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Estado de Minas DISFAGIA

COVID-19: 8 em cada 10 internados t�m dificuldade para engolir, diz estudo

De acordo com especialistas, a disfagia pode agravar sintomas e causar sequelas ao organismo. Idosos s�o grupos de risco para a complica��o


26/03/2021 15:00 - atualizado 29/03/2021 15:14

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Dados preliminares de um estudo conduzido pelo Hospital do Cora��o (HCor), em S�o Paulo, e pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, apontam que 88% dos pacientes internados com diagn�stico positivo de COVID-19 apresentam quadros de disfagia em algum grau, variando de leve a grave. Isso significa que cerca de 8 em cada 10 pacientes t�m dificuldades para engolir como consequ�ncia da infec��o pelo novo coronav�rus. 

Os primeiros resultados envolvem 129 pacientes, com m�dia de idade de 72 anos, sendo 54% do sexo masculino. Dentre os participantes, 59% precisaram de intuba��o orotraqueal para o tratamento e 11% foram submetidos � traqueostomia devido � gravidade da doen�a.  

Entre os participantes, 40% tinham doen�as card�acas, 38% doen�as neurol�gicas pr�vias e 7% apresentavam antecedentes de doen�as pulmonares. Os pacientes com maior tempo de intuba��o apresentaram maior gravidade de disfagia. A presen�a de comorbidades tamb�m aumentou a piora do quadro disf�gico, segundo os estudiosos.  

O estudo est� em prepara��o para submiss�o em revistas cientificas.   

Mas por que esse quadro ocorre? Segundo a coordenadora do Servi�o de Fonoaudiologia do Hospital Moinhos de Vento Camila Ceron, pacientes com COVID-19 podem ter altera��o na coordena��o do ciclo respirat�rio com a degluti��o, e essa perturba��o pode aumentar o risco de aspira��o.

Com o agravamento da doen�a, os pacientes podem ser submetidos a intuba��o orotraqueal e ventila��o mec�nica, procedimentos invasivos que podem resultar em sequelas, dentre elas a disfagia.  

“A intuba��o orotraqueal acima de 48 horas � suficiente para aumentar o risco da disfagia e, quanto maior o tempo de ventila��o mec�nica, maior o risco. Durante a intuba��o o paciente � submetido a passagem de um tubo pela faringe e laringe, al�m do uso de sedativos e/ou bloqueadores musculares que podem causar altera��es anat�micas na glote, nos mecanorreceptores e quimiorreceptores. Com a inatividade muscular e o comprometimento da fun��o pulmonar, a coordena��o da degluti��o e respira��o � prejudicada predispondo o paciente � disfagia”, elucida. 

Camila Ceron, coordenadora do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital Moinhos de Vento (foto: Hospital Moinhos de Vento/Divulgação)
Camila Ceron, coordenadora do Servi�o de Fonoaudiologia do Hospital Moinhos de Vento� (foto: Hospital Moinhos de Vento/Divulga��o)
De acordo com a m�dica, dependendo do tipo do tubo – di�metro, tamanho e press�o – pode haver, tamb�m, o comprometimento da fun��o de adu��o (fechamento) das pregas vocais, necess�ria para a fona��o e degluti��o. A intuba��o orotraqueal tamb�m pode acarretar em abras�o da mucosa, inflama��o, hematomas, ulcera��o das cordas vocais, epiglote e base da l�ngua. Essas altera��es comprometem o trajeto dos alimentos, l�quidos ou saliva da cavidade oral at� o est�mago. 

O quadro de disfagia pode ser prejudicial � recupera��o do paciente, j� que a ocorr�ncia do quadro pode levar � desnutri��o, desidrata��o e pneumonias aspirativas. “Essas altera��es quando agravadas podem levar o paciente a �bito. Vale ressaltar que altera��es no processo de degluti��o interferem diretamente na qualidade de vida desses pacientes”, afirma o coordenador do Servi�o de Fonoaudiologia do Hospital HCor Jos� Ribamar do Nascimento Junior. 

SEQUELAS  


A COVID-19 � caracterizada por causar uma resposta inflamat�ria sist�mica e exacerbada no organismo, o que pode prejudicar outros �rg�os al�m do pulm�o. Justamente por isso, o paciente, quando acometido por outras enfermidades, pode ter agravamento do quadro de infec��o e poss�veis sequelas com o aparecimento do sintoma de disfagia. Por isso, � importante se atentar aos fatores de risco relacionados ao acometimento do organismo pela dificuldade de engolir alimentos, l�quidos e saliva.  

“Pacientes idosos, com quadro pr�vio de prebisfagia, no qual j� ocorrem modifica��es na fun��o da degluti��o devido ao envelhecimento; portadores de comorbidades previas como doen�as neurol�gicas que podem ter desordem na fisiologia da degluti��o; rebaixamento do estado cognitivo e altera��o no estado comportamental; doen�as pulmonares obstrutivas cr�nicas que podem interferir na coordena��o entre respira��o e degluti��o, e altera��es mec�nicas causadas por cirurgias de cabe�a e pesco�o. Todos esses fatores podem ter os quadros de disfagia agravados”, destaca Camila Ceron. 

RECUPERA��O 


A detec��o precoce da disfagia, ainda durante a interna��o hospitalar, � muito importante, segundo a coordenadora do Servi�o de Fonoaudiologia do Hospital Moinhos de Vento. “A avalia��o e atua��o fonoaudiol�gica s�o essenciais para identificar a disfagia e iniciar a reabilita��o, visando minimizar sequelas, reduzir risco de pneumonias aspirativas, diminuir tempo de interna��o nas unidades, bem como o tempo de interna��o hospitalar, garantindo boas pr�ticas de seguran�a ao paciente e permitindo assim melhores condi��es de desfecho cl�nico e qualidade de vida.” 

Nesse cen�rio, Jos� Ribamar Nascimento destaca a mudan�a de perfil dos pacientes com disfagia haja vista a COVID-19. Para ele, � essencial que as unidades de sa�de estejam preparadas para melhor atender e tratar aqueles que necessitarem de terapia. “Temos visto muitos jovens que ficam hospitalizados por um per�odo maior, devido a quadros mais graves de COVID-19. Por isso, a incid�ncia de disfagia pode apresentar preval�ncia, demandando preparo da equipe tamb�m no cuidado desse quadro”, comenta. 
 
O tratamento da disfagia vai desde exerc�cio para fortalecimento da musculatura orofacial, modifica��o nas consist�ncias, volume e temperatura dos alimentos at� mesmo a cirurgia. 

SENTINDO NA PELE  


O m�dico Ant�nio Joaquim Cortes Fernandes, de 70 anos, sofreu o real drama de n�o conseguir engolir. Ele, que internou em 27 de fevereiro com COVID-19 e ficou algum tempo na UTI para tratar a doen�a, desenvolveu o quadro de disfagia e, inclusive, precisou da ajuda da sonda para repor nutrientes. Hoje, Ant�nio Fernandes comemora a recupera��o. 
 
Antônio Joaquim Cortes Fernandes, de 70 anos, lutou contra a COVID-19 e a disfagia. Hoje, ele já consegue se alimentar sozinho(foto: Hospital Moinhos de Vento/Divulgação)
Ant�nio Joaquim Cortes Fernandes, de 70 anos, lutou contra a COVID-19 e a disfagia. Hoje, ele j� consegue se alimentar sozinho (foto: Hospital Moinhos de Vento/Divulga��o)

 
“Ainda estou em reabilita��o com o servi�o de fonoaudiologia. Para mim, tem sido fant�stico, porque, agora, j� estou sem sonda, e isso uma semana ap�s a sa�da da UTI. E agora posso comer e beber. Sou grato”, afirma o m�dico. 

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram 


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