Para tentar ser um contraponto a essa onda de fake news que dificulta as medidas eficazes de enfrentamento da COVID-19, infectologistas, epidemiologistas, virologistas e sanitaristas se uniram no projeto de uma plataforma chamada HubCovid.
Lan�ada no in�cio de mar�o, ela tem o objetivo de transmitir conte�do atual, de qualidade e acess�vel, al�m de integrar as informa��es sobre o tema em uma plataforma que seja refer�ncia para equipes de sa�de, gestores, popula��o e m�dia.
Dentre os conte�dos dispon�veis, est� uma lista de 19 mitos e verdades sobre a COVID que circularam durante o primeiro ano de pandemia. Confira:
1 - O coronav�rus foi fabricado em laborat�rio
Mito. Segundo os especialistas, as melhores evid�ncias existentes at� o momento apontam para a origem do v�rus a partir de coronav�rus que circulam em animais. Estudos encontraram grande similaridade entre os genomas do Sars-CoV-2 detectado em humanos e de coronav�rus encontrados em pangolins - uma esp�cie de mam�fero existente em regi�es da �sia e �frica - e morcegos.
Dessa forma, o mais prov�vel � que o v�rus circulava inicialmente entre esses animais, mas muta��es ao acaso foram acontecendo at� que fosse poss�vel um salto de esp�cies, ou seja, o v�rus passar a circular entre os humanos.
2 – Pessoas de todas as idades podem ser infectadas pela COVID-19
Verdade. Qualquer indiv�duo, de qualquer idade, pode ser infectado e desenvolver sintomas, inclusive quadros graves que levam � morte. Crian�as e adolescentes costumam apresentar quadros leves ou mesmo ter infec��o assintom�tica. Apesar disso,
j� foram registrados casos graves e at� morte, nestes grupos.
J� idosos e pessoas com comorbidades t�m maior risco de apresentar formas mais graves da doen�a. De maneira geral, os protocolos para se reduzir o risco de transmiss�o devem ser seguidos por pessoas de todas as idades.
3 - Quem pegou o novo coronav�rus j� est� imunizado contra a doen�a
Mito. Embora exista alguma prote��o contra reinfec��o nos primeiros meses, a tend�ncia � que essa prote��o v� diminuindo ao longo do tempo. Com a dissemina��o de novas variantes mais transmiss�veis, � poss�vel que as reinfec��es sejam mais frequentes do que antes.
4 - As vacinas em uso contra a COVID-19 s�o seguras
Verdade. As vacinas aprovadas para serem utilizadas em larga escala na popula��o passaram por diversos tipos de testes e estudos com muitos volunt�rios. Nessas an�lises, os eventos adversos relatados foram, em sua grande maioria, rea��es leves, como dor no local da aplica��o, dor de cabe�a e mal-estar. Geralmente, essas rea��es s�o de curta dura��o, melhorando espontaneamente em um ou dois dias.
N�o h� relatos de mortes relacionadas �s vacinas. Sendo assim, de acordo com os especialistas, os benef�cios da vacina��o s�o imensamente superiores a qualquer risco relacionado a elas. Os imunizantes s�o seguros e devem ser utilizados pelo maior n�mero poss�vel de pessoas.
5 - As vacinas alteram o DNA humano
Mito. As vacinas n�o s�o capazes de alterar o material gen�tico humano. Os imunizantes que utilizam tecnologias envolvendo o RNA mensageiro simplesmente carregam uma “receita” para que nossas c�lulas produzam prote�nas que far�o com que nosso sistema imunol�gico fabriquem os anticorpos contra o v�rus.
6 - Animais dom�sticos podem transmitir o novo coronav�rus
Mito. Apesar de existirem relatos de animais que tiveram o v�rus Sars-Cov-2 detectado, n�o h� qualquer evid�ncia de que eles possam transmitir o v�rus para humanos.
7 - N�o existem medica��es para o tratamento da COVID-19 em sua fase inicial
Verdade. At� o momento nenhuma medica��o se mostrou capaz de alterar a evolu��o da doen�a quando administrada em sua fase inicial. Muitas drogas foram, e continuam sendo, estudadas para encontrar uma op��o terap�utica eficaz.
No entanto, todos os bons estudos capazes de oferecer essa resposta indicam que ainda n�o h� nenhuma medica��o para o tratamento inicial da doen�a.
8 - A pessoa pode transmitir o coronav�rus mesmo sem apresentar sintoma
Verdade. Quando se trata de uma infec��o sintom�tica, ou seja, a partir de algum momento a pessoa infectada vai apresentar sintomas, o per�odo de transmissibilidade come�a antes do in�cio dos sintomas (geralmente 48 horas antes). Mas, ele pode se estender at� 10 ou 20 dias ap�s, dependendo da gravidade da doen�a.
Vale ressaltar que existem pessoas que s�o infectadas e n�o apresentam sintomas em nenhum momento. Essas pessoas tamb�m podem transmitir o v�rus. Sendo assim, fica clara a import�ncia de adotar as medidas de preven��o de maneira universal, pois todas as pessoas com quem temos contato podem estar infectadas sem saber.
9 - Antibi�ticos s�o eficazes na preven��o ou tratamento da COVID-19
Mito. Os antibi�ticos s�o utilizados para o tratamento ou preven��o de infec��es bacterianas. N�o h� nenhum benef�cio em se utilizar antibi�ticos para tratamento de infec��es virais.
Assim como para qualquer outra subst�ncia, o uso desses medicamentos gera risco de eventos adversos, al�m de contribuir para a sele��o de bact�rias resistentes aos antibi�ticos.
10 – A COVID-19 s� � letal em idosos
Mito. Todas as faixas et�rias, desde rec�m-nascidos, t�m risco de morrer por COVID-19, por�m o risco de morte � maior em idosos e pessoas com comorbidades, por serem mais propensos ao desenvolvimento dos quadros mais graves da doen�a.
11 – O consumo de �lcool protege contra a COVID-19
Mito. N�o h� qualquer evid�ncia que sugira um benef�cio da ingest�o de �lcool para prote��o contra a COVID-19. Da mesma forma, nenhum tipo de alimento, vitamina ou medicamento � capaz de promover um efeito protetor espec�fico em rela��o � COVID-19.
12 – O uso de term�metros infravermelhos n�o causa danos cerebrais ou outras sequelas
Verdade. O term�metro � um receptor de infravermelho. Ele n�o emite o infravermelho. � um detector de temperatura. Desta forma, n�o s�o capazes de causar altera��o no sistema nervoso central ou no nosso organismo como um todo.
13 – A vacina contra COVID-19 pode inserir um microchip no corpo do vacinado
Mito. As vacinas produzidas e utilizadas em diferentes partes do mundo passaram por rigorosos estudos pr�-cl�nicos e cl�nicos para documentar sua seguran�a e efic�cia. Elas s�o compostas essencialmente pelo v�rus inativado ou fragmentos dele.
H� ainda outros ingredientes “qu�micos ou biol�gicos” como �gua est�ril, soro fisiol�gico ou fluidos contendo prote�na, conservantes e adjuvantes, respons�veis pela estabilidade da vacina e que ajudam a melhorar e prolongar sua prote��o.
14 – Os cal�ados podem espalhar o v�rus?
Verdade. Entretanto, � uma forma de transmiss�o extremamente incomum. A grande maioria dos casos � transmitida atrav�s da elimina��o, pela pessoa infectada, de got�culas contendo o v�rus que atingem os olhos, nariz e boca de outro indiv�duo.
A outra principal forma de transmiss�o � por meio de aeross�is, que s�o part�culas menores geradas por fala, tosse, espirro e que podem ficar suspensas no ar por horas, sobretudo em ambientes fechados e mal ventilados.
No caso dos cal�ados seria necess�rio primeiro acontecer a contamina��o destes com o v�rus. Depois, o v�rus presente no cal�ado precisaria ser levado aos olhos, nariz ou boca, ao levar a m�o ao rosto sem higieniz�-las.
Da mesma forma, o ch�o pode ficar momentaneamente contaminado com o v�rus, mas, novamente, esse v�rus precisaria ser levado aos olhos, nariz, boca para acontecer transmiss�o. Portanto, � importante higienizar as m�os logo ap�s tocar em objetos e superf�cies e n�o lev�-las ao rosto antes de higieniz�-las.
15 – Redes m�veis 5G s�o capazes de espalhar o v�rus
Mito. O v�rus � transmitido por via respirat�ria e por contato. N�o h� um tipo de dispositivo que cause transmiss�o. Pode, eventualmente, ocorrer a transmiss�o indireta de uma pessoa infectada que teve contato com um determinado dispositivo, contaminando sua superf�cie para outra pessoa que toque o mesmo objeto, contamine as m�os e leve a m�o contaminada (sem higieniz�-las com �gua e sab�o ou produto alco�lico) aos olhos, nariz ou boca.
16 – O uso prolongado de m�scaras n�o causa intoxica��o por di�xido de carbono (CO2) ou defici�ncia de oxig�nio
Verdade. Estudos avaliaram essa quest�o e, segundo especialistas, n�o h� qualquer influ�ncia na concentra��o de g�s carb�nico no sangue a partir da utiliza��o da m�scara. J� a pessoa que usa m�scara e vai fazer alguma atividade f�sica, pode sentir um maior desconforto.
Mesmo nessas situa��es, o que muda � apenas a percep��o de esfor�o, n�o a quantidade de oxig�nio que est� sendo inalada. Vale enfatizar que o ar passa pela m�scara tranquilamente. S� n�o passa o v�rus. Ela n�o obstrui a respira��o, j� que � perme�vel ao ar. Portanto, n�o h� motivos para deixar de usar a m�scara.
17 - A exposi��o ao sol ou a temperaturas superiores a 25 °C protege a pessoa da COVID-19
Mito. A transmiss�o ocorre de pessoa para pessoa. Assim, mesmo em locais quentes, com exposi��o direta ao sol, se houver proximidade entre duas ou mais pessoas a transmiss�o vai acontecer da mesma forma.
As got�culas v�o se espalhar independentemente da temperatura externa. Um pouco de sol faz bem para a sa�de, mas n�o vai mudar o desfecho em rela��o � COVID. O sol n�o impede a transmiss�o, tampouco a evolu��o da doen�a.
18 – O v�rus da COVID-19 n�o pode ser transmitido pela picada de mosquito
Verdade. A transmiss�o acontece de pessoa para pessoa por secre��es respirat�rias ou por contato. Ao contr�rio de outras doen�as causadas por v�rus, como a dengue, a transmiss�o do Sars-CoV-2 n�o se d� por picada de mosquito.
19 – A �gua da piscina n�o transmite o v�rus da COVID-19 e, desta forma, nadar � seguro
Verdade. Nadar � uma atividade segura. Por�m, � preciso ter cuidado se voc� estiver nadando pr�ximo a outra pessoa. Neste caso, existe o risco de transmiss�o por elimina��o de secre��es respirat�rias durante o movimento de respira��o fora da �gua.
Portanto, o distanciamento f�sico � essencial, principalmente em ambientes compartilhados como clubes e academias de nata��o.
Os especialistas respons�veis por esclarecer essas d�vidas foram: Andr� Ribas Freitas, m�dico, doutor em Epidemiologia e professor de Epidemiologia e Bioestat�stica na Faculdade de Medicina S�o Leopoldo Mandic; Andr� Giglio Bueno, infectologista e professor da disciplina de Infectologia da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas e Thiago Lavras Trap�, doutor em Sa�de Coletiva e docente da Faculdade S�o Leopoldo Mandic. Todos s�o curadores de conte�do do HubCovid.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Eduardo Oliveira