(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

C�ncer de pulm�o: conhe�a sintomas, fatores de risco, diagn�stico e tratamento da doen�a de Rita Lee

Cantora de 73 anos anunciou a descoberta de um tumor no pulm�o esquerdo. A evolu��o da medicina nos �ltimos anos permitiu ampliar significativamente a expectativa de vida dos pacientes acometidos por essa enfermidade.


21/05/2021 18:39 - atualizado 21/05/2021 22:08

A cantora Rita Lee usou sua conta no Instagram para anunciar a descoberta da doença aos fãs e seguidores
A cantora Rita Lee usou sua conta no Instagram para anunciar a descoberta da doen�a aos f�s e seguidores (foto: Getty Images)
A cantora Rita Lee anunciou ontem (20/05) em suas redes sociais que foi diagnosticada com c�ncer de pulm�o.

 

De acordo com as informa��es divulgadas em seu perfil no Instagram, ela fez exames de rotina no Hospital Israelita Albert Einstein, em S�o Paulo, e os m�dicos descobriram um tumor prim�rio em seu pulm�o esquerdo.

 

"Bem assistida por uma junta m�dica, formada pelo Dr. �ren Smaletz, Prof. Dr. Jos� Ribas M. de Campos, Dra. Carmem Silva Valente Barbas e Dr. �caro Carvalho, [Rita Lee] j� se encontra em casa, e dar� sequ�ncia aos tratamentos de imuno e radioterapia. Agradecemos as ora��es e a Luz Divina", diz o comunicado.

A not�cia teve grande repercuss�o e causou como��o entre os f�s da artista de 73 anos, nacionalmente famosa por ser integrante da banda Os Mutantes, nos anos 1960 e 1970, e por sua carreira solo, marcada por can��es de grande sucesso como "Ovelha Negra", "Lan�a Perfume", "Desculpe o Au�" e "Amor e Sexo".

 

O c�ncer de pulm�o � o segundo tipo mais frequente tanto em homens quanto em mulheres (s� fica atr�s dos tumores de pr�stata neles e de mama nelas).

 

De acordo com as estat�sticas oficiais do Instituto Nacional de C�ncer (Inca), 30,2 mil novos casos da doen�a s�o diagnosticados todos os anos no Brasil.

A mortalidade tamb�m � alta: s�o mais de 29,3 mil �bitos por esse tumor a cada 12 meses no nosso pa�s.

 

A boa not�cia � que o tratamento do c�ncer de pulm�o evoluiu muito na �ltima d�cada -- alguns especialistas falam at� numa "revolu��o" na oncologia.

A chegada dos primeiros rem�dios da classe dos imunoter�picos aumentou consideravelmente o tempo de vida dos pacientes.

Antes, os m�dicos calculavam em meses a expectativa de vida ap�s o diagn�stico. Gra�as aos novos medicamentos, hoje � poss�vel falar em anos de sobrevida.

https://www.instagram.com/p/CPG_c6lrezt/

Fatores de risco

O c�ncer de pulm�o costuma estar diretamente relacionado ao tabagismo.

"Cerca de 90% dos casos desse tumor est�o associados ao cigarro, mas � preciso dizer que n�o fumantes tamb�m podem desenvolv�-lo", estima a m�dica Clarissa Mathias, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Cl�nica.

 

Embora n�o seja poss�vel saber os detalhes espec�ficos do caso de Rita Lee, a cantora j� declarou ser fumante in�meras vezes.

 

Numa entrevista ao jornal Extra em 30 de agosto de 2020, a artista disse que n�o usava drogas h� 15 anos, com exce��o do cigarro.

 

Em linhas gerais, o Brasil possui uma das melhores pol�ticas p�blicas contra o tabagismo do mundo: nos �ltimos 30 anos, a porcentagem de fumantes na popula��o caiu dramaticamente.

 

Em 1989, 34% dos adultos brasileiros fumavam. Em 2019, essa taxa havia sido reduzida para 12,6%.

 

Embora essa diminui��o do tabagismo ainda n�o tenha impactado os n�meros de c�ncer de pulm�o no pa�s, os especialistas esperam que isso comece a ser observado a partir dos pr�ximos anos.

 

"E devemos ficar atentos, pois houve um certo arrefecimento nas campanhas anti-tabagismo nos �ltimos anos e vemos um maior interesse dos jovens pelo dispositivos eletr�nicos de fumo, que tamb�m causam problemas de sa�de e servem de trampolim para o cigarro convencional", alerta Mathias.

Diagn�stico

O c�ncer de pulm�o � uma doen�a silenciosa em seus primeiros est�gios.

Isso significa que os sintomas, como tosse, dor no peito e falta de ar, s� aparecem quando a doen�a est� avan�ada demais.

 

� por isso que os m�dicos indicam os exames de rastreamento (o famoso check up), que devem ser feitos com alguma periodicidade.

 

De acordo com as �ltimas diretrizes nacionais e internacionais, todos os indiv�duos com mais de 50 anos que fumam (ou fumaram por muitos anos) precisam passar por uma tomografia de t�rax por ano.

 

Um estudo da Universidade Erasmus, na Holanda, descobriu que essa pr�tica diminui em 26% a mortalidade por c�ncer de pulm�o entre homens.

Nas mulheres, essa queda � ainda maior e varia entre 39% e 61%.


A tomografia permite obter imagens como essa, em que especialistas conseguem avaliar a presença de manchas ou nódulos suspeitos
A tomografia permite obter imagens como essa, em que especialistas conseguem avaliar a presen�a de manchas ou n�dulos suspeitos (foto: Getty Images)

Mas o que explica essa redu��o na mortalidade?

 

� que, ao descobrir a doen�a logo cedo, � poss�vel lan�ar m�o de tratamentos mais simples e efetivos, antes que as c�lulas cancerosas se espalhem pelos pulm�es ou afetem outras partes do organismo.

 

Ao contr�rio de outros testes de rastreamento que s�o bem conhecidos por todos, como a mamografia nas mulheres e o toque retal ou o PSA entre homens, a tomografia para flagrar o c�ncer de pulm�o n�o � algo que faz parte da rotina.

Mathias chama a aten��o para o fato de que esse exame ainda n�o est� incorporado dentro dos programas de rastreamento brasileiros.

 

"Os estudos s�o consistentes, n�s temos tom�grafos dispon�veis no pa�s e v�rias sociedades de especialistas fazem essa recomenda��o", diz a oncologista cl�nica.

Portanto, se voc� ou algu�m da sua fam�lia fuma (ou fumou por muitos anos), � importante conversar com o m�dico e ver se vale a pena realizar essas tomografias anuais.

 

Vale destacar ainda que esse exame de imagem n�o � suficiente para fechar o diagn�stico.

 

Se for encontrado algum ind�cio suspeito, como uma mancha no pulm�o, s�o necess�rios testes mais espec�ficos para entender se aquela descoberta inicial � algo preocupante ou n�o.

 

Muitas vezes, o paciente precisa passar por uma bi�psia, em que um pedacinho do pulm�o � retirado e vai para uma an�lise num laborat�rio de patologia.

 

� esse resultado que vai determinar se aquelas c�lulas s�o malignas ou n�o.

Segundo a postagem no Instagram, Rita Lee deve ter passado por todas essas etapas.

 

O diagn�stico de um "tumor prim�rio no pulm�o esquerdo", como foi descrito, indica que a doen�a se originou nessa parte do sistema respirat�rio mesmo — sempre existe a suspeita de um quadro ainda mais grave, em que o problema se desenvolve em algum outro lugar do corpo e se espalha, num processo conhecido como met�stase.

Tratamento

Aqui est� a grande novidade dessa �rea: as op��es terap�uticas evolu�ram enormemente e permitem estender a vida por muito mais tempo.

 

"Antes, cont�vamos o tempo de sobreviv�ncia do paciente em meses. Agora, falamos em anos. � realmente not�vel", destacou o oncologista David Graham, durante o Encontro da Sociedade Americana de Oncologia Cl�nica em 2019.

 

A grande mudan�a de paradigma foi a chegada da imunoterapia na �ltima d�cada, que logo se tornou um pilar no tratamento de diversos tumores, como o melanoma (um tipo de tumor que d� na pele) e o c�ncer de pulm�o.

 

Tratamentos como a quimioterapia, a radioterapia e a hormonioterapia agem diretamente nas c�lulas cancerosas, atuando de diferentes maneiras para destru�-las.

J� a imunoterapia estimula o pr�prio sistema imunol�gico do paciente a atacar a doen�a.


A imunoterapia é aplicada por meio de infusões na veia e seus resultados vem modificando o panorama da oncologia
A imunoterapia � aplicada por meio de infus�es na veia e seus resultados vem modificando o panorama da oncologia (foto: Getty Images)

"O avan�o cient�fico permitiu que a gente entendesse e diferenciasse os tipos de tumor que atingem os pulm�es", contextualiza o oncologista e pesquisador cl�nico Felipe Ades, especialista pelo Inca e doutor pela Universidade Livre de Bruxelas, na B�lgica.

 

"Hoje se fala em c�ncer de pulm�o de pequenas c�lulas, de n�o pequenas c�lulas, e n�s temos testes gen�ticos dispon�veis para entender as diversas muta��es que aparecem em cada caso espec�fico", acrescenta.

 

Essas informa��es detalhadas permitem escolher o tipo de rem�dio ideal, que mais se encaixa e tem maior efic�cia para aquelas caracter�sticas.

 

"Nos estudos cl�nicos desses novos imunoter�picos, temos alguns pacientes que est�o vivos h� anos, quando antes a expectativa de vida deles era bastante reduzida", conta Ades.

 

Pelas poucas informa��es dispon�veis, parece que Lee vai fazer dois tipos de tratamento: a imunoterapia e a quimioterapia.

 

Tudo indica, portanto, que o quadro dela est� num est�gio conhecido pelos m�dicos como "avan�ado localmente".

 

Na pr�tica, isso significa que ele n�o est� pequeno, a ponto de ser removido com uma cirurgia, nem t�o grande, num momento em que j� se espalhou para outros �rg�os.

 

Alguns estudos recentes indicam que, nessa etapa da doen�a, aliar diferentes recursos terap�uticos (como a radioterapia, a imuno e a qu�mio) pode ser uma estrat�gia bastante efetiva e com resultados promissores.

 

Mas vale o refor�o: essa � apenas uma especula��o, feita a partir do breve relato da pr�pria cantora.

Preven��o

De forma geral, praticar atividade f�sica regularmente, ter uma alimenta��o equilibrada e diversificada e dormir bem s�o atitudes que ajudam a evitar o desenvolvimento de tumores.

 

Mas n�o h� como ignorar o papel do tabagismo quando falamos especificamente de c�ncer de pulm�o.

 

"N�o fumar � a melhor coisa que pode ser feita para a sa�de dos pulm�es e do corpo todo", refor�a Ades.

 

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)