidade de receber um tratamento eficaz, garantindo a sa�de do beb� e a minha sobrevida, pude seguir tranquila. Agora, estou muito bem, e minha filha � linda, muito saud�vel, um beb� extremamente tranquilo e n�o teve nenhuma sequela ao tratamento”, comemora.
O C�NCER DE COLO DE �TERO NA GRAVIDEZ
O c�ncer do colo do �tero � o c�ncer ginecol�gico mais comum na gravidez, com estimativa entre um e 12 casos por 10.000 gesta��es, segundo dados do Minist�rio da Sa�de. No entanto, a gravidez pode simular ou mesmo mascarar o diagn�stico do tumor. Por isso, � muito importante manter o acompanhamento ginecol�gico e m�dico em dia.
“Os sintomas do c�ncer do colo uterino dependem do est�gio cl�nico e do tamanho do tumor. Nos est�gios iniciais da doen�a, as mulheres geralmente s�o assintom�ticas, portanto, o diagn�stico torna-se um achado incidental durante o exame p�lvico de rotina ou investiga��es citol�gicas. Os est�gios iniciais da doen�a podem se apresentar com sangramento vaginal anormal ou corrimento vaginal desagrad�vel, enquanto em est�gios avan�ados, disfun��o urin�ria, dor p�lvica, altera��es do h�bito intestinal s�o comuns”, explica Am�ndio Soares.
Nesse cen�rio, o oncologista destaca que a import�ncia de uma abordagem multidisciplinar para otimizar o tratamento para a paciente, fornecendo simultaneamente a melhor chance de sobreviv�ncia para o feto.
MAR�O LIL�S
Na campanha Mar�o Lil�s, a sa�de feminina e preven��o do c�ncer de colo do �tero est�o em pauta. Este � o m�s de conscientiza��o sobre a import�ncia da preven��o do c�ncer de colo de �tero, a quarta maior causa de morte de mulheres por c�ncer no Brasil, segundo o Instituto Nacional de C�ncer (Inca).
Al�m de conscientizar sobre o tema, a campanha alerta sobre a import�ncia de se proteger contra as DSTs, uma vez que o v�rus HPV � a principal causa do c�ncer do colo do �tero. Por isso, as mulheres s�o incentivadas a manter uma rotina frequente de idas ao ginecologista e a fazer exames preventivos, como o papanicolau, que ajuda a detectar a infec��o causada pelo HPV e poss�veis altera��es no colo do �tero.
A vacina contra o HPV tamb�m � lembrada e indicada.
*Estagi�ria sob a supervis�o do subeditor Daniel Seabra