
Nesta ter�a-feira (25/5) � comemorado o Dia Mundial do Xixi na Cama. Por isso, especialistas da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) chamam aten��o para a import�ncia de os pais estarem atentos � normalidade do vazamento de urina durante o sono, seja � noite ou mesmo no decorrer do dia, pelo menos at� os 4 anos. Apesar de n�o ser doen�a ou transtorno, h� uma nomenclatura bem espec�fica para esses quadros: enurese.
Ele elucida, ainda, que “crian�as que apresentam enurese tendem a ter sentimento de inferioridade, imaturidade e baixa autoestima”, haja vista que “os pais muitas vezes se irritam e acham que a crian�a urina na cama por pregui�a”.
“H� estudos que mostram que cerca de 40% das crian�as brasileiras chegam a apanhar por urinarem na cama. Portanto, a conscientiza��o dos pais e desmistifica��o do problema com a crian�a s�o pe�as importantes”, aponta.
Mas por que h� essa perda de urina? Durante o sono, as pessoas apresentam tr�s mecanismos que os fazem n�o urinar. Nesse cen�rio, a bexiga sofre um relaxamento adicional e passa a comportar volumes maiores que o habitual e o c�rebro produz um horm�nio que faz com que o rim produza menos urina.
“Por�m, se esses mecanismos forem superados e mesmo assim a crian�a apresentar uma distens�o da bexiga, ela desperta e vai ao banheiro. Sono muito pesado ou outros dist�rbios do sono podem afetar esse mecanismo.”
“Por�m, se esses mecanismos forem superados e mesmo assim a crian�a apresentar uma distens�o da bexiga, ela desperta e vai ao banheiro. Sono muito pesado ou outros dist�rbios do sono podem afetar esse mecanismo.”
“Assim, a enurese pode ser fruto de um problema em um ou mais desses tr�s mecanismos. O m�dico ao avaliar a crian�a ter� que identificar qual ou quais os mecanismos predominantes. Com o crescimento a crian�a apresenta amadurecimento dessas fun��es cerebrais e assim tende a resolver esse quadro espontaneamente”, explica o urologista pedi�trico Ot�vio Augusto Fonseca Reis, da SBU, do Hospital Fel�cio Rocho e do Hospital das Cl�nicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

"H� estudos que mostram que cerca de 40% das crian�as brasileiras chegam a apanhar por urinarem na cama. Portanto, a conscientiza��o dos pais e desmistifica��o do problema com a crian�a s�o pe�as importantes"
Ubirajara Barroso, diretor da Escola Superior de Urologia da SBU
Ubirajara Barroso pondera, ainda, que h� influ�ncia da hereditariedade. “75% das vezes ou a m�e ou o pai era enur�tico. Al�m disso, uma condi��o frequentemente associada � enurese � a obstru��o das vias a�reas, principalmente por hipertrofia da adenoide. Sabe-se que com a cirurgia da adenoide, 50% deixam de urinar na cama”, afirma.
TRATAMENTO
Os especialistas alertam, no entanto, que, ap�s os 5 anos, se houver persist�ncia do quadro, � importante buscar ajuda especializada, sempre mantendo o h�bito de n�o puni��o. “Nesse caso, pode ser necess�rio inserir tratamentos, o que � feito individualmente. Ao reconhecer o mecanismo que est� ocasionando a enurese, pode-se fazer tratamento de teste com a crian�a. Nos casos em que a enurese gera inc�modo � crian�a, o tratamento � mantido durante per�odo mais prolongado e retirado lentamente.”
Nas crian�as que n�o se incomodam, a op��o de tratamento � apenas para situa��es em que urinar � noite trariam aborrecimento, por exemplo, viagens e casa de amigos ou parentes.
"O tratamento vai desde medidas comportamentais, como reduzir o consumo de l�quidos � noite e subst�ncias irritantes de bexiga, como cafe�na; uso de alarmes noturnos – dispositivo nas roupas �ntimas que dispara um alarme quando a crian�a urina –, at� medica��es que podem causar um relaxamento da bexiga ou reduzir o volume de urina produzido pelo rim � noite”, explica Ot�vio Reis.
"O tratamento vai desde medidas comportamentais, como reduzir o consumo de l�quidos � noite e subst�ncias irritantes de bexiga, como cafe�na; uso de alarmes noturnos – dispositivo nas roupas �ntimas que dispara um alarme quando a crian�a urina –, at� medica��es que podem causar um relaxamento da bexiga ou reduzir o volume de urina produzido pelo rim � noite”, explica Ot�vio Reis.
Nesse cen�rio, Ubirajara Barroso explica que, em algumas situa��es, principalmente entre os 5 e 7 anos, nem a crian�a nem os pais desejam tratamento. “Nesse caso, o processo terap�utico pode ser postergado. Entretanto, a partir dos 8 anos, ela � reconhecidamente danosa do ponto de vista psicol�gico e passa a ser anti�tico diagnosticar e n�o tratar a enurese.”
Segundo ele, quanto mais frequente os epis�dios de escape de urina, mais dif�cil ser� de tratar a enurese. Al�m disso, Ubirajara chama aten��o para situa��es em que esse quadro ocorre depois de um per�odo de seis meses sem urinar na cama.
“Nesse caso, ela � chamada enurese secund�ria e ocorre principalmente ap�s eventos estressantes em crian�as emocionalmente vulner�veis. Uma avalia��o psicol�gica � obrigat�ria nos casos de enurese secund�ria.”
“Nesse caso, ela � chamada enurese secund�ria e ocorre principalmente ap�s eventos estressantes em crian�as emocionalmente vulner�veis. Uma avalia��o psicol�gica � obrigat�ria nos casos de enurese secund�ria.”
PANDEMIA
Para al�m de uma defici�ncia nos mecanismos do corpo, a enurese pode ser desencadeada tamb�m por problemas emocionais, conforme o diretor da Escola Superior de Urologia da SBU, podendo fazer parte de uma s�ndrome de disfun��o miccional.
“Problemas de ordem psicossocial podem desencadear a enurese ou mesmo atrapalhar a sua resolu��o. Perdas de entes, de animais, problemas na escola (incluindo bullying), dist�rbios de ansiedade s�o alguns exemplos”, concorda Ot�vio Reis.
“Problemas de ordem psicossocial podem desencadear a enurese ou mesmo atrapalhar a sua resolu��o. Perdas de entes, de animais, problemas na escola (incluindo bullying), dist�rbios de ansiedade s�o alguns exemplos”, concorda Ot�vio Reis.

Para Ubirajara Barrosos, a pandemia trouxe, e traz consequ�ncias positivas e negativas na enurese. “Positivamente, como as crian�as n�o est�o saindo para dormir nas casas dos colegas, podem n�o sentir tanta necessidade social de tratar a condi��o. Por�m, os pais, estando mais no domic�lio, podem ficar mais atentos e consequentemente se incomodar mais com as roupas de cama molhadas. Tudo isso � apenas conjectura, j� que n�o h� pesquisas publicadas a esse respeito.”
DICAS PARA OS PAIS:
*Nunca brigue com seu filho ap�s um epis�dio de enurese;
*Trabalhe a autoestima das crian�as atrav�s de a��es afirmativas (se a crian�a acordou e a cama est� seca, ela deve ser elogiada e acarinhada);
*Incentive a mic��o de tr�s em tr�s horas, mesmo sem sentir necessidade;
*Diminua a ingest�o de l�quidos ap�s �s 18h;
*Evite dar alimentos com cafe�na e chocolate;
*Estimule o h�bito de urinar antes de ir para a cama;
*Evite refei��es pesadas � noite.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram