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Estado de Minas SA�DE

Casos de doen�as inflamat�rias intestinais devem crescer no pa�s

Campanha Maio Roxo chama a aten��o para o diagn�stico precoce e tratamento. Doen�as inflamat�rias intestinais s�o mais incidentes em jovens


10/05/2021 14:00 - atualizado 10/05/2021 14:26

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

As doen�as inflamat�rias intestinais (DII) – doen�a de Crohn e retocolite ulcerativa, por exemplo – atingem mais de 5 milh�es de pessoas em todo o mundo. No Brasil, o n�mero de novos casos tem aumentado, revelando uma tend�ncia de crescimento nos �ltimos anos. � o que alerta a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP).

Justamente por isso, em pleno Maio Roxo – m�s destinado � conscientiza��o sobre as DII –, a entidade m�dica chama aten��o para o conhecimento dessas doen�as. 

“No nosso pa�s, a preval�ncia das doen�as inflamat�rias intestinais varia de 12 at� 55 em cada 100 mil habitantes, dependendo da regi�o e do estudo epidemiol�gico. Observa-se maior concentra��o no Sudeste e Sul, relacionando-se com o �ndice de desenvolvimento humano e a urbaniza��o. No Brasil, a incid�ncia m�dia de doen�a de Crohn e retocolite fica em torno de 7 para cada 100 mil habitantes. Estamos observando com o passar das d�cadas uma tend�ncia no aumento dessa incid�ncia nos pa�ses em desenvolvimento semelhante ao que foi observado nos pa�ses desenvolvidos.” 

� o que afirma Rogerio Saad-Hossne, membro titular da SBCP e presidente do Grupo de Estudos da Doen�a Inflamat�ria Intestinal do Brasil (GEDIIB), respons�vel, em conjunto com as associa��es de pacientes, pela campanha Maio Roxo. 

Conforme Magda Maria Profeta da Luz, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e professora adjunta do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, as doen�as inflamat�rias intestinais s�o um grupo de doen�as que causam inflama��o cr�nica no trato digestivo.

Segundo ela, a maioria das pessoas desenvolve a doen�a entre os 20 e 30 anos, por�m, podem desenvolver ap�s os 50 anos. Crian�as tamb�m podem ser acometidas.  

“N�o se sabe ao certo o que inicia as DII, no entanto, j� � fato que fatores ambientais, gen�ticos, imunol�gicos e altera��es na microbiota intestinal iniciam uma cascata de inflama��o que causa complica��es no trato digestivo, assim como na regi�o perianal, como abscessos, f�stulas, estenoses, entre outras. Essas complica��es, se n�o tratadas, perpetuam a cascata de inflama��o causando mais complica��es, levando a um cen�rio cr�nico. Casos podem ser mais comuns em uma mesma fam�lia”, completa. 

Entre as patologias mais conhecidas nesse grupo est�o a retocolite ulcerativa e a doen�a de Crohn, que causam sintomatologia parecidas, por�m, inflama��es distintas. Enquanto a retocolite acomete somente o intestino grosso e o reto, a doen�a de Crohn pode atingir todo o trato digest�rio, desde a boca at� o �nus, sendo mais prevalente no intestino delgado, col�n e regi�o perianal.

Na retocolite ulcerativa apenas as camadas mais internas que revestem o intestino est�o acometidas e inflamadas. J� na doen�a de Crohn, todas as camadas intestinais podem estar comprometidas pela doen�a e pela inflama��o. 

Os sinais caracter�sticos das doen�as inflamat�rias intestinais, nesse caso, s�o: diarreia cr�nica com presen�a de sangue e muco ou pus, com per�odos de melhora e piora, associadas a c�licas abdominais, urg�ncia evacuat�ria, falta de apetite, fadiga e emagrecimento.

No entanto, em casos mais graves, esses sintomas podem ser acompanhados de anemia, febre, desnutri��o e distens�o abdominal. Manifesta��es extraintestinais, como dor nas articula��es (reumatol�gicas), les�es dermatol�gicas e oftalmol�gicas, tamb�m podem ocorrer. 

DIAGN�STICO E TRATAMENTO  


O organismo pode sofrer, e muito, com os danos causados pelas doen�as inflamat�rias intestinais, o que est� diretamente relacionado com o tempo de evolu��o da doen�a. “Pode-se ter o aparecimento de f�stulas entre �rg�os e na regi�o perianal, abscessos, fissuras e obstru��o intestinal causadas pela pr�pria inflama��o, que torna as paredes mais espessas, diminuindo a passagem do conte�do alimentar, e �lceras.” 

“Al�m disso, � poss�vel haver diarreias profusas e, com isso, dificuldade em ingerir alimentos, levando � desnutri��o, anemia, baixa de vitaminas e desidrata��o. Dificuldade de crescimento e retardo na matura��o sexual tamb�m podem ocorrer. Riscos mais graves s�o dilata��o aguda do c�lon, perfura��o e aumento da chance de c�ncer de intestino em pacientes com doen�a de longa dura��o”, afirma Magda Maria Profeta. Para ela, o melhor para evitar a maioria dessas sequelas � o diagn�stico precoce e o tratamento adequado. 
 

"O paciente deve ser acolhido, entendendo que, apesar de n�o ter cura, podemos ter um controle razo�vel com boa qualidade de vida."

Magda Maria Profeta da Luz, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e professora adjunta do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG

 

Segundo Ant�nio Lacerda Filho, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e professor associado de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, o diagn�stico deve ser suspeitado em todo paciente com sintomatologia cr�nica, devendo ser confirmado por exames endosc�picos, principalmente por colonoscopia e bi�psias intestinais, exames de imagem – tomografia ou resson�ncia magn�tica – e exames laboratoriais. 

“J� o tratamento se baseia no uso de medicamentos anti-inflamat�rios espec�ficos para o intestino, corticosteroides nas fases agudas das doen�as e imunossupressores e medicamentos imunobiol�gicos de uso venoso ou subcut�neo. No caso de complica��es agudas, obstrutivas, hemorr�gicas ou perfurativas ou quando n�o h� resposta ao tratamento cl�nico, a cirurgia � indicada”, afirma. 

Magda Maria Profeta explica, ainda, que o tratamento deve ser individualizado. “O paciente deve ser acolhido, entendendo que, apesar de n�o ter cura, podemos ter um controle razo�vel com boa qualidade de vida. O papel do m�dico � fundamental, assim como do paciente, e juntos ter�o maior sucesso no enfrentamento do problema. Em tempos de pandemia, quando as pessoas est�o muito angustiadas e estressadas, � fundamental que os pacientes de DII tentem se manter confiantes e tranquilos, na medida do poss�vel, uma vez que sabemos que o estresse pode ser desencadeador de crise.” 

“Toda a comunidade cient�fica procura, a cada dia, medica��es mais seguras, diagn�sticos mais precisos e at� mesmo o entendimento perfeito das DII, o que trar� realmente a mudan�a da hist�ria natural dessas doen�as”, ressalta. 

SE CUIDE! 


Haja vista a n�o certeza cient�fica acerca das causas das doen�as inflamat�rias intestinais, � dif�cil evitar o aparecimento das patologias, afirma Ant�nio Lacerda Filho. 

Por�m, alguns h�bitos de vida podem diminuir as chances de desenvolvimento da doen�a em pacientes pr�-dispostos, como n�o fumar; evitar o consumo de anti-inflamat�rios n�o esteroides, que podem precipitar a doen�a ou agrav�-la; evitar o uso indiscriminado de antibi�ticos, que podem alterar o microbioma intestinal; fazer dieta rica em fibras, com menos gorduras e alimentos refinados e manter a atividade f�sica.  

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia reafirma, ainda, a import�ncia do diagn�stico e tratamento precoce, sobretudo realizados em centros de refer�ncia por m�dicos especialistas nessas doen�as – gastroenterologistas e coloproctologistas –, o que pode minimizar complica��es e propiciar o melhor controle dos sintomas e, consequentemente, da qualidade de vida dos pacientes. 

CONSCIENTIZA��O 


Uma vez que as doen�as inflamat�rias intestinais t�m v�rias particularidades de diagn�stico, manejo e por, muitas vezes, serem cr�nicas, elas causam muita frustra��o e tristeza aos pacientes, que se sentem desamparados querendo solu��es imediatas. Assim, a conscientiza��o acerca do tema � muito importante, afirma Magda Maria Profeta. 

“O tratamento, por exemplo, n�o segue uma receita de bolo e deve ser individualizado, e as medica��es podem ser boas para uns pacientes e danosas para outros. V�rias medica��es usadas para o tratamento da DII s�o imunossupressoras e podem causar outras doen�as, por isso o seu emprego deve ser criterioso e acompanhado pelo m�dico. O entendimento pela popula��o de que existem profissionais capazes, recursos cada vez melhores para o diagn�stico e tratamento � necess�rio para o engajamento do paciente.” 

Ant�nio Lacerda Filho concorda: “Al�m de serem doen�as pouco comuns, o impacto na vida dos pacientes acometidos � grande, sendo que, muitas vezes, o diagn�stico n�o � realizado de forma adequada por desconhecimento dessas doen�as por parte da popula��o e da pouca experi�ncia de muitos m�dicos em seu adequado manejo, diagn�stico e tratamento”. 

“Dessa forma, campanhas de conscientiza��o s�o fundamentais, como o Maio Roxo, al�m de programas de educa��o continuada para a classe m�dica, sobretudo para os profissionais que atuam na aten��o prim�ria e que, frequentemente, t�m o primeiro contato com o paciente”, pontua.   

INCID�NCIA E PREVAL�NCIA 


Estudo publicado em 2018 analisou 22.638 pacientes do SUS no estado de S�o Paulo, com uma m�dia de 42,6 anos, diagnosticados com doen�as inflamat�rias intestinais, sendo 10.451 com Crohn e 12.187 com retocolite. A incid�ncia de DII era de 13,30 novos casos para cada 100 mil habitantes por ano, enquanto a preval�ncia m�dia era de 52,6 casos em cada 100 mil habitantes.

Os pesquisadores conclu�ram que houve aumento da preval�ncia em S�o Paulo entre os anos de 2012 e 2015 e que os �ndices de incid�ncia s�o compat�veis com os da Europa, com uma maior ocorr�ncia entre mulheres. 

J� revis�o publicada em 2019 teve como objetivo analisar a incid�ncia e preval�ncia de DII no Brasil a partir de poucos estudos dispon�veis sobre o assunto. Os pesquisadores encontraram quatro estudos de base populacional, sendo dois em S�o Paulo, um no Esp�rito Santo e outro no Piau�.

A pesquisa apontou crescimento na incid�ncia e preval�ncia estimada de doen�as inflamat�rias intestinais no Brasil, com maior n�mero de casos nas regi�es mais desenvolvidas. 

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram


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