Essa foi a conclus�o de um levantamento foi coordenado pela Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) com o apoio da Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp).
No Sudeste, por exemplo, 19,57% da popula��o do Rio de Janeiro tinha anticorpos contra o coronav�rus, percentual semelhante aos 18,73% registrados no Esp�rito Santo, mas superior � taxa m�dia dos paulistas, de 13%.
Foram registradas, ainda, varia��es entre munic�pios do mesmo estado. Em S�o Paulo, a m�dia em Sorocaba e Bauru foi de 9%; a de Mar�lia, 20% e a de cidades como S�o Jos� do Rio Preto, Ara�atuba, Ribeir�o Preto e S�o Jos� dos Campos, variou entre 13% e 15%.
"Esses resultados mostram que h� muita varia��o espacial na epidemia. Temos v�rias epidemias e n�o apenas uma no Brasil. Essa varia��o se estende por todo o pa�s e ser� um dos objetos de estudo mais detalhado deste projeto", adianta Burattini.
Em Araraquara, por exemplo, 258 pessoas foram testadas entre janeiro e meados de fevereiro e o �ndice de resultados positivos foi baixo, de 4%. Alguns dias depois, entre 21 de fevereiro e 2 de mar�o, a cidade decretou lockdown para conter uma explos�o de casos e reduzir a superlota��o de unidades de terapia intensiva (UTIs).
"O inqu�rito registrou um rendimento amostral muito baixo. Poderia explicar parcialmente a explos�o de casos verificada posteriormente, mas ainda n�o podemos afirmar categoricamente.”
Imuniza��o ainda � baixa
No final de abril de 2021, com a curva de cont�gio em ascens�o, na m�dia, 15% dos brasileiros testados para realiza��o do inqu�rito EPICOVID-19 BR 2 tinham anticorpos contra o SARS-CoV-2.
Os �ndices de soropositividade, no entanto, variaram de 9,89% no Cear� a 31,4% no Amazonas, estado com a maior taxa do Brasil. O inqu�rito testou 120 mil pessoas em 133 munic�pios de todo o pa�s entre os dias 25 de janeiro e 24 de abril de 2021.
"A maioria das pessoas da amostra ainda n�o havia sido vacinada, j� que os testes se concentraram entre janeiro e meados de fevereiro, quando o Programa Nacional de Imuniza��o (PNI) estava iniciando. Menos de 1% das pessoas testadas afirmou ter recebido vacinas e praticamente nenhuma delas havia recebido as duas doses", explica Marcelo Burattini, pesquisador da Unifesp e coordenador do inqu�rito.
Portanto, o levantamento n�o fez distin��o entre vacinados e n�o vacinados.
Os resultados preliminares do inqu�rito, segundo Burattini, sugerem que a soropreval�ncia registrada � muito menor do que as previs�es at� ent�o divulgadas sobre a propor��o de casos assintom�ticos faria supor. A soropreval�ncia acontece quando uma pessoa apresenta anticorpos contra uma doen�a.
"Quando tivermos conclu�do a an�lise das 133 cidades, comparando os dados desse inqu�rito com a ocorr�ncia notificada de COVID-19, teremos importantes subs�dios para direcionar medidas p�blicas. Isso provavelmente vai levar a uma nova compreens�o da din�mica da doen�a e sua ocorr�ncia em nosso meio", afirma o pesquisador da Unifesp.
O inqu�rito teve como objetivo:
- estimar o percentual de brasileiros infectados com o SARS-CoV-2 por idade, g�nero, condi��o econ�mica, munic�pio e regi�o geogr�fica;
- determinar o percentual de assintom�ticos;
- avaliar sintomas e morbiletalidade;
- oferecer subs�dio para pol�ticas p�blicas e avalia��o do alcance e impacto das medidas de isolamento social (lockdown ou distanciamento social com medidas de prote��o, como o uso de m�scaras).
Al�m da soropreval�ncia, as demais vari�veis do inqu�rito ainda est�o sob an�lise, em raz�o do n�mero de pacientes envolvidos na amostra, afirma o coordenador do inqu�rito.
Estudos complementares
O estudo EPICOVID 19-BR-2 complementa as informa��es coletadas em outro inqu�rito, o EPICOVID-19 BR, realizado em quatro fases pela equipe do programa de P�s-Gradua��o em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), coordenada por Pedro Hallal. As tr�s primeiras fases tiveram o apoio do Minist�rio da Sa�de e, a quarta, da iniciativa Todos pela Sa�de, do Ita� Unibanco.
Na primeira fase, feita entre 14 e 21 de maio de 2020, a soropreval�ncia no Brasil era de 2,9%. Na segunda, entre 4 e 7 de junho de 2020, a m�dia cresceu para 4,6% e se manteve est�vel na terceira, realizada entre 21 e 24 de junho. J� no quarto inqu�rito, feito entre 27 e 30 de agosto de 2020, a preval�ncia foi de apenas 1,2%.
"A discrep�ncia da fase 4 em rela��o �s demais ainda est� sendo investigada", explica Burattini, que tamb�m participou dos primeiros inqu�ritos.
"O EPICOVID 19-BR-2 � um estudo independente, que se relaciona com o inqu�rito anterior por ter utilizado a mesma base geogr�fica e metodologia amostral semelhante", explica o pesquisador.
Nas quatro fases da pesquisa, os dados foram coletados em 133 munic�pios, 25 setores censit�rios, com dez domic�lios sorteados por setor e um morador sorteado por domic�lio, totalizando 33.250 participantes em cada inqu�rito.
"Em todas essas fases, para detec��o de anticorpos para o SARS-CoV-2, foi utilizado o teste sorol�gico r�pido de fluxo lateral, baseado em amostra de sangue obtida por pun��o digital", ressalta Burattini.
No projeto EPICOVID-19-BR-2, o estudo foi feito nos mesmos munic�pios e setores censit�rios, tendo sido sorteados oito resid�ncias por setor por restri��es or�ament�rias, com planejamento de 1.000 pacientes amostrados por munic�pio.
"Diferentemente dos primeiros quatro inqu�ritos, todos os moradores dos domic�lios sorteados participaram do estudo, o que multiplicou o n�mero de pessoas testadas, de cerca de 33 mil para mais de 133 mil.”
Outra diferen�a fundamental � que, nesta �ltima fase, “o teste r�pido foi substitu�do por pun��o venosa para a coleta de sangue analisada em exames sorol�gicos para pesquisa de anticorpos totais por eletroquimioluminesc�ncia (EQMIA).”
"Os pr�ximos passos envolvem a an�lise completa do material obtido e a publica��o dos resultados, o que deve ocorrer ao longo dos pr�ximos meses", conclui.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Jo�o Renato Faria