
O ceratocone � uma doen�a ocular progressiva, que se caracteriza por uma altera��o do formato da c�rnea - a principal lente natural do olho, que focaliza a imagem na retina. Quando acontece o desequil�brio, a c�rnea, que com suas caracter�sticas normais tem um contorno esf�rico e a superf�cie regular, se curva para fora, projetando a forma de um cone. Neste m�s, a campanha Junho Violeta � dedicada a alertar a popula��o sobre a doen�a, como preveni-la e trat�-la. Mesmo em suas manifesta��es mais graves, o ceratocone n�o leva � cegueira, mas pode acarretar problemas s�rios para a vis�o. � a principal causa de transplante de c�rnea no Brasil.
O oftalmologista do NEO Oftalmologia - Unidade Vila da Serra, Fabio Pupo Alves, conta que a campanha tem entre os objetivos estimular o diagn�stico precoce da doen�a e conscientizar a popula��o sobre a necessidade de um exame oftalmol�gico completo, sempre realizado por m�dicos oftalmologistas capacitados. "E tamb�m alertar sobre a import�ncia de n�o co�ar os olhos, a melhor forma de evitar a progress�o da doen�a, lembrando que existem tratamentos que, quando realizados precocemente, evitam complica��es e at� a indica��o de cirurgias", diz.
Nos indiv�duos com ceratocone, o que ocorre � uma altera��o do col�geno que forma o tecido corneano. As fibras de col�geno enfraquecem, e se tornam mais male�veis com o passar dos anos. Isso leva a um afinamento e abaulamento da parte central da c�rnea, que passa a ter um formato c�nico, com a superf�cie irregular, o que causa uma dificuldade de focalizar as imagens, e as distorce. � o que explica a oftalmologista Ana Maria Vieira da Rocha Oliveira, tamb�m do NEO Oftalmologia, cl�nica rec�m inaugurada na regi�o de Nova Lima.
A causa do desequil�brio, esclarece a m�dica, � uma altera��o gen�tica rara, de car�ter heredit�rio e evolu��o lenta, que se manifesta com mais frequ�ncia entre 10 e 25 anos de idade. Pode progredir at� a quarta d�cada de nascimento ou estabilizar-se com o tempo. "Dependendo do caso, a doen�a pode evoluir pela vida inteira", pondera o oftalmologista Raul Dam�sio de Castro, outro integrante da equipe do NEO Vila da Serra. As pessoas mais suscet�veis a manifestar o ceratocone geralmente t�m hist�rico de casos na fam�lia, como av�s, primos, tios, pais e irm�os, ou portadores de alergias oculares e quem tem o h�bito de co�ar sempre os olhos.
"O ato de co�ar os olhos pode acelerar o afinamento da c�rnea e a altera��o de sua curvatura. Se uma pessoa tem alergia ocular, co�a muito os olhos, e ainda tem uma tend�ncia gen�tica, pode desenvolver um ceratocone mais rapidamente, causando tamb�m uma piora acentuada na qualidade da vis�o", ensina Ana Maria.
O diagn�stico � realizado em consulta m�dica, atrav�s de exames de topografia da superf�cie anterior e posterior da c�rnea, e de medi��o da espessura corneana, com vistas � detec��o precoce do problema, como informa a profissional. Neste ponto, a preven��o se d� justamente no acompanhamento oftalmol�gico peri�dico, com aten��o principalmente ao grupo de pacientes com os perfis de risco. O mais indicado � visitar um oftalmologista pelo menos uma vez ao ano. Os pacientes com diagn�stico confirmado de ceratocone s�o acompanhados semestralmente.
No in�cio dos sintomas, o ceratocone pode ser corrigido com �culos e lentes de contato especiais. O tratamento � cl�nico, com o controle de alergias oculares, e o uso de lentes de contato r�gidas, para melhora da vis�o e focaliza��o adequada das imagens.
Outra alternativa de terapia � o chamado crosslinking, que consiste na aplica��o de radia��o ultravioleta com riboflavina (um tipo de vitamina). "� a cirurgia mais precocemente realizada, aplicada para estabilizar e aumentar a rigidez do tecido corneano e impedir que o ceratocone continue progredindo", ressalta Raul Dam�sio.
O grande problema do ceratocone � que, com o afinamento crescente e a distor��o do formato da c�rnea, acontece uma piora progressiva da vis�o, o que, em quadros mais avan�ados, n�o pode ser mais amenizado com �culos ou lentes de contato. Nos casos em que h� uma escalada da doen�a, s�o indicados tamb�m tratamentos cir�rgicos, como o implante de an�is intracorneanos. "S�o implantes de segmentos em acr�lico introduzidos na c�rnea para regularizar o seu relevo, sua curvatura e, consequentemente, a qualidade da vis�o. Em casos mais graves, a c�rnea pode se tornar t�o fina que acaba sendo necess�rio o transplante", diz Raul.
O ceratocone n�o induz a perda da vis�o, mas deve ser convenientemente tratado. "Mesmo os casos mais graves t�m tratamento. A doen�a n�o leva � cegueira absoluta, pois acomete somente a c�rnea do paciente, que pode ser 'trocada'. Ap�s um per�odo de evolu��o, o ceratocone geralmente estabiliza, sendo importante o seu diagn�stico precoce para o melhor controle da doen�a, a fim de preservar a qualidade da vis�o", reitera Ana Maria.
Recomenda��es importantes sobre o ceratocone:
- Crian�as e adolescentes devem consultar regularmente o oftalmologista, sobretudo se existem casos de ceratocone na fam�lia
- O diagn�stico precoce � fundamental para controlar a progress�o da doen�a e preservar a acuidade visual
- Algumas medidas simples ajudam a diminuir a vontade de co�ar os olhos, como: usar col�rios lubrificantes (l�grimas artificiais) se os olhos estiverem ressecados, aplicar compressas frias ou geladas nos olhos, lavar p�lpebras e c�lios com xampu de PH neutro e soro fisiol�gico
Fonte: Neo Oftalmologia - Unidade Vila da Serra